Conheci Laerte, em São Paulo, na “Circo”, editora do Toninho Mendes, quando ele ainda era “o Laerte”.
Tempo depois, tornei a vê-lo na Rio Comic Con, um evento que reunia quadrinhos e cultura POP, em novembro de 2010, na Estação Leopoldina, no Rio de Janeiro. Ele já era “a Laerte”.
Semana passada, fiquei sabendo, através de seu filho, o quadrinista Rafael Coutinho, que a cartunista está internada devido a complicações com a Covid-19.
Aos 69 anos, a cartunista está hospitalizada desde o dia 21 de janeiro no Incor. Dia 26 ela foi transferida para a UTI. De acordo com Rafael, ela está fazendo fisioterapia respiratória. “Ela segue consciente e comunicativa. O estado de saúde dela não é grave, mas requer cuidados mais rigorosos”- disse, Rafael.
Laerte Coutinho ou simplesmente Laerte, como ela assina, é, com certeza, uma das artistas mais importantes do cartum e da charge no país. Nasceu em São Paulo, no dia 10 de junho de 1951.
Em 1969, começou a cursar jornalismo na Universidade de São Paulo mas não chegou a concluir o curso.
Começou profissionalmente na década de 1970, desenhando o personagem Leão para a revista “Sibila”. Ainda nos anos 70, fundou, junto com Luiz Gê, a revista “Balão”.
Em 1974, fez seu primeiro trabalho para o jornal, “Gazeta Mercantil”. Trabalhou ainda nos jornais “Folha de São Paulo”, “O Estado de São Paulo”, “O Pasquim”, e também colaborou com as revistas “Placar”, “Veja” e “Isto É”.
Criou diversos personagens, como os “Piratas do Tietê” e “Overman”. Com Angeli e Glauco (e participação especial do Adão Iturrusgarai) desenhou as tiras “Los Três Amigos”.
Ainda em 1974, ganhou o primeiro prêmio no 1.º Salão Internacional de Humor de Piracicaba, com a charge “O Rei Estava Vestido”.
No fim da década de 1980, publicou tiras e histórias em quadrinhos nas revistas “Chiclete com Banana” (editada por Angeli), “Geraldão” (editada por Glauco) e “Circo”, todas da Circo Editorial, que mais tarde lançaria sua própria revista: “Piratas do Tietê”.
Laerte também atuou como roteirista, na TV e no cinema. Escreveu scripts para os programas humorísticos TV Pirata e Sai de Baixo, da Rede Globo. Escreveu o programa infantil TV Colosso e o script de cinema para Super-Colosso: A Gincana da TV Colosso.
Em 2005, perdeu um de seus três filhos, Diogo, então com 22 anos, num acidente de carro.
Em 2012, teve a residência roubada, e muitas de suas obras que estavam digitalizadas também foram levadas.
Ainda em 2012, optou pela prática pública do crossdressing, identificando-se como transgênero. Tornou-se co-fundadora de uma instituição voltada a pessoas com essa nuance de gênero, a ABRAT – Associação Brasileira de Transgêneras.
Hoje, todos nós que somos fãs e admiradores do trabalho da cartunista estamos aqui torcendo por sua recuperação.
Você ainda vai rir muito disso, Laerte.