“Tem gente que deveria ser ‘imorrível’. Rogerio era uma delas.” (Ediel)
Rio – Jaguar dizia que sua coluna, no saudoso jornal ‘A Notícia’ estava parecendo mais um obituário, tantos eram os amigos que morriam.
A minha, aqui no ‘Diário do Rio’, também.
Ainda nem tínhamos parado de chorar a morte do cartunista Frank Maia, e ficamos sabendo do falecimento de Rogerio Tadeu, outro talentoso cartunista.
Rogerio – assim mesmo, sem o acento – foi arquiteto, funcionário da antiga Telerj e cartunista. Como arquiteto, seu habitat era a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Silva e Souza. Como cartunista, vivia nos bares e nas redações, onde se sentia em casa.
Influenciado pelos cartunistas Henfil e Jaguar – seu traço era uma mistura dos dois – publicou no ‘Pasquim’, ‘O Dia’ e no jornal ‘A Tarde’ , entre outros. Criou, junto com os cartunistas Amorim, Nani, Mayrink, J. Bosco, Ykenga, William Medeiros, Magon, Alves e o jornalista Luiz Pimentel, o jornal de humor ‘Mais Humor’.
Era um grande quadrinista. Com textos de Luiz Pimentel, criou e publicou, por mais de cinco anos, a tira de história em quadrinhos ‘Mão Estendida’, no jornal ‘A Tarde’, de Salvador. O ‘Mão’ foi seu personagem de maior sucesso. A tirinha gravita em torno do ‘Mão’, um aposentado de barba por fazer e barriga protuberante cujo mundo gira em torno do banco de uma pracinha que ele frequenta com seu vira-lata – provavelmente inspirado em seu cão ‘Mojico’.
Rogerio adorava o futebol. Torcedor fanático do Vasco da Gama, criou a tirinha esportiva ‘Peladas & Furadas’, onde um fracassado treinador veterano dava conselhos nada ortodoxos aos seus comandados.
Era também um exímio caricaturista. Fez várias. A sua caricatura do sambista Nelson Sargento é, certamente, a melhor do mangueirense. Uma ‘pintura’ que Nelson Sargento, que também era artista plástico, assinaria com orgulho.
Era um sujeito bom de papo. Sempre com aquele sorrisão que parecia um personagem das suas tirinhas. Para o cartunista André Brow o amigo era ‘o arquiteto do cartum’.
Eu gostava muito de conversar com ele. Nos nossos encontros, sentávamos eu, Rogerio e o Nani para beber, falar de cartum, jornais e piadas.
Nosso último encontro foi em um boteco na Lapa, na noite de lançamento do oitavo número do ‘Mais Humor’. Se soubesse que era uma despedida, teria tomado um grande porre com ele.
“Bernard Shaw dizia que a maior anedota é a verdade”, escreveu, o cartunista Nani – outro que nos deixou prematuramente – em um editorial do jornal “Mais Humor”.
Mas a ‘verdade’, tem sido dura demais, com os humoristas.