O jornalista Ancelmo Gois revelou hoje em sua coluna a contratação, pelo argentino Grupo Sued, proprietário do edifício mais emblemático do Centro do Rio, de uma corretora de imóveis para trabalhar a locação dos andares do edifício Serrador, separadamente. O prédio, construído em 1944 em estilo Art Déco, abrigou um dos mais famosos hotéis do Rio, passou anos abandonado, foi comprado pela rede Windsor de Hotéis em 2003, e, após uma grande reforma feita em 2009, foi inteiro alugado a Eike Batista em 2011. A edificação tem 23 andares, tudo que há de mais moderno no quesito escritórios, e faz parte do patrimônio cultural do Rio, sendo até mesmo isenta de IPTU.
A EBX deixou o edifício em fevereiro de 2014, fugindo do aluguel de 2,3 milhões mensais. Conhecido em toda a cidade como “cabeça dura“, o dono da rede Windsor, José Oreiro, insistia em alugá-lo inteiro para uma única empresa. Segundo uma matéria publicada pelo jornal O Globo, no mesmo ano, o empresário queria 3 milhões de reais de aluguel, e avaliava o imóvel em 300 milhões de reais. Reza a lenda que recusara 400 milhões de reais do então bilionário X, quando era seu inquilino.
Cai o pano. Crise no Rio e no Brasil. Olho grande não entra na China, diz o ditado. O imóvel acabou sendo vendido por cerca de 130 milhões de reais aos argentinos da família Sued no fim de 2019, fato fartamente noticiado; e se pararmos pra pensar, com o câmbio muito pior do que na época da proposta anterior. Logo após, veio a pandemia. Caos total. Alugar um prédio como o Serrador, com 21.000m2, heliponto, a paisagem do Rio de Janeiro mais bonita descortinada a todos os seus mais de 20 andares, para um único inquilino, neste momento de crise, ficou mais difícil ainda.
Os tempos são de esperança no Centro do Rio, hoje. Nasceu o projeto Reviver Centro, construtoras como a paulista Cury têm vendido como água suas (compactas) unidades residenciais na região, os grandes proprietários de imóveis comerciais na localidade comemoram o arrefecimento da pandemia – e com ela, o rápido declínio do home office – e até se juntaram numa associação que congrega as maiores empresas do Centro com intuito de promover a atração de empresas e empregos para a região. Os servidores da justiça retornaram ao trabalho no dia de hoje. Os restaurantes no Centro já começam a encher e ter filas novamente. Notícias dão conta da piora do trânsito na região – e trânsito só piora quando tem mais gente na rua.
Uma viagem ao passado, mas com tecnologia
É neste contexto que a Sergio Castro Imóveis começou agora a comercializar os andares do lindíssimo Serrador. A convite da imobiliária, estivemos no local. Sua entrada é imponente. No térreo, a luxuosa portaria com painéis em cobre retratando a Cinelândia à época da construção do edifício, piso de mármores nobres em cores diversas, pé direito altíssimo, a portentosa porta dupla de ferro trabalhado com cerca de 5m de altura, nos transportam para os anos de ouro da Cinelândia. “Edifício Francisco Serrador”. A portaria tem iluminação fornecida por um imenso lustre. Os elevadores têm o charme de um prédio novaiorquino, com o piso em mármore em mosaico formando a letra “S”.
Em qualquer dos andares, existe ampla recepção com piso em granitos multicoloridos que lembram os palacianos prédios comerciais de Londres ou Nova Iorque, mas o formato arredondado da frente do prédio torna possível vislumbrar o que há de mais bonito na nossa cidade. Ela própria e sua paisagem natural. Pão de Açúcar, Aterro do Flamengo, Praça Paris, Corcovado, Santa Teresa. E além de tudo, “o prédio é dotado dos mais modernos e sofisticados equipamentos de última geração e sistemas especiais característicos dos edifícios inteligentes”, segundo informa a Renta Engenharia, que executou a reforma do prédio.
A chance inédita de ter empresa no Serrador sem ter que alugar o prédio inteiro
Na verdade a grande inovação trazida à comercialização do prédio – que esteve pra alugar desde que a EBX saiu de lá até a venda aos novos proprietários – é a possibilidade, que agora existe pela primeira vez, de uma empresa alugar apenas pequena parte do edifício. “O que a teimosia do ex-proprietário não lhe permitia entender, até porque não era do ramo, os novos donos entendem perfeitamente, pois têm experiência no mercado imobiliário: não dá pra numa cidade ainda em crise ficar sentado pagando as contas de um prédio até aparecer alguém que pagasse milhões de aluguel por mês. O andar no Serrador, com aquela vista, é um objeto de desejo para qualquer empresário. Em frente ao VLT, junto ao metrô, ao lado do aeroporto e com 700 vagas de automóvel bem em frente, é acessível por qualquer tipo de funcionário“, disse ao DIÁRIO Rodolfo Rique, coordenador executivo da imobiliária. Rique disse que neste momento é possível alugar a partir de 2 andares juntos (1800m2), e que conforme mais locações forem sendo feitas, vai ser liberada a hipótese de alugar apenas um andar. E está otimista: “vida traz vida. Um inquilino vai chamar o outro, simplesmente porque não há nada igual em toda a cidade”.
“A possibilidade do Edifício Serrador ser utilizado andar por andar e não mais como edifício inteiro, ou de uso exclusivo, significa um valor urbanístico muito positivo, pelo fato de propiciar aumento considerável no fluxo de pessoas na Cinelândia. Convertendo-se em um edifício multi-uso, o Edifício Serrador se converte também em energia propulsora do Centro do Rio“, afirmou, esperançoso, o ‘super secretário’ municipal de Planejamento Urbano, urbanista Washington Fajardo, idealizador do projeto Reviver Centro, que traz grandes incentivos a quem investir na região, além de estar promovendo grandes operações para restabelecer a ordem no espaço público na localidade, atraindo não só empresas, mas também moradores que virão com a conversão de prédios antigos em residências, assim como com a construção de novos condomínios.
A Fajardo faz coro Marcelo Haddad, da Rio Negócios, que preside a Aliança Centro. “Uma propriedade como o edifício Serrador, viabilizando sua ocupação através da locação de andares, ao invés do prédio inteiro, será um fator diferenciado para atração de novas empresas para o centro da cidade.” A Aliança reúne algumas das maiores empresas da cidade, além dos maiores proprietários de imóveis comerciais do Centro, como o Opportunity, a São Carlos Empreendimentos e outros.
Presidente do Instituto Art Déco Brasil, o marchand Márcio Roiter, maior especialista no estilo arquitetônico do Serrador, se empolgou com a informação de que o prédio poderá agora ter novos – e múltiplos – inquilinos. “Até o Cristo Redentor é Art Déco, e o Edifício Serrador simboliza a presença desta arquitetura no Rio. É um daqueles prédios icônicos do Rio onde arquitetura e história se misturam intimamente. O empresário Francisco Serrador era um ‘mogul’ da exibição de filmes; rei da Cinelândia, trouxe o cachorro quente pro Brasil e este prédio é o maior símbolo desta era de ouro“.
Informações de mercado dão conta de que a empresa Águas do Rio, por exemplo, alugou no fim do ano passado um andar inteiro no edifício Linneo de Paula Machado, na Almirante Barroso, por cerca de 50 mil reais de aluguel. Este andar tem a mesma metragem, praticamente, de um andar do antigo e saudoso hotel da Praça Mahatma Gandhi, 14. Se estivesse disponível à época, será que não preferiria um andar no prédio de 1944?
O diretor de locação comercial da Sergio Castro, Lucio Pinheiro Buenos Ayres, reafirmou o que foi dito em recente matéria do DIÁRIO sobre o aumento da demanda por imóveis corporativos de alto padrão. “Com a grande vacância causada pela crise econômica e pela pandemia, todos os imóveis baixaram de preço, inclusive os de alto luxo e tecnologia. Então, com valores que anteriormente colocariam uma empresa num edifício médio, hoje se consegue um prédio de categoria AAA“. Pinheiro disse que este bastante animado com o trabalho de promoção da locação dos andares do antigo hotel. “A procura hoje é de prédios de luxo com valores competitivo. E o Serrador é mais que um prédio de luxo. É mais que um prédio com vista. É um edifício comercial de altíssimo gabarito com unidades disponíveis para locação por R$ 55,00 por metro quadrado. É muito competitivo. Sem contar que sua posição no Centro é praticamente na Zona Sul, na cara do aterro“. O corretor disse que sua empresa tem se especializado em imóveis com características especiais e históricas, e disse que terá outras opções em prédios tão famosos quanto o Serrador, para quem precisar de espaços menores. E garantiu: “com a mesma vista“.
A Cobertura Duplex do icônico edifício é de fazer inveja a qualquer grande empresário. Vale a visita. Com cozinha industrial, acesso fácil ao heliponto, a sala que foi de Eike Batista tem uma das mais fantásticas varandas de toda a cidade. Em “u”, a varanda possibilita uma visão plena tanto da Cidade, como da Avenida Rio Branco, da Lapa, do Parque do Flamengo e até de Niterói. É de cair o queixo. Quem se candidata?
Edifício Francisco Serrador
Comercialização – Sergio Castro Imóveis / Depto. de Locação Comercial
Telefone: 21-2272-4400
Whatsapp: 21-99628-3401
E-mail: serrador@sergiocastro.com.br
TBM HAVIA TIDO UMAS IDEIAS E TENTEI CONVERSAR (ENVIEI MENSAGENS NA INTERNET) COM ALGUMAS EMPRESAS BRASILEIRAS…
SE TIVER VAGA DE TRABALHO NA EMPRESA Diário Do Rio…
O centro do Rio acabou, apesar do falso otimismo da “matéria” (isso aqui não é jornalismo, né?). E o home office continua firme e forte.
Ótima iniciativa da Sérgio Castro.
Que outros façam o mesmo!
O título da matéria leva ao entendimento equivocado de que alguém teria alugado o edifício. Nada disso… vão pôr para alugar andar por andar. Anunciado para locação o imóvel já era há anos, só que para um um único inquilino.
por essa grana toda para alugar, vai precisar de muita sorte.
o centro do rio é o melhor do Brasil! Bola pra frente que vai melhorar! Viva o centro do Rio!
” A edificação tem 23 andares, tudo que há de mais moderno no quesito escritórios, e faz parte do patrimônio cultural do Rio, sendo até mesmo ISENTA DE IPTU”. O Ministerio Publico tinha que fazer um levantamento na Prefeitura do Rio. Enquanto um edificio desse numa área nobre não paga IPTU, o prefeito Eduardo Paes mandou engrossar os carnes do IPTU pras zonas norte e Oeste da cidade. É o pobre pagando IPTU pro rico.
O Centro continua vazio, está muito longe do que era antes da pandemia. O trânsito só fica ruim basicamente na Primeiro de Março pela manhã, por causa da faixa exclusiva de ônibus. Os restaurantes ficam com filas porque agora são poucas as opções, a maioria fechou. Não existe mais Happy Hour no Centro. A maior parte das pessoas que trabalham no Centro é funcionário público. É muito otimismo conseguir alugar um andar inteiro desse prédio.