Eduardo Paes vai entregar a Lula proposta para transformar Rio em capital honorária do Brasil

Para a Prefeitura, a titulação deve reforçar a posição do Rio como a imagem do Brasil no mundo, além de ensaiar uma reparação à mudança da capital para Brasília e a fusão com o Estado da Guanabara

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Foto: Marcelo Piu (Prefeitura do Rio)

O prefeito Eduardo Paes (PSD) deve entregar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na próxima semana, um estudo defendendo que o Governo Federal baixe um decreto tornando o Rio de Janeiro a capital honorária do Brasil.

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A proposta, que foi divulgada pelo jornal O Globo, conta com o apoio de várias entidades do setor público e privado, como a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e o Visit.Rio, para os quais a medida pode alavancar o crescimento econômico da cidade.

O presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano, aposta no protagonismo histórico, geográfico e geopolítico da capital fluminense para conquistar a nomeação. Caetano acredita na aceitação de Lula, o que potencializará ainda mais a atração de grandes eventos para cidade:

O Rio tem sua carioquice, seu soft power que desenvolvemos ao longo dos anos. O título pode gerar um maior movimento para a rede hoteleira e a cadeia de serviços, que acaba também impulsionando a indústria para dar a infraestrutura necessária”, diz Luiz Césio Caetano.

Carlos Werneck, presidente-executivo do Visit Rio, tem opinião semelhante e acrescenta que o título pode consolidar o Rio de Janeiro como uma das cidades mais visitadas do mundo:

“Se concretizado, o título tem um potencial enorme de ampliar a visibilidade da cidade, atrair mais eventos, investimentos e visitantes Além disso, pode impulsionar iniciativas de preservação e revitalização de espaços históricos, fortalecendo ainda mais o trade turístico “, pontua Werneck.

Nas 61 páginas do estudo, a Prefeitura apresenta sugestões de medidas complementares ao reconhecimento do Rio como capital honorária e cidade federal. Entre elas estão a proibição da transferência de órgãos federais sediados no município; e a utilização e revitalização de bens imóveis com sede na cidade.

A Prefeitura avaliou, se a proposta que será entregue a Lula, poderia ser executada por meio de Lei e de Proposta de Emenda Constitucional (PEC). Eduardo Paes, no entanto, preferiu a execução via decreto.

Para a administração municipal, a titulação reforçará a posição do Rio como a imagem do Brasil no mundo, além de ensaiar uma reparação aos atos considerados autoritários e prejudiciais à cidade, como a transferência da capital para Brasília, em 1960, sem compensações; e a fusão dos antigos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, em 1975, durante o governo militar.

O economista Mauro Osório lembra que o historiador de arte e ex-prefeito de Roma, Giulio Argan, argumentava que nem sempre a cidade de referência de um país é a sua capital. Exemplo disso, é Nova York, cidade americana mundialmente conhecida, enquanto a capital dos EUA é Washington.

“A referência internacional do Brasil passa muito pelo Rio e continua sendo a capitalidade brasileira. E agora temos a chance de desenvolver uma reflexão regional e de defesa de temas que forem corretos sobre o Rio”, disse ele, segundo O Globo.

Fusão com a Guanabara

O estudo municipal afirma que muitos dos desafios enfrentados pela capital fluminense decorrem momentos históricos. Com a mudança da Família Imperial Portuguesa, em 1808, o Rio tornou-se o epicentro da vida nacional, o que “moldou o perfil cívico da cidade por décadas e séculos sem jamais tê-la abandonado”, segundo a Prefeitura.

A “retirada da capital do Rio de Janeiro, seguida pela forçada fusão da Guanabara com o Estado do Rio, é considerada pela literatura especializada fator determinante da decadência econômica da cidade”, argumentou a municipalidade, apontando como consequência “a falta de compensação pela perda dos fundos constitucionais que custeavam os serviços básicos da cidade”.

