Edifício ‘A Noite’: imóvel histórico será posto em venda direta com 25% de desconto

Diferentemente dos leilões anteriores, a primeira proposta válida comprará prédio por R$28,9 milhões

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Foto Cleomir Tavares/ Diario do Rio

O edifício A Noite não apresentou interessados na nova concorrência pública realizada na última sexta-feira, (02/09), e em decorrencia da falta de compradores, a antiga sede da Rádio Nacional, no Centro do Rio de Janeiro, será posta em venda direta com 25% de desconto. O prédio será ofertado por R$ 28,9 milhões no próximo dia 22, às 15h, no site VendasGov. O fato já era esperado.

O edital será publicado na próxima sexta-feira, (09/09) e a partir daí, todas as informações sobre o imóvel estarão disponíveis no Portal VendasGov. Só poderão fazer o pedido de compra a pessoa física ou jurídica com login e cadastro feito no Portal Gov.br.

A Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União do Ministério da Economia (SPU) entrará com o comprador em até 15 dias corridos após o registro da solicitação.

Diferentemente das etapas anteriores, com uma concorrência em que a maior oferta levava o lote, a venda direta permite a compra pelo primeiro interessado a apresentar uma proposta válida. Essa modalidade foi regulamentada por uma portaria, editada em junho. Pela regulamentação, qualquer imóvel poderá ser ofertado pela modalidade de venda direta após dois certames sem sucesso. Os leilões podem ser frustrados pela falta de interessados, pela apresentação de propostas inválidas ou pela inabilitação de concorrentes.

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Neste ano, o edifício A Noite foi posto à venda duas vezes pela Proposta de Aquisição de Imóveis, quando qualquer pessoa, física ou jurídica, pode apresentar propostas de compra de ativos da União. Na primeira concorrência, em 22 de agosto último, a sessão chegou a ser suspensa após dois licitantes terem sido inabilitados por falta do comprovante do recolhimento da caução. Na ocasião, a SPU fixou prazo de oito dias úteis para que a documentação fosse apresentada, mas os interessados não enviaram as informações.

A construtora paulistana Cyrela havia se cadastrado para participar do Leilão, seguindo o procedimento chamado ‘Proposta de Aquisição de Imóvel‘, em que um interessado provoca a União a vender qualquer de seus imóveis submetendo um laudo avaliação ao SPU com o valor que sugere para lance inicial no leilão. Segundo a União vinha informando pelos órgãos de imprensa, o leilão partiria do valor efetivamente submetido pelo interessado que provocou a venda. Porém, no caso do A NOITE, a União insistiu em iniciar o leilão por valor superior ao da avaliação apresentada pela Cyrela, e acabou amargando no mesmo resultado infeliz para o desenvolvimento de toda a região. A construtora havia juntado laudo de avaliação pelo valor de R$ 23.350.000,00. A União, porém, colocou o prédio em leilão – meio que inexplicavelmente – por nada menos que QUINZE MILHÕES DE REAIS a mais do que a proposta pela qual a Cyrela estava virtualmente vinculada.

No novo leilão de sexta-feira, (02/09), nenhum interessado se manifestou.

Durante o período de 15 dias de análise, a SPU verificará a conformidade das certidões negativas da pessoa física ou jurídica e começará o processo de venda. Se a proposta for considerada apta, o órgão convocará o comprador para pagamento de sinal, e, em seguida, para a assinatura do contrato de promessa de compra e venda e demais atos detalhados na Portaria nº 5.343/2022.

A Noite

O DIÁRIO DO RIO acompanhou a tentativa de venda do imóvel. Em julho, o edifico histórico, símbolo da arquitetura art déco na Praça Mauá, foi posto em leilão quatro vezes, com queda no preço do imóvel, e mesmo assim não houve compradores.

O prédio tem uma das vistas mais incríveis de toda a cidade, vislumbrando a baía de Guanabara e em frente aos badalados museus do Amanhã e MAR.

Construído em estilo art déco, o prédio de 22 andares e 102 metros de altura, foi inaugurado em 1929, levantado numa das extremidades da Avenida Rio Branco, na altura da Praça Mauá, próximo ao Porto do Rio. Inicialmente, o edifício foi sede do jornal “A Noite”, que em tempos bem anteriores a internet fazia a função de noticiar o que acontecia no final dos dias. Devido à força do nome do veículo de comunicação, o nome original da construção (Edifício Joseph Gire) caiu em desuso.

No fim da década de 1930, mais precisamente em 1937, já sem o jornal o A Noite, sediou a Rádio Nacional, que vivia a era de ouro do rádio com seus programas de auditório e novelas de rádio. Por lá passaram cantores como Sílvio Caldas, Francisco Alves e Orlando Silva, entre outros.

Em 2013, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tombou a fachada e os elementos arquitetônicos do prédio, como a escadaria em caracol. O comprador terá a obrigação de revitalizar toda a parte tombada do prédio.

Atualmente, o prédio está sem uso, embora custe mais de R$ 1 milhão por ano à União com manutenção de elevadores, segurança, brigadistas e taxas de concessionárias.

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1 COMENTÁRIO

  1. Bom, vai dar deserto novamente. Se o interessado propôs 23 milhoes e o valor do leilao é 28 milhoes… pena, se dessem gratis ja seria bom pra coletividade pela economia de custo e pelo empurrão na região do porto.

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