Plebeia do Mar: Copa, de lixão a Woodstock Baixa Renda, o drama da mais turística praia do país

Desordem avança pelo bairro enquanto o subprefeito posa de gari de colete nas redes sociais; para moradores, "em Copacabana, o Prefeito ainda é Marcelo Crivella"

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Enquanto o subprefeito da Zona Sul, Flávio Valle, aparece nas redes sociais limpando bueiros ou melhorando o Leblon na tentativa de que o bairro queridinho da elite pareça com o representado nas novela do Manoel Carlos, o lendário calçadão de Copacabana acumula uma profunda e crescente desordem de camelôs e moradores de rua; a mendicância corre solta, junto com a venda de produtos falsificados e um sem-número de quinquilharias, além de bebidas de qualidade duvidosa. Vendedores de cangas e artesanatos, assim como produtos contrafeitos acabam resumindo o calcadão a uns poucos metros pelos quais temos que nos embrenhar pra não ter que dar de cara com os camelôs, mendigos e bêbados.

Durante a caminhada feita pra executar esta reportagem, um senhor visivelmente embriagado, magro, vomitava pelo chão, enquanto rolava de dor pelo calcadão. “Ele está aqui todo dia. Vomita e urina no chão, e dorme na porta dos quiosques todos os dias”, afirmou uma garçonete de um quiosque, que preferiu não se identificar, e completou: “conhecemos eles pelos apelidos. Tem um outro, que o apelido é papai. Ele carrega um balde e quando sente necessidades fisiológicas, abaixa as calças e defeca no balde que carrega“.

O camelódromo a céu aberto no ponto turístico mais importante da cidade ocorre até à noite e, em frente à Praça do Lido, embaixo das amendoeiras, na areia mesmo, se forma uma mini-favela com vários mendigos ao estilo “Woodstock Baixa Renda”, com direito a um colchão de casal bem no meio da rua, no melhor estilo cracolândia. “Em Copacabana, o prefeito ainda é o Marcelo Crivella. Todo o caos que ele trouxe pra cidade, por aqui, continua na mesma“, disse à reportagem Alcina Pereira, que disse ser subsíndica de um prédio na região.

A Praia de Copacabana já foi eleita o melhor praia para as férias do mundo e ficou na frente de Miami Beach. Segundo a pesquisa realizada em 2021, o bairro conta com mais de 11 mil restaurantes e bares próximo à orla, o que garantiu a boa pontuação no ranking da Bounce, empresa multinacional especialista em viagens. Além disso, os hotéis mais caros da cidade ficam na orla da princesinha do Mar, que atualmente brinda os turistas com o que o carioca acostumou-se a chamar de “rio de nojeira“.

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WhatsApp Image 2023 03 22 at 21.04.33 e1680665505749 Plebeia do Mar: Copa, de lixão a Woodstock Baixa Renda, o drama da mais turística praia do país
Calçadão tombado acumula diversos camelôs sobre as pedras portuguesas e, na areia, mendigos se instalam com direito à cama de casal por toda orla da Princesinha do Mar

Ainda na Princesinha do Mar, um idoso, que não se identificou por medo, diz Rua Aires Saldanha virou um shopping do lixo com a aglomeração de catadores na esquina com a Xavier da Silveira; algo semelhante ao Centro de Reciclagem a Céu aberto que funcionou na rua Dias da Rocha, e depois mudou-se para a frente do empreendimento da Bait, na Avenida Atlântica. Segundo a testemunha, um morador de rua aproveita a frente de duas lojas fechadas para expor o lixo e impede a circulação de pessoas por toda a calçada em plena luz do dia. No período noturno, o local vira point do tráfico de drogas; pela manhã, cedo, o bairro é invadido por Kombis caindo aos pedaços com alto-falantes que anunciam, aos berros, que compram ferros e metais: são os receptadores do que é furtado na noite anterior.

Em nota, a Subprefeitura da Zona Sul informou que a Secretaria de Ordem Pública faz apreensões diariamente na praia de Copacabana. O órgão ainda completa que, todas as noites, realiza operações de acolhimento de “pessoas em situação de rua“, que, lembrando, não pode ser compulsório devido a um Termo de Ajuste de Conduta firmado pelo Ministério Público com o município.

