Não é de hoje que o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) vem tentando associar a sua imagem ao bolsonarismo para conseguir votos e apoios para esta eleição. No entanto, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já havia dito que não apoiaria ninguém no primeiro turno aqui no Rio de Janeiro. Mesmo assim, Crivella começou sua campanha com fotos e um jingle tentando mostrar uma grande proximidade com Bolsonaro. O que parecia que daria um problema se tornou a realidade que o prefeito mais sonhou, pois o presidente não só não se incomodou com sua imagem na campanha de Crivella como autorizou a estratégia.
Contudo, Jair Bolsonaro segue dizendo que não fará declaração de apoio a ninguém no primeiro turno no Rio de Janeiro. O que nem será preciso. Crivella, que já vinha usando a imagem do presidente sem esse aval público, agora vai mostrar o máximo possível esse apoio em sua campanha.
Quem pode perder, logo de cara, com isso é o candidato do PSL, Luiz Lima, que tenta os votos bolsonaristas para subir nas pesquisas. Ele vai usar o slogam: “Rio de Janeiro acima de tudo. Deus acima de todos”. Se o eleitor mais fiel a Bolsonaro embarcar nessa do Crivella vai sobrar pouca gente para votar nele e levá-lo ao segundo turno.
O cenário geral é muito parecido com o que aconteceu com o Wilson Witzel, PSC, na eleição para governador de 2018. O Juiz (hoje afastado por corrupção) não teve declarações de Jair Bolsonaro pedindo voto para ele, todavia, com a proximidade de Flavio Bolsonaro e um apoio de longe do clã bolsonarista, Witzel acabou vencendo a eleição.
O problema é que, dois anos depois, o cenário não é o mesmo da última eleição federal e estadual. Bolsonaro segue tendo força na política nacional, porém, bem mais desgastado e sem a empolgação da onda conservadora de 2018. Além disso, Marcelo Crivella, de acordo com as últimas pesquisas, tem uma rejeição maior que 70%, o que torna sua vida muito difícil em um eventual segundo turno.
Respondendo à pergunta do título deste artigo: Crivella ganha nesse primeiro momento, mas pode perder depois. Junto com o presidente, inclusive. Pois, em caso de derrota, pouco importa se o apoio foi de longe ou de perto, vai ter sido apoio e pode ser um fracasso do bolsonarismo, justo na capital do Rio de Janeiro, onde é seu berço político.