Mesmo com as obras em pleno vapor, o charmoso prédio no número 42 da Rua da Alfândega, no Centro do Rio, só deve abrigar a nova sede do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), por completo, a partir de outubro. Já em março, o espaço volta a reabrir para o funcionamento do Tribunal. O endereço fica esquina com a Rua da Quitanda e já abrigou o antigo Banco Alemão Transatlântico e a recém-fechada Escola de Cinema Darcy Ribeiro. A edificação segue coberta com a capa de proteção da construtora.
No passado, a região era um polo dos tradicionais bancos estrangeiros, em especial, os europeus, como o Banco Francês e Italiano para a América do Sul, onde há a unidade Centro da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O trecho nada lembra com a parte da Alfândega mais popular, que começa a desconfigurar a partir da Avenida Rio Branco.
O Banco Alemão Transatlântico era uma subsidiária do Deutscher Bank, que atuava nas Américas Central e do Sul e chegou ao Brasil em 1911. Mas, a sede do Centro do Rio foi inaugurada em 1926, em um projeto arquitetônico como poucos edifícios cariocas já foram. De acordo com o blog “O Rio que o Rio não vê”, havia referência de mitologia grega, cultura muito admirada pelos alemães e que está presente no Portal de Brandemburgo, em Berlim. “Acima da entrada principal, posicionada em chanfro na esquina (…) baixos-relevos em cantaria mostram Mercúrio e seu capacete alado ladeados por caravela e navio mercante, todos estilizados à maneira déco”, descreve o portal.
Brasões do Brasil e dos demais países onde estava presente o Banco Alemão Transatlântico também ornamentavam as fachadas laterais, como Argentina, Chile, Peru. Bolívia e Uruguai, Mercúrio, por sua vez, era cercado por ferramentas como martelo, engrenagem, foice, espiga, espada, balança e três abelhas, uma homenagem às atividades comerciais, industriais e agrícolas do banco, ainda segundo o portal. “As abelhas remetem ainda às ninfas Thriae, que segundo algumas interpretações da mitologia grega possuíam a habilidade de enxergar o futuro e interpretar os sinais da natureza, como fazem as abelhas e como se espera de bancos e companhias seguradoras”, completa o texto.
Por mais antigo, o tombamento foi feito apenas em 2012, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e sediou a Secretaria Estadual da Fazenda, que hoje se encontra na Presidente Vargas.