Halfoun: no Quinta, em Vargem Grande, o tempo corre diferente

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A varanda do Quinta: venha sem pressa

Aqui o tempo corre diferente. Mais lento, com a tranquilidade que tanto procuramos (você não?). Eu estou na varanda de uma casa colonial, cercada de verde, esquilos, borboletas e beija-flores por todos os lados. Há menos de 50 minutos do Centro do Rio.

Tenho nas mãos uma caipirinha feita com cachaça artesanal. Esta é de limão. Acho que próxima será de tangerina. Afinal, elas ficam tinindo entre maio e agosto.

Não sei o que há de especial, talvez a boa qualidade da pinga, os drinques feitos pela Fátima e pelo Luiz Antonio têm algo a mais. Melhor ainda quando vêm acompanhados de dois dedinhos de prosa com eles, os donos no lugar. Coisa de interior, sabe? Mesmo que estejamos longe dele.

O Quinta fica em Vargem Grande, pelas bandas de Guaratiba, famosa pelas moquecas que fervem por lá, desde sempre. Aliás, por aqui também. A maresia e a tradição da região sopram na varanda, assim como nas três salas da casa (uma delas com lareira) com preciosidades que vêm da cozinha. Além dos cozidões de peixe, a casquinha de siri é um must local. E atiça o paladar para continuar com os delicados crepes de lula, panquequinhas gratinadas com queijos roquefort, minas e parmesão. Sugiro apenas para começar. De-va-gar, no andamento local.

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Só então vem o vinho. E que tal dar uma circulada em torno do lago, um dos recantos gostosos da chácara onde está o restaurante? A onda por aqui é tão surpreendente quanto o marreco no próprio molho com batatas doces caramelizadas e repolho roxo, como manda a culinária do norte da França. A cozinha do Quinta, criativa, mas despretensiosa, flerta com ela e também com a do norte de Portugal. Claro, misturando tudo com um sotaque caiçara que confere o maior charme aos pratos.

Fora a ave que nunca comi assim no Brasil (as de Santa Catarina têm receitas diferentes, mais fortes), recomendo fortemente a carne desfiada, cozida lentamente, em panela de barro. Assim como as moquecas (indefectíveis). Para provocar, o arroz de polvo proibido surge numa (boa) combinação