Ninguém é uma ilha, mas tem gente que não consegue funcionar direito socialmente. Principalmente Kate Stone, a personagem emocionalmente instável interpretada por Taylor Schilling na comédia “Família”.
E quando digo “Família”, estou me referindo ao título do filme, porque, com certeza, essa não é uma comédia-família.
Kate é uma viciada em trabalho. Abriu mão dos parentes, de relacionamentos, de tudo, pra focar na carreira. Ela não tem ninguém, não se interessa pelos problemas dos outros, empatia zero.
Até que seu irmão, de quem raramente tem notícias, lhe pede um enorme favor. Ficar por uma noite com a filha de onze anos, enquanto ele interna a sogra numa clínica de repouso.
Kate faz de tudo pra recusar, mas não tem como. Então assume a missão de “aturar” a sobrinha entre seus vários compromissos profissionais.
No entanto, o que era uma noite vira uma semana. Pra piorar, Maddie, vivida pela revelação Bryn Vale, também não é nada fácil. Sofre as sequelas de bullyings sistemáticos, se alimenta muito mal, não quer comprar um vestido pro baile. Aliás, não quer nem ir ao baile. E também falta às aulas de balé pra invadir as de caratê, que realmente são as que lhe interessam.
E, pro desespero de Kate, Maddie está realmente atrapalhando a sua rotina frenética de trabalho. Kate não consegue dar conta nem dos compromissos da empresa e nem dos horários da sobrinha, deixando furos em todas as frentes.
Só que, aos poucos, Kate começa a enxergar em Maddie a menina que foi um dia. Identificando-se com ela, vai tomar pra si a tarefa de “prepará-la” pra vida. Mas Kate não podia imaginar que o grande desejo da sobrinha era se jogar de cara pintada em um evento muito louco: o grande encontro dos Palhaços Insanos.
“Família” é uma comédia que passa longe do politicamente correto e isso é ótimo.
O filme marca a estreia como diretora e roteirista da atriz Laura Steinel. E ela tem à sua disposição um elenco fora do comum. Além de Taylor Schilling e Bryn Vale, que mostram uma química invejável, Laura contou com grandes talentos da comédia em participações pequenas mas marcantes. Por exemplo, Kate McKinnon faz a vizinha cri cri do seu irmão e Brian Tyree Henry interpreta o professor de caratê.
“Família” pode não ser uma comédia-família, mas lida com muito bom humor com esse mito de que é fácil se encaixar nos papeis que a sociedade determina pra você quando tudo que a gente quer é ser fiel a nós mesmos. Para fechar esta dica, o Canal Like avisa: “Família” está disponível no Now da Net Claro.
