Guilherme Fonseca: Os Desafios do Jardim Oceânico da Barra

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Toda a Baixada de Jacarepaguá e, em especial, a Barra da Tijuca, a partir da aprovação do Plano Lucio Costa em 1969, vem gradativamente recebendo incentivos para se consolidar como o novo centro metropolitano do Rio de Janeiro. Deixando de lado considerações sobre esta decisão política, vamos aos fatos.

Para que isso possa efetivamente ocorrer, existem dois grandes obstáculos estruturantes e fundamentais: um é a melhoria do sistema de transporte público, ampliando a acessibilidade, de forma eficiente com boa integração física e tarifária, assegurando segurança e conforto ao usuário; o outro é a questão ambiental, pois há necessidade premente de melhoria das condições de saneamento da região.

Não custa lembrar que a região possui atualmente uma única estação do Metrô, Jardim Oceânico. A chegada da chamada Linha 4 ao Jardim Oceânico foi um avanço, apesar de o traçado ter sido alterado, afastando-se daquilo que seria ideal: o início da construção do sistema metroviário em rede e não mais linear. O Jardim Oceânico teve o seu cotidiano urbano alterado com a estação do metrô, ao passar a ser destino dos usuários do BRT TransOeste que fazem baldeação com o metrô e também das pessoas que continuam se deslocando de carro até a estação para também realizarem a baldeação. Igualmente, cresceram o embarque e desembarque de carros de aplicativos.

O Jardim Oceânico, apesar de estar localizado no início da Barra para quem vem de São Conrado, não havia experimentado até então movimento semelhante, tendo em vista que as avenidas Armando Lombardi e Ministro Ivan Lins servem de extravasoras do intenso tráfego que liga a Zona Sul à Zona Oeste, via Autoestrada Engenheiro Fernando Mac Dowell (Lagoa – Barra). Com a chegada do metrô, obviamente, cresceu a necessidade de melhorar, por exemplo, a infraestrutura da mobilidade a pé e para ciclistas no entorno da estação. Dela até a orla da Praia do Pepê, em linha reta, são, aproximadamente, 800 metros. Isso significa que as distâncias dos pontos de interesse dentro do território que se define como Jardim Oceânico estão dentro de um raio de 800 metros, o que torna perfeitamente justificável investir na infraestrutura para transformar a região num ambiente mais caminhável e seguro e menos dependente do uso de automóvel.

Há semanas fiz uma inspeção na Rua Coronel Eurico de Souza Gomes Filho, que permite o acesso da Praça Professor Souza Araújo (em frente ao Hortifruti) à passarela do Shopping Downtown. Trata-se de uma via sob a ponte do Canal de Marapendi, que dá acesso a pé dos moradores do Jardim Oceânico ao Shopping, que oferece inúmeros serviços. A via tem largura suficiente para abrigar um fluxo de pedestres e até uma ciclovia, permitindo, e principalmente, estimulando este tipo de deslocamento na região, mas faltam melhorias pontuais que estimulem a ocupação dos espaços públicos de forma ordenada e segura.

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Os sistemas viários da Barra e do Jardim Oceânico, exigem o deslocamento em grandes distâncias para se fazer a ligação de dois pontos que estão, geograficamente próximos, devido ao conceito urbanístico adotado. Efetivamente, não bastam melhorias urbanísticas pontuais como neste caso da Rua Coronel. Eurico de Souza Gomes Filho; há, também, a necessidade de intervenções de correção, como na saída da lagoa da estação do metrô, ao lado da Unimed, também na Avenida Armando Lombardi. Ali, deveria existir uma área de embarque e desembarque com recuo, tendo em vista que são inúmeros os chamados de táxis e carros de aplicativos para quem utiliza o metrô e precisa seguir a viagem para algum outro ponto do bairro. A construção desta baia de embarque e desembarque permitiria desafogar uma das faixas da Avenida Armando Lombardi, contribuindo para a melhoria da fluidez do trânsito, que apesar do metrô, continua intenso no horário de rush. O mesmo serve para o outro lado, na saída ou acesso ao mar. Ali também é intenso o embarque e desembarque de carros de aplicativos e até de veículos particulares.

A desordem urbana também é outro problema e motivo de preocupação dos moradores, o que justificaria a Prefeitura incluir em suas metas a implantação de uma Unidade de Ordem Pública (UOP), na região. Atualmente, só existem UOPs na Zona Sul, no Centro e partes da Zona Norte: UOP-Tijuca; UOP- Corredor Cultural; UOP- Lapa/ Cruz Vermelha; UOP- Ouvidor/ Cinelândia; UOP- Saara/ Praça Tiradentes; UOP- Leblon/Ipanema; UOP-Méier; UOP – Catete, Flamengo e Glória; UOP – Copacabana; e UOP- Porto Maravilha. Segundo o portal da Prefeitura, as UOPs têm como objetivos combater a desordem urbana de forma territorializada, “identificando problemas específicos dentro de um perímetro delimitado, com o objetivo de garantir o Choque de Ordem permanente nos bairros onde estão instaladas”. É hora, portanto, de criar uma para a área que menciono aqui.

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No futuro, que, espero, seja breve, quando houver a extensão da Linha 4 haverá uma acomodação desta intensa demanda que sobrecarrega atualmente o Jardim Oceânico, pois o público será diluído por outras estações de metrô que irão surgir. No entanto, isso não exime o Poder Público municipal de adotar as medidas necessárias e os melhoramentos sugeridos porque as pessoas que vivem ali pagam elevados impostos. Além de ser uma região de forte apelo turístico e de lazer que, com a chegada do metrô, tornou-se mais acessível aos moradores de outros bairros.

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