De acordo com o presidente do Conselho Empresarial de Habitação e Desenvolvimento Urbano, Sérgio Magalhães reforçou que o Rio de Janeiro sofre até hoje os prejuízos materiais e simbólicos da fusão com a Guanabara. Ainda de acordo Magalhães, a titulação pode ressuscitar “virtudes obscurecidas” pelos problemas enfrentados em mais cinco décadas.

“Claro que isso precisa ter desdobramentos que só o tempo vai trazer, mas pode ser um processo de reversão de um quadro de dificuldades que o Rio vive. Além disso traz um reconhecimento implícito nessa titulação. Temos muitíssimas virtudes obscurecidas por esses problemas que enfrentamos”, afirmou Sérgio Magalhães.

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8 COMENTÁRIOS

  1. Vamos separar as coisas: independente de quem está na prefeitura – Eduardo Paes (com seus problemas de gestão) ou outro qualquer – esse pleito é de todo interesse para o Rio de Janeiro. A mudança de capital para Brasília é um fato consumado, não está em questão. Porém, o Rio de Janeiro, por ter sido sede do país, conservou muitos entes federais. Além do mais, por tudo que o Rio de Janeiro representou e representa para o Brasil em vários campos – político, cultural, de beleza natural única- por tudo isso, repito, existe uma espécie de consciência coletiva – eu diria do mundo em geral – de que esta cidade é a capital do país. Por fim, um outro dado: existem vários países no mundo que têm duas capitais, isso não é nenhuma invenção de brasileiro.

  2. Que Lula deixe isso de bom legado desse terceiro mandato. Porque, independente da “Direita” que volte em 2026, a gente sabe que TODOS ELES, sem exceção, odeiam o Rio de Janeiro. Logo… vamos com tudo, Dudu Paes!

    • Mas se dependesse da esquerda todo recurso do pré-sal seria igualmente distribuido aos estados brasileiros enquanto que, graças a emenda do Senador pelo RJ, Flavio Bolsonaro, houve que maior proporção fosse para o RJ.

  3. Mas haveria mesmo de se reivindicar mais, muito mais, a indenização pelas perdas.
    Salvo engano se não me falha a memória, quando vereadora ou deputada estadual, a Clarisse Garotinho chegou fazer um estudo das perdas.
    Isso não foi à frente?
    Imagino que não sendo do interesse dos demais estados, que até roubaram do RJ pela divisão imposta dos royalties do pré-sal, difícil passar no Congresso qualquer medida compensatória em favor do Rio.

  4. Seria uma forma justa e interessante de se reverter parcialmente um prejuízo que até hoje cobra uma alta fatura ao Rio.
    Aliás, até hoje o Brasil todo ainda paga a fatura da surreal construção de Brasília em apenas cinco anos.

    Enquanto as outras cidades mundiais que “perderam” a capital eram e continuam sendo os centros econômico dos seus respectivos paises, o Rio já não era mais o principal centro econômico quando deixou de ser a capital nacional.
    O correto teria sido projetar Brasília como uma segunda capital no centro do Pais, uma estratégica “extensão” da capital federal que permaneceria no Rio de Janeiro.

    Mesmo assim, na realidade de hoje, é sim possível consolidar o Rio como uma segunda capital federal, a partir da manutenção das atividades de uma parte essencial da máquina federal.
    E tudo isso mantendo-se como a capital do estado homônimo, e cada vez mais integrada com este. As historias da cidade e do estado do Rio de Janeiro, são na prática uma só Historia, e uma única simbiose.

    • O problema é que muitos dos males que assolam o Rio ainda hoje, surgiram devido ao fato de termos sido capital desse país durante séculos.
      Muitas das mazelas do Rio foram trazidas pra cá, que com o tempo, o brasileiro malandro, atribuíram ser “coisa de Carioca”.
      Não sei se seria boa coisa propor isso que você sugere.

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