Em 2024, teremos eleições municipais em todo o Brasil e um tema precisa ser debatido como prioridade: a crise climática. Sim, cada cidade tem suas questões problemáticas para resolver, mas o debate em torno do clima e as consequências negativas nas vidas das pessoas que habitam os mais de 5 mil municípios brasileiros precisa ser mais profundo. Não dá mais para se falar apenas de plantar árvores.
Não é de hoje que sentimos aqui no Rio de Janeiro as consequências da crise climática. As fortes chuvas que terminam em mortes e devastação – muitas vezes por falta de planejamento urbano por parte das prefeituras – acontecem praticamente todos os anos há muitos anos, décadas. O calor extremo também está aí, aparentando piorar a cada ano e igualmente afetando a vida e a saúde de cariocas e fluminenses, para falar somente do nosso estado.
Há poucos meses, escrevi uma matéria sobre como a saúde mental das pessoas está sendo afetada pela crise climática. Quadros de depressão, ansiedade, pânico, estresse e outras doenças têm sido descobertos ou agravados em pessoas que sofreram ou com as consequências de fortes chuvas ou com o calor extremo. A matéria pode ser lida clicando aqui.
Como sabemos, esse não é um problema apenas do Rio de Janeiro. É do mundo inteiro. Em todos os continentes, o resultado devastador da crise climática pode ser notado. Das inundações às severas secas; do derreter de geleiras ao frio mortal. Todo o planeta é afetado por isso. O ser humano, que muitas vezes esquece que faz parte dessa natureza, é o ponto mais fraco e mais destrutivo desta equação extremamente negativa.
Nas eleições deste ano, o debate não pode ser restrito à velha ideia (ainda muito útil, mas insuficiente) de “vamos plantar mais árvores”. Estamos em um momento da história que já mostra que aumentar as áreas verdes das cidades ajuda a reduzir o calor e reter água das chuvas, no entanto, é preciso fazer mais. Muito mais. E tudo começa pelos municípios.
Metas de redução de emissão de gases estufa precisam ser estabelecidas com mais rigor e obedecidas com absoluta precisão. Não temos mais tanto tempo para ficar com discursos que já são ditos há décadas. É hora de agir. Aliás, já está passando da hora.
As cidades têm que ficar mais inteligentes, modernas, para precisar de cada vez menos energias que causem danos à natureza. A cooperação entre municípios, estados e países é fundamental. Além da colaboração de empresas, instituições, universidades e da sociedade civil como um tudo. É um problema coletivo e só vai ser diminuído com ações conjuntas a curto, médio e longo prazo.
O debate nas eleições municipais deste ano necessita ter a crise climática como tema central. Os candidatos às prefeituras precisam estudar esse assunto, buscar ideias, apoio de especialistas. Periga o cargo de secretário de meio ambiente ser mais importante do que o de vice-prefeito. As propostas de campanha para essa pasta precisam ser maduras, profundas, inteligentes, modernas e funcionais. Não dá mais para ficar (apenas) falando em plantar árvores.
Espero que nesse “debate” tenha espaço para divergências. Ou quem discordar de soluções propostas será rotulado de “negacionista”, “anticiência”? As enchentes no Rio de Janeiro são históricas, desde o tempo do império, de um Rio bucólico, sem zona sul, com bairros da Leopoldina como zonas rurais. Os políticos irão usar essas novas exigências ambientais, impalpáveis, quase etéreas, pra esconder sua incompetência. A desordem urbana é a mãe dos problemas ambientais.
Excelente artigo!