Ediel Ribeiro: Biratan, um traço no tempo

Biratan tinha talento para o desenho e para a música e usou os dois para fazer amigos

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Biratan tinha talento para o desenho e para a música e usou os dois para fazer amigos.

Éramos amigos virtuais há muitos anos, até que nos encontramos aqui no Rio de Janeiro, quando ele passou uns dias, entre Rio e Niterói, visitando, batendo papo e bebendo com um punhado de cartunistas cariocas.

Ubiratan Nazareno Borges Porto, ou ‘Biratan’, como ele assinava, nasceu em Castanhal, Belém do Pará, em 29 de outubro de 1950. Formou-se em jornalismo em 1978, na Universidade Federal do Pará (UFPA), onde também fez Publicidade e Propaganda.

O artista iniciou a carreira em 1972, no jornal “O Liberal”. A partir de 1978, passou a publicar diariamente, suas charges no jornal “A Província do Pará”. No mesmo ano, Biratan passou a ter seus trabalhos publicados nos jornais, “O Imparcial” – MA; “Jornal do Comércio” – AM; “Correio Braziliense”; “O Pasquim”; “Diário da Noite” – SP; “Nanico” e “Pop” – tablóide mensal de Belém.

Biratan era um artista completo. Além de cartunista, era músico, compositor, escritor e poeta. Bandolinista dos bons, o paraense foi um dos incentivadores do ‘chorinho’, gênero de música popular instrumental muito difundido no Pará.

Chargista premiado no Brasil e no exterior, ao longo da carreira, Biratan recebeu 23 prêmios, sendo três no exterior, em países como, Argentina, Suíça e Bélgica. No seu currículo constam ainda prêmios em exposições em Piracicaba (São Paulo), Caratinga (Minas Gerais), Rio de Janeiro, Teresina (Piauí)e Recife (Pernambuco), entre outros.

O artista paraense publicou mais de dez livros, entre eles: “Pacto no Tucupi” – charges, 1981; “Suingue,Suor e Lábias” – humor erótico, 1988; “Biratan verde de Raiva” – humor ecológico, 1991; “Soltando as Hienas” – cartuns canalhas, 1993; “Sexo, Sexy, Seculorum” – cartuns eróticos,1999; “Cadê o Verde que estava aqui?” – livro ecológico infantil, 2004; “O Verde no Vermelho” – cartuns ecológicos, 2004; “Caricaturas de Letra” – 2011; e “Biratan, Um Traço no Tempo – 40 anos de humor & Artes visuais”, 2020.

O cartunista criou para a “TV Globo” cinco vinhetas animadas – as chamadas ‘PlimPlim’. Criou e dirigiu também o roteiro do filme de animação em 3D “Cadê o Verde que estava aqui?”

Biratan foi o idealizador do ‘Salão Internacional de Humor da Amazônia’, onde teve como parceiro na realização o também cartunista, J. Bosco, em dez edições, de 2008 a 2018.

Biratan, ao lado de J. Bosco e Paulo Emanuel, formavam o triunvirato do humor crítico no Pará. O trio usava o cartoon e a charge para fazer críticas relacionadas a questões ambientais e sociais.

J. Bosco, que era amigo do cartunista, comentou em “O Liberal”: “Biratan foi minha maior escola no desenho de humor desde a minha chegada na antiga ‘A Província do Pará’, na década de 80. Fomos parceiros em tudo, encontros um na casa do outro pra falar de humor, música, cinema e salão de humor. Cresci no jornal editando junto com o Bira páginas e colunas de humor. Fizemos livros juntos, exposições de caricaturas, em Belém e no Rio. Biratan me convidou para compor o ‘Salão de humor da Amazônia’, que durou 10 anos. Um marco na história do humor paraense. Hoje o Pará perdeu seu maior cartunista e eu perdi mais um amigo de traço.”

O cartunista, que lutava há alguns anos contra um câncer, morreu na manhã desta quarta-feira (10), na cidade de Castanhal, onde nasceu. Biratan deixa um neto e os filhos Naira, Tomás e Adelmo.

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Jornalista, cartunista, poeta e escritor carioca. É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG) e Diário do Rio (RJ) Autor do livro “Parem as Máquinas! - histórias de cartunistas e seus botecos”. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) dos romances "Sonhos são Azuis" e “Entre Sonhos e Girassóis”. É também autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty", publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ), desde 2003, e criador e editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!"

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