Ediel Ribeiro: Ricardo Boechat, um jornalista

Colunista do DIÁRIO DO RIO fala sobre o Ricardo Boechat, que teria completado 70 anos nesta semana. O jornalista morreu em 2019, em uma queda de helicóptero

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Já escrevi aqui, neste espaço, sobre grandes jornalistas: Paulo Francis, Tarso de Castro, Octávio Ribeiro, Tim Lopes, João Saldanha e Albeniza Garcia, entre outros. Hoje, vou falar de outro ícone do jornalismo brasileiro: o jornalista Ricardo Boechat.

Falecido no dia 11 de fevereiro de 2019, na queda do helicóptero que o trazia de Campinas para São Paulo, depois de uma palestra realizada na cidade do interior paulista.

Filho de um diplomata brasileiro e de uma argentina, nasceu na capital argentina, enquanto o pai estava a serviço do governo brasileiro.

Mesmo tendo nascido em Buenos Aires, era brasileiro de coração e carioca de alma.
Conheci Boechat na praia do Leblon, em frente a rua José Linhares, na rede onde seu filho joga futevôlei com o meu. Falamos sobre jornalismo, sua paixão.

Boechat iniciou a carreira no extinto “Diário de Notícias”, na década de 70. Ainda nessa época, colaborou como colunista na coluna social de Ibrahim Sued.

Em 1983, foi para o jornal “O Globo”. O jornalista, com sua coluna no jornal da família Marinho, a mais lida do jornal, logo transformou-se num dos mais influentes jornalistas do país.

Em 2004 mudou para o grupo Bandeirantes de Comunicação onde trabalhou no “Jornal da Noite”, “Jornal da Band” e na “BandNews FM.

Além do “O Globo”, trabalhou ainda nos jornais “O Dia”, “O Estado de São Paulo”, no “Jornal do Brasil” e na revista “Isto É”.

Com presença marcante no jornal, no rádio e na TV, Boechat logo se tornou uma das principais figuras do jornalismo brasileiro.

Mesmo com a mudança para São Paulo, o jornalista continuou apresentando o jornalístico local do Rio de Janeiro, diretamente dos estúdios na capital paulista.

Ganhou diversos prêmios de jornalismo: Prêmio Esso (1989, 1992 e 2001)
Prêmio Comunique-se: (2006, 2007, 2008, 2010, 2012, 2013, 2014 e 2017)
Jornalista mais admirado do país, junto com a jornalista Miriam Leitão (2014 e 2015), Troféu Imprensa (Melhor Apresentador de Telejornal) (2016), Prêmio Contigo! Online (2018), entre outros.

Era um jornalista polêmico e controverso. Participou de reportagens polêmicas como a que denunciava a guerra pelo controle das companhias telefônicas no Brasil e lhe valeu a demissão do jornal “O Globo” e da “Rede Globo”, onde tinha uma coluna no “Bom Dia Brasil”.

Denunciou o escândalo de quebra de sigilo do painel do Senado Federal, revelando que a Senadora Heloísa Helena teria traído o Partido dos Trabalhadores, em votação que cassou o mandato do senador Luís Estevão.

Em 2015, Boechat e o pastor Silas Malafaia protagonizaram uma discussão de grande repercussão. Na ocasião, o jornalista decidiu comentar em seu programa na rádio Band News FM, sobre a onda de crimes causada pela intolerância religiosa.

Malafaia sentiu-se ofendido e, através do Twitter, escreveu que o jornalista estava falando asneira e também o chamou de idiota.

Ao ver as mensagens do pastor, Boechat resolveu responder às acusações ao seu modo: “Malafaia, vai procurar uma rôla. Você é um idiota, um paspalhão, pilantra, tomador de grana de fiel, explorador da fé alheia.”

O jornalista era assim, não media as palavras, falava o que pensava. Boechat faz muita falta. Pela sua coragem, seu senso crítico, de justiça, e seu completo e absoluto destemor.

Faz falta ouvir sua voz no rádio e na TV esculhambando essa cambada de corruptos e incompetentes que dirigem nossa cidade e o nosso país.

Os Bolsonaros, os Crivellas, os Malafaias, os Paes, os Wajngartens, os Cabrais e todos os outros dessa corja, devem estar felizes com sua partida.

Descanse em paz, companheiro! Nós, os poucos jornalistas que ainda nos indignamos com essa quadrilha de políticos corruptos e incompetentes continuaremos a nos indignar.

Eu sei que onde você estiver, com certeza, estará pedindo: “Toque o Barco”.

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Jornalista, cartunista, poeta e escritor carioca. É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG) e Diário do Rio (RJ) Autor do livro “Parem as Máquinas! - histórias de cartunistas e seus botecos”. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) dos romances "Sonhos são Azuis" e “Entre Sonhos e Girassóis”. É também autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty", publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ), desde 2003, e criador e editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!"

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