Escolha consciente: a importância de votar em candidatos competentes e evitar o culto à personalidade

Antônio Sá, que já foi chamado de 52º vereador do Rio, dá recomendações para que ajudem o eleitor a escolher um vereador que represente as necessidades da população

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Futura sede da Câmara de Vereadores do Rio

Quando eu estava na ativa, frequentemente recebia pedidos dos colegas, especialmente durante os períodos eleitorais, sobre em quem deveriam votar. Esses pedidos eram motivados pelos meus mais de 24 anos de experiência contínua, com uma carga horária média de 12 horas por dia, atuando como assessor de prefeitos junto à Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Minha função me permitia conhecer profundamente os vereadores da cidade, pois era crucial manter um bom relacionamento com todos eles, independentemente de serem da situação ou da oposição.

Nesse período, recebi o apelido de “52º vereador”. A Câmara é composta por 51 vereadores eleitos, e esse apelido, dependendo da situação, podia ser visto tanto como uma crítica quanto como um elogio ao meu trabalho. Eu sempre respondia que, na verdade, assessorava 52 legisladores: os 51 vereadores e o prefeito. Isso porque meu trabalho era auxiliar tecnicamente todos os vereadores, independentemente de suas posições políticas.

Nunca tive o perfil ou o desejo de ser candidato a qualquer cargo. Sempre fui e continuarei sendo um mero assessor. Isso é o que faço de melhor. Minha assessoria a todos os parlamentares se dava por três motivos principais:

  • Primeiro, porque cada vereador representava milhares de eleitores que, em última instância, eram os que pagavam meu salário através de seus impostos.
  • Segundo, porque isso garantia uma legislação bem elaborada.
  • Terceiro, porque assim os vereadores sabiam que podiam confiar em mim, já que meu trabalho era técnico e não político-eleitoral. Mesmo com frequentes mudanças de prefeitos, sempre era convidado pelo novo prefeito para continuar no cargo, demonstrando minha independência eleitoral.

Vale um comentário: após as eleições, quando o futuro prefeito me convidava para o cargo, eu sempre deixava claro que, até 31 de dezembro daquele ano, defenderia na Câmara Municipal os projetos do prefeito derrotado, mesmo que não fossem do interesse do futuro prefeito. Explicava ao novo prefeito que os eleitores cariocas determinaram democraticamente que, até 31 de dezembro do ano da eleição, o prefeito seria o derrotado. Sobre essa postura, guardo com satisfação a resposta de um dos prefeitos com quem trabalhei: “Sá, se sua resposta ao meu convite fosse diferente dessa, eu não te chamaria para trabalhar comigo.”

Mas, voltando aos pedidos dos colegas sobre em quem deveriam votar, minha resposta sempre foi a mesma: “Prezado colega, desculpe-me, mas não posso dar esse nome. Essa é uma decisão que deve ser sua e de mais ninguém. Recomendo que pesquise sobre a história e as propostas dos candidatos e decida por conta própria, considerando seus valores, anseios e princípios. Espero que compreenda minha posição.” Alguns entendiam, outros não. Faz parte da vida. Este introito serve para justificar o tema deste artigo.

Uma das imagens mais comuns durante as campanhas eleitorais é a de um candidato ao lado de uma personalidade política ou não, com esta apontando para o candidato com o dedo indicador. Infelizmente, alguns eleitores decidem seu voto com base apenas nessa imagem, sem conhecer a história e as propostas do candidato. Em uma democracia, o voto é uma das ferramentas mais poderosas de transformação social. Através dele, os cidadãos moldam o futuro de suas comunidades e garantem que seus interesses e valores sejam representados de maneira justa.

No entanto, essa ferramenta só é eficaz quando usada com discernimento e responsabilidade. Isso é especialmente verdadeiro ao escolher candidatos a cargos públicos, como vereadores e prefeitos, que desempenham um papel crucial na vida cotidiana da população. Uma das maiores armadilhas é o culto à personalidade, onde líderes políticos são venerados de forma cega e acrítica. Adorar figuras políticas ao invés de avaliar suas propostas e desempenho compromete a saúde da democracia. Seguidores desses líderes muitas vezes abandonam seu senso crítico, agindo como meros robôs, repetindo as narrativas de seus ídolos.

Essa lealdade irracional pode eleger líderes que, em vez de representar o povo, usam seu poder para satisfazer ambições pessoais. Além disso, sufoca o debate saudável e a pluralidade de opiniões, abrindo caminho para medidas autoritárias e a erosão das instituições democráticas. Outro risco é seguir cegamente conselhos de políticos sobre em quem votar. Recomendações de candidatos podem estar carregadas de interesses pessoais e estratégicos. O eleitor que aceita esses conselhos sem questionar pode perpetuar um sistema onde o poder se concentra nas mãos de poucos, em detrimento do bem-estar coletivo.

Seguir recomendações políticas sem a devida pesquisa pode eleger candidatos que não representam verdadeiramente as necessidades da população, resultando em ciclos de má governança e políticas ineficazes que prejudicam a sociedade como um todo. Para evitar essas armadilhas, os eleitores devem dedicar tempo e esforço para pesquisar em quem votar. Isso é um ato de responsabilidade cívica essencial para garantir que o voto seja um reflexo fiel dos valores e prioridades do eleitor, contribuindo para a maturidade política.

Aqui estão algumas estratégias eficazes para realizar essa pesquisa:

  • Analisar o histórico do candidato: Examinar realizações passadas, posições políticas anteriores e conduta ética.
  • Estudar as propostas de campanha: Avaliar a viabilidade das promessas e planos de governo, verificando a consistência com ações passadas e competências do cargo.
  • Consultar fontes independentes: Utilizar análises de ONGs e grupos de monitoramento para obter uma perspectiva imparcial.
  • Assistir a debates e entrevistas: Observar como os candidatos se comportam sob pressão e articulam suas ideias.
  • Verificar a fonte das informações: Utilizar sites de verificação de fake news e conferir se as informações foram publicadas por fontes confiáveis. O Google facilita essa tarefa, apresentando rapidamente o que se sabe sobre um assunto. Descubro muitas informações falsas assim. Pena que quem gosta de espalhar fake news não se dá ao trabalho de checar antes de repassar.

Escolher bem seu candidato a vereador e a prefeito é um ato de extrema importância, que exige responsabilidade e reflexão. Evitar o culto à personalidade e não se deixar guiar cegamente por conselhos políticos de outros são passos fundamentais para garantir uma democracia saudável.

Ao dedicar tempo para pesquisar e avaliar as opções disponíveis, o eleitor não só contribui para a eleição de líderes competentes e comprometidos com o bem comum, mas também preserva sua autonomia e o poder de transformação social que o voto representa.

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2 COMENTÁRIOS

  1. o senhor está correto: não votar em candidatos errados, que comandaram esquema de espionagem para golpe de estado, nem maloqueiro, nem ladrão de jóias.

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