Até o dia a 18 de setembro, Heitor dos Prazeres é tema de uma exposição no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB). Com mais de 200 trabalhos do artista no campo visual, musical, do samba e da moda. A mostra “Heitor dos Prazeres é meu nome” é dividida em 10 salas, cada uma com um núcleo temático, reunindo pinturas, desenhos, partituras, composições, discos, móveis, indumentárias, fotos e periódicos que tratam de pintura, política, música e moda.
O título da exposição foi pensado para afirmar a autoria e a singularidade do artista, partindo de sua própria voz e letra: “Eu sou Heitor de Prazeres, Heitor dos Prazeres é meu nome. Este prazer que eu tenho no nome é o prazer que eu divido com o povo. Este povo com quem eu reparto este prazer“. Além disso, o objetivo é afirmar seu papel como protagonista da sua própria história e do nosso país, junto com muitos outros negros e negras.
Apesar de Heitor ter se dedicado a muitas artes – também destacadas na exposição -, a ênfase está na pintura. O seu envolvimento com as artes visuais ocorreu depois de já ter estabelecido uma carreira de sucesso no meio musical, principalmente no mundo do samba. Ele começou a pintar cerca de quarenta anos depois do fim oficial da escravidão no Brasil, em um momento crucial para a construção de um projeto de nação que tentava esconder a presença, a importância e a contribuição da diáspora africana e de seus descendentes na formação do país. Por isso, nas obras do artista, podemos ver a representação da experiência coletiva negra do pós-abolição.
Abrindo a exposição, o núcleo “Paisagens, territórios e cartografias de Heitor” reúne paisagens pintadas pelo artista, incluindo o norte fluminense ruralizado, a formação dos subúrbios e das favelas e algumas cenas rurais do início do século XX, onde hoje estão localizadas as zonas Norte e Oeste do Rio.
Os núcleos “Um pintor extraordinário”, “Heitor dos Prazeres, um pintor da vida moderna negra” e “O pintor e a modelo” são mais dedicados à pintura. A exposição é composta ainda pelos núcleos “Ballet do IV Centenário + obra + mobiliário”, “Cronologia 1888-1937”, “Cronologia “1938-1954” e “Cronologia 1955-1966”.
Também são destaque as obras expostas por Heitor em três bienais, eventos considerados os mais importantes no mundo da arte, como “Candango” (1950), que participou da I Bienal de Artes de São Paulo, “Praça XV”, que compôs o histórico I Festival de Artes Negras, no Senegal, em 1966, e “A mulher abstrata” e “Jogadores de sinuca”, que estiveram na VI Bienal de São Paulo.
O mobiliário do artista e os quadros “O sonho” e “Caboclo” foram emprestados pela família, assim como estudos e desenhos. O figurino do balé do IV Centenário produzido por ele foi totalmente restaurado e também está sendo exposto ao público pela primeira vez.
Sobre Heitor dos Prazeres
Heitor dos Prazeres nasceu na cidade do Rio de Janeiro uma década após a Abolição da escravidão, de família de origem baiana, cresceu na Pequena África. Ele chamava a região de “África em Miniatura”, expressão criada por ele mesmo para nomear a área que abrangia os bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo, na Zona Portuária, além da antiga Praça XI, onde manteve ateliê até o final da vida. Reconhecido compositor, instrumentista e sambista, Heitor também elaborou uma produção visual muito rica.
No campo da música, compôs mais de duzentas canções, entre inúmeros estilos musicais, como marcha, choro, fox, valsa e baião; contudo, foi o samba que o imortalizou. É de sua autoria, em parceria com Noel Rosa, uma das músicas mais populares do cancioneiro brasileiro: “Pierrot apaixonado”. Além disso, desenvolveu um método próprio muito difundido de tocar o cavaquinho. Entre seus feitos, está o papel de destaque na criação de blocos e ranchos, sendo um dos fundadores de três primeiras escolas de samba cariocas: Deixa Falar (que deu origem à Estácio de Sá), Mangueira e Portela.
Heitor participou de diversas exposições e mostras coletivas de alcance e relevância nacional e internacional, como a l Bienal de Arte de São Paulo, em 1951, quando recebeu um prêmio na categoria pintura nacional. Também realizou exposições individuais, uma delas no MAM Rio em 1961. No final da vida, em 1966, confirmando sua relevância, expôs suas obras no l Festival de Artes Negras em Dakar, no Senegal.
Serviço:
Exposição “Heitor dos Prazeres é meu nome”
Quando: Até 18 de setembro de 2023
Classificação indicativa: Livre
Local: Centro Cultural Banco do Brasil
Endereço: Rua Primeiro de Março 66 – 1º andar – Centro, Rio de Janeiro
Funcionamento: Segundas, quartas, quintas, sextas e sábados, das 9h às 21h; e Domingos, das 9h* às 20h.
*Aberto ao público com deficiência mental / intelectual das 8h às 9h, em atendimento à Lei Municipal nº 6.278/2017.
Entrada Gratuita
Retire seu ingresso na bilheteria física ou em bb.com.br/cultura