Aconteceu! A primeira noite de desfiles do grupo especial do Carnaval do Rio foi repleta de emoção e beleza. Ao todo, 7 escolas passaram pela Sapucaí: Estácio de Sá, Viradouro, Mangueira, Tuiuti, Grande Rio, União da Ilha e Portela. As escolas que mais agitaram as arquibancadas foram Mangueira, Grande Rio, União da Ilha e Viradouro.
Como já era esperado, a atual campeã Mangueira foi um dos grandes destaques da noite e levou todos a refletirem sobre o mundo intolerante que Jesus encontraria, nos dias de hoje. Em um de seus carros, a escola representou um jovem Jesus negro crucificado e também fez referências a indígenas, mulheres e membros da comunidade LGBT, num grande pedido de respeito às diferenças.
A Grande Rio também fez bonito e contou a história do pai de santo Joãozinho da Gomeia. Embora tenha tido alguns problemas técnicos, a escola impressionou com a beleza de suas alegorias e o grande destaque foi a volta de Paolla Oliveira como rainha de bateria, que após 10 anos voltou à frente da escola, brilhando como Cleópatra e levando o público ao delírio.
A União da Ilha do Governador retratou as dificuldades vividas nas comunidades cariocas, através da ótica de uma mulher negra grávida, que espera um futuro melhor para seu filho. Em suas alegorias, a escola trouxe elementos que representavam essas dificuldades e apontavam para educação e cultura como chave para o progresso. Embora tenha extrapolado o tempo de desfile e tenha tido grandes problemas técnicos, a escola fugiu do óbvio e surpreendeu muito, agitando as arquibancadas. A rainha Gracyanne Barbosa deu um show de simpatia junto à bateria, encenando professores e alunos num forte e emocionante pedido de paz.
A Viradouro levou Salvador para a Sapucaí, exaltando mulheres negras da capital baiana. O show começou pela comissão de frente, onde a atleta da seleção brasileira de nado sincronizado Anna Giulia mergulhava em um grande aquário de vidro, impressionando o público presente. A escola pintou a avenida com um show de cores vibrantes em alas bem alinhadas e animadas.
Conversei com Beatriz Ferraz, moradora de São Paulo. Salgueirense de coração, Beatriz comentou que esteve na Sapucaí pela primeira vez em 2019 e que se encantou com a nova fase da Mangueira, pois se sente representada pelas mensagens políticas que a escola traz à avenida. Em sua roupa, a frase “rosto negro, sangue índio, corpo de mulher” fazia alusão ao samba-enredo mangueirense, que mais uma vez embalou a multidão que cantava emocionada.
Texto por Lucas Eibs – Colunista Convidado #DiariodoRioFolia