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Formada em Comunicação Social desde 2004, com bacharelado em jornalismo, tem extensão de Jornalismo e Políticas Públicas pela UFRJ. É apaixonada por política e economia, coleciona experiências que vão desde jornais populares às editorias de mercado. Além de gastar sola de sapato também com muita carioquice.
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10 COMENTÁRIOS

  1. Ainda inventariado a ZS:
    Calçadas esburacadas e plenamente ocupadas pelos bares e restaurantes. O pedestre e cadeirantes que se danem;
    Bicicletas, mesmo as motorizadas e motocicletas trafegam nas calçadas em velocidade, quando não na contramão;
    Quem repara os calçamentos são os porteiros e outros incompetentes para o serviço sob beneplácito dos cínicos, digo síndicos;
    O Dep. de Conservação desaparece por mais de seis anos com baixo relevos de bronze centenários (vide praça N S da Paz desde da desastrosa desadministração Crivelesca);
    Cães correm livres, defecam e urinam nos gramados onde correm crianças descalças (também mendigos) sem reação dos guardas que manuseiam descançadamente seus celulares;
    Capina e limpeza é raríssimo e replantio, nem se cogita;
    Nos lagos boiam garrafas etc, imaginem os resíduos que estão no fundo;
    Aparelhos de ginástica e brinquedos infantis quebrados e perigosos;
    ….onde estão as saracuras do Mestre Valentim e a escultura do Calder do Parque das Esculturas?
    A estrutura da cobertura do Metrô da Siqueira Campos está corroída de ferrugem e cairá brevemente…..
    Chega por aqui ou querem mais????
    Nos lagos boiam garrafas e outros resíduos. Os

  2. Copacabana melhorou. O problema está sendo empurrado para outros bairros como o Catete, Flamengo e Glória. Essa é a questão! Não se vai acabar com as pessoas na rua se não existirem abrigos para acolher os idosos, cadeia pra prender os oportunistas, escola para acolher os jovens. Não basta posar de gari. A prefeitura tem que trabalhar! Cadê? Não vejo propaganda de construção de abrigos. De reestruturação familiar, que permita as pessoas em situaçao de rua a voltarem para suas famílias, o acolhimento e tratamento de animais abandonados. Não vejo nada disso.

  3. O artigo faz um retrato realista do caos na orla de Copacabana, que é reflexo do caos na cidade e assim por diante. Políticas públicas urbanas não podem focar isoladamente em um bairro ou região, ou provocarão uma mobilidade do problema no modelo gentrificação (não é o mesmo, tecnicamente, apenas a título explanativo). Mas confesso não ter entendido Woodstock Baixa Renda, já que Woodstock foi um caos baixa renda, com muitos hippies, sem banheiro, muita lama, sujeira e bagunça. Só tinha boa música.
    Os comentários são os melhores. De ideologias políticas que não cabem no tema a preconceitos (socialismo MORENO) que afirmarão não ser preconceito, tudo impressiona. Enquanto isso, o Rio de Janeiro continua lindo (desculpem, estava sem meus óculos e a memória afetiva me traiu).

  4. Essa prefeitura que só fez carnaval e política, fora ajudar a eleger um descondenado, por isso que está.os desse jeito e tem gente que aí da vota nesse prefeito.

  5. Resultado das políticas econômicas adotados nos últimos anos. Tudo tem sua consequência. Do alto das coberturas da Vieira Solto não dá pra ver isso. É lá que ficam os responsáveis por tudo isso.

    • Consequência da qualidade dos “pulhas” colocados para comandar.
      Votei a 1a. Vez em 1982. Não votei em Brizola, mas dai, instalou-se a praga do Brizolismo, porém, isso não quer dizer que “moreirismos” tenha sido bom.
      Bem, vieram juntos M.Alencar, C.Maia (o homem do Rio Cidade) e seus discípulos. Tornando o Estado e a Capital, exemplos de fracassos. Não precisa nenhum sociólogo ou antropólogo para constatar.
      Vale lembrar os governos eleitos desde 82:
      Brizola (Socialismo Moreno)
      Moreira (Sem definição para isso)
      Brizola (lamentável retorno)
      M.Alencar(Só não foi preso por faltar tempo)
      Garotinho (Preso)
      Benedita (Lamentavel)
      Garotinha
      S.Cabral (Preso)
      Pezão (Predo)
      Witzel (Jubilado)
      Claudio Castro (Está na borda do envelope)

      Fora as Lamentáveis Prefeituras que culminou com o retorno do DuduPaespalho e sua Trupé da “Experiência Administrativa”. Para resumir, o centro do Rio foi apelidado de “Gothan City”.
      O transposte urbano é uma lástima
      A Saúde, sem comentarios
      – Segurança? Bem as vitimas da Sociedade já não tem mais vergonha de usar Tornozeleira Eletrônica
      – 40 anos de pura safadeza e ineficência. Ops..desculpe! Foram eficientes no estrago causado. Bem eficientes por sinal

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