Do luxo ao lixo; quadra da praia de Copacabana vira latrina a céu aberto

Problema começou na Dias da Rocha, mas foi "transferido" para uma localização ainda mais nobre, colada à praia, onde foi instalada verdadeira indústria clandestina de reciclagem

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Enquanto Copacabana está às vésperas do verão e de mais um fim de ano que promete atrair turistas do mundo inteiro, o bairro ainda concentra, em meio à calçada de ruas principais, um verdadeiro lixão a céu aberto, onde catadores de lixo e moradores de rua seguem promovendo a bagunça sem ser incomodados, enquanto passam a noite inteira aos berros e fazendo barulho enquanto selecionam o fétido lixo colhido durante o dia, isso tudo junto a um hotel 5 estrelas.

O flagrante feito recentemente trata-se de um problema recorrente entre as ruas Xavier da Silveira, bem na esquina com Aires Saldanha, uma rua paralela à Avenida Atlântica, colada ao renomado hotel Othon Palace. O problema tem ocorrido desde a mudança do “Centro de Reciclagem” informal que funcionava clandestinamente na Rua Dias da Rocha, que atravessou gestões como point de lixão a céu aberto desde o ex-prefeito Marcelo Crivella: animados com a permissividade e o caos que se instalou no bairro, os catadores de lixo resolveram instalar seu ‘complexo fabril’ para mais perto do mar. “A Aires Saldanha virou uma Central de Lixo, com catadores urinando defecando, usando drogas e ameaçando moradores. Ficam fixos aí…igual em Bangladesh, moram e vivem nas ruas”, relata um morador que não quis se identificar, com medo de represálias dos recicladores clandestinos. “São gritos e bater de latas durante a noite inteira. Eles amassam latas com pedras e se chamamos atenção porque queremos dormir, somos ameaçados”, diz Heloísa Souto, moradora das redondezas. Ela explica que as kombis que funcionam como ferros velhos itinerantes coletam tudo que os catadores selecionam – sem contar o que arrancam de prédios, postes e monumentos – e são alimentadas pela atividade, que torna uma área residencial em uma espécie de indústria de reciclagem informal.

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Problema já foi relatado pelo DDR, em Abril, incomodando pedestres e vizinhos em um dos endereços mais turísticos do Rio

Em abril, o DIÁRIO DO RIO já tinha chamado atenção sobre o mesmo ponto em uma matéria que tratava da desordem em todo o bairro, mas, segundo moradores, o problema segue sem solução. “O bairro tem se desvalorizado e perdemos valor de mercado para outros como Botafogo. É uma vergonha”, indigna-se uma idosa enquanto passa pelo local. Moro a poucos metros da praia, com vista e odor para vários sacos desses. Que ironia é viver aqui“, completa. Síndico de um Edifício nas proximidades, Cláudio André deixa claro sua indignação: “Se temos um lixão quase em frente à praia, imagine o que estás autoridades estão deixando acontecer nas áreas menos turísticas da cidade.”

Presidente da Sociedade Amigos de CopacabanaHorácio Magalhães, diz que a atividade que deveria ser positiva ao ambiente e à sustentabilidade, na verdade, sobrecarrega a Limpeza Urbana. “Essa atividade sendo feita dessa forma desorganizada, arrebentando os sacos de lixo dos condomínios, espalhando sujeira na calçada, dando ainda mais trabalho para o caminhão da Comlurb, que além de recolher o lixo tem de limpar a calçada, atrasando a coleta domiciliar. Além da bagunça promovida em vários pontos do bairro com esses sacos de lona pelas calçadas“, queixa-se.

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A Subprefeitura da Zona Sul informou que realiza, em parceria com a Gerência Executiva Local de Copacabana, ações diárias na Rua Aires Saldanha para coibir a prática irregular de acúmulo de lixo reciclável. Ressalta que na última semana teve suas equipes hostilizadas por um grupo de moradores enquanto tentava garantir a limpeza da área. Mas, solicitará a intensificação da limpeza, fiscalização e ordenamento da região e que vai entrar em contato com os síndicos dos condomínios e estabelecimentos locais solicitando apoio na resolução do problema. O subprefeito da Zona Sul, Flávio Valle, reforça que somente com o apoio da população será possível resolver a questão. “Vamos intensificar as ações no local e peço o apoio dos moradores no sentido de respeitar os dias e horários da coleta, para evitar que os resíduos fiquem nas ruas e sejam revirados pelos catadores informais” – disse, Flávio Valle.

A Subprefeitura também reforça que a Secretaria de Ordem Pública realiza ações diárias de ordenamento, desobstrução de área pública e acolhimento, em parceira com a Secretaria de Assistência Social, especialmente em áreas com concentração de usuários de drogas no bairro de Copacabana. Apenas em 2023, essas operações acarretaram na apreensão de 458 facas e objetos perfurocortantes, além de 301 materiais para uso de entorpecentes e quatro réplicas de armas. A Seop ainda lembra que devido a uma decisão do STF, é proibido o acolhimento ou internação compulsória de usuários de drogas ou pessoas em situação de rua, mas o órgão seguirá realizando ações diárias por todo o bairro de Copacabana.

Segundo a prefeitura, a Comlurb atende com o serviço de coleta seletiva 122 bairros do Rio, incluindo Copacabana. Todo o material coletado é entregue as 28 cooperativas de catadores, credenciadas à Companhia, que fazem a separação e comercializam os produtos.

Antes da publicação da reportagem, mas após ser contatada para dar informações sobre o assunto, foi feita uma operação no local visando coibir a prática j irregular.

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VIAAmanda Raiter
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Formada em Comunicação Social desde 2004, com bacharelado em jornalismo, tem extensão de Jornalismo e Políticas Públicas pela UFRJ. É apaixonada por política e economia, coleciona experiências que vão desde jornais populares às editorias de mercado. Além de gastar sola de sapato também com muita carioquice.
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3 COMENTÁRIOS

  1. Solução seria voltar a coleta de lixo no horario comercial pois muitos predios nao tem zelador durante a noite, assim sendo, colocam o os sacos de lixo no final do expediente. Piora o trânsito, mas é a solução paliativa

  2. O estado é o município só falta as autoridades ter vergonha na cara e enterra a história do RJ o 1746 não serve para nada, político só pensa em ter excesso de acessores que não conhece as leis do estado e não sobra dinheiro para investir no excencial resido em um bairro abandonado pagando imposto e meu imóvel não valendo nada.

  3. Deveria ser proibido revirar o lixo.
    Aliás, sendo que há lei e multa para quem joga lixo na rua, também deveria der enquadrado nesta lei quem revira o lixo sem deixar no estado que antes se encontrava.
    É aquilo. Lei existe. Mas quem as aplica para não saber aplicá-la…

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