Edmar Santos diz ter sofrido ameaças na cadeia e revela choque de interesses no governo

Ex-secretário de Saúde de Wilson Witzel, que firmou colaboração com o Ministério Público Federal

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Edmar Santos, ex-secretário de Saúde do RJ - Foto: Eliane Carvalho/Governo do Estado

O ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro, Edmar Santos, revelou, em depoimento que faz parte do acordo de delação, ter sofrido ameaças durante o período em que esteve preso em Niterói, Região Metropolitana do Rio, em uma cadeia exclusiva de policiais.

As afirmações constam do acordo de colaboração firmado com o Ministério Público Federal (MPF) e homologado esta semana pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Edmar Santos afirmou que sofreu pressão enquanto esteve preso para informar se tinha fechado algum tipo de acordo de delação. Segundo ele, um sargento — que também estava preso — tentou por diversas vezes obter informações sobre colaboração premiada.

O ex-secretário revelou que o sargento dizia ser próximo ao deputado Marcio Canella, do MDB, e a outros políticos. Edmar disse que não acredita que as perguntas foram motivadas por mera curiosidade, pela frequência com que foram feitas.

Edmar relatou também que um policial que trabalhava no presídio avisou que ele deveria trocar de advogado. Esse policial afirmou ainda que caso obedecesse, “o grupo não o abandonaria”.

O ex-secretário disse acreditar que o recado tenha vindo do grupo do Pastor Everaldo. Everaldo é o presidente nacional do PSC, o partido do governador Wilson Witzel, e foi candidato à Presidência, em 2014.

Edmar Santos foi preso no mês passado após uma operação do Ministério Público Estadual em uma operação que investigava fraudes na compra de respiradores. Acabou solto há uma semana, a pedido do MPF, porque se tornou um colaborador da Justiça.

Edmar Santos afirmou também que a Organização Social Idab empregava funcionários indicados por parlamentares.

O Idab é responsável atualmente por administrar sete unidades de pronto-atendimento no estado e geriu os Hospitais Zilda Arns, em Volta Redonda, e Anchieta, no Rio, destinados a pacientes com coronavírus.

O ex-secretário deu detalhes ainda de choque de interesses dentro da pasta. Segundo Edmar, Mariana Scardua, ex-subsecretária responsável por cuidar da gestão das Organizações Sociais, foi indicada por Ramon de Paula Neves.

Ramon foi subsecretário de Desenvolvimento Rural da Secretaria Estadual de Agricultura e seria “muito ligado ao governador e ao grupo do empresário Mario Peixoto” — que está preso suspeito de corrupção.

Edmar disse que Ramon Neves pressionava para contratação de empresas de Mario Peixoto e se queixava do controle da secretaria pelo grupo do Pastor Everaldo.

A defesa do governador Wilson Witzel disse que o comando e as ações de todas as secretarias estaduais foram confiados a seus respectivos secretários, escolhidos de forma técnica, e a ninguém mais. “Com relação à Secretaria de Saúde, o nome foi escolhido pelo conhecimento de Edmar do sistema de saúde do estado”, disse.

A defesa de Witzel disse que não tem como comentar uma delação a que não teve acesso.

O Pastor Everaldo disse que desconhece o teor da delação do ex-secretário Edmar Santos, mas reitera que está à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários.

O deputado Márcio Canella, do MDB, disse que não sabe quem é o sargento citado na delação e que nunca foi ao presídio.

Ramon Neves disse que recebe com surpresa a citação do nome dele na delação e que jamais teve qualquer conversa com Edmar Santos no sentido citado pela delação. Ramon frisou que defendeu apenas o interesse público.

A ex-subsecretária de Gestão Mariana Scardua afirmou que foi indicada por Ramon Neves para fazer a transição da área da saúde na troca de governo, em 2018.

Mariana disse que durante a permanência no cargo não tomou conhecimento de interesses políticos e de disputa no controle da secretaria de saúde. E declarou que sempre teve atuação técnica, sem interferência política.




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1 COMENTÁRIO

  1. Antigamente, o curriculo do tinha nome de pessoas q serviam de referência, agora o “cidadão”, leva uma relação prâ ele entregar na hora da delação premiada.

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