Na última quinta-feira, (19/05), em comemoração ao aniversário de 189 anos da cidade de Itaboraí, o palco virou um palanque para ataques contra religiões fora do Cristianismo. O pastor Felippe Valadão, da Igreja Lagoinha, ameaçou acabar com os terreiros de Umbanda do município e “converter” os dirigentes dos centros espíritas da região.
“De ontem para hoje tinha quatro despachos aqui na frente do palco. Avisa aí para esses endemoniados de Itaboraí: o tempo da bagunça espiritual acabou, meu filho. A igreja está na rua!!! A igreja está de pé!!!”, gritou o pastor.
O prefeito Marcelo Delaroli (PL) estava no palco, acompanhado de outras autoridades locais.
O relator da CPI da Intolerância Religiosa, na Assembleia Legislativa do Rio, Átila Nunes (PSD) vai acionar o Ministério Público para que investigue o uso de dinheiro público pela Prefeitura de Itaboraí para realização de um show, onde houve incitação ao ódio contra adeptos de religiões de matriz africana.
Para o deputado Átila Nunes, o MP e a Decradi, delegacia especializada em crimes de intolerância religiosa, devem investigar o caso para que os responsáveis sejam punidos e alegou que não será permitido que a violência volte a silenciar os cultos afro-brasileiros no Rio
“O ódio religioso promovido e financiado por Itaboraí precisa ser investigado. Preparamos uma representação ao Ministério Público contra o autointitulado pastor e contra o prefeito de Itaboraí, que patrocinou o show de horrores com dinheiro público. Também vamos pedir que a Decradi entre no caso para que ameaças contra a liberdade de toda a diversidade não sejam banalizadas”, afirmou Átila Nunes.
A prefeitura pagou um total de R$ 145 mil, segundo Diário Oficial, publicado no dia 23 de abril.
A Comissão de Povos Tradicionais de Terreiros de Itaboraí divulgou uma nota de repúdio nesta sexta-feira, (20/05). “Em sua fala, o pastor agride de maneira vil, desrespeitosa e ameaçadora à comunidade religiosa do candomblé e da umbanda nesta cidade”, diz e questionam “o motivo de uma manifestação festiva, popular e laica ter em sua programação discursos de cunho religioso”.
Só podia ser desta turma da família Valadão. Mas como andam de mãos dadas com o atual ocupante do Palácio do Planalto e sua corja, acreditam que são intocáveis. Anotem aí: vão enrolar este inquérito e não acontecerá nada.