Esta semana, estava refletindo sobre as pessoas e histórias incríveis que a política me permitiu conhecer e lembrei de Dona Dora, uma artesã super alto astral, comunicativa, solidária e, acima de tudo, uma empreendedora. Em vez de se queixar das dificuldades do dia a dia, foi à luta usando suas habilidades para gerar negócios que impactassem positivamente também a vida de outras pessoas. Conheci Dona Dora durante a campanha eleitoral de 2018, em Nova Iguaçu, e até hoje mantemos contato.
Dona Dora é, na verdade, Doraci Gomes Trajano Leite. Trabalhando com costura criativa, ela é uma das representantes do Fórum Municipal de Economia Solidária de Nova Iguaçu, criado em 2005, e que conta com 35 empreendedores. Eles se dedicam ao artesanato e à agricultura. A iniciativa foi tão bem-sucedida que essa rede foi ampliada com a entrada de novos interessados. Nasceu assim a Associação de Artesanato Unindo Forças no Campo e na Cidade de Nova Iguaçu, reunindo mais 28 agricultores familiares e 50 artesãos da cidade.
Para quem não conhece, a economia solidária é feita de pessoas para pessoas, que se organizam para produzir, trocar, consumir produtos e serviços. E toda essa produção gerada por eles é revertida em benefício local, pois tanto o comprador quanto o vendedor são moradores da cidade. É uma forma de organizar as trocas, valorizando o interesse coletivo e a solidariedade. Nesse caso, ser solidário não é fazer caridade ao outro, mas sim ajudar-se mutuamente. O Brasil, aliás, tem um grande potencial para a economia solidária. Existem aproximadamente 40 mil empreendimentos econômicos solidários em diversas áreas, contribuindo com o desenvolvimento local. No estado do Rio de Janeiro, segundo dados do governo estadual, são mais de 1.200 empreendimentos com 80 mil pessoas envolvidas diretamente. E essas atividades têm ajudado na inclusão socioeconômica de muitas famílias no mercado de trabalho, melhorado a renda de produtores rurais, pescadores artesanais, e contribuído para o sustento de muitas mulheres chefes de famílias.
Nesses nossos contatos, Dona Dora teve conhecimento do meu edital de emendas parlamentares e apresentou uma proposta para receber recursos via emenda. O projeto dela foi aprovado em nosso processo de escolha e indicado para receber recursos. O processo para aquisição de 100 itens em equipamentos para os empreendedores, que irão contribuir para melhorar as condições de trabalho e aumentar a produtividade, deverá ser concluído em 2022. O que me deixou ainda mais feliz foi saber que Dona Dora não parou por aí. Mesmo durante a pandemia de Covid-19, que obrigou muita gente ao isolamento social, essa artesã continuou trabalhando, reuniu mais empreendedores locais e fundou a associação, que, no próximo sábado, Dia da Consciência Negra, inaugura sua sede no Centro de Nova Iguaçu. No local, eles irão montar os equipamentos adquiridos com os recursos da emenda e oferecer capacitação para outras pessoas. É a solidariedade gerando oportunidades, emprego e renda.
A associação, da qual Dona Dora é presidente, gera somente no campo mais de 200 empregos diretos, sem falar dos empreendedores individuais que recebem ajuda de parentes e familiares. Como ela mesma disse: “Ninguém faz nada sozinho”.
São exemplos assim que me fazem acreditar ainda mais na capacidade do brasileiro de se reinventar, de inovar e de ser criativo diante de uma adversidade. Histórias como essa precisam ser valorizadas e divulgadas, para servirem como exemplo para todos, como servem para mim, me inspirando e me dando energia para continuar trabalhando pelo Rio de Janeiro e pelo Brasil.
Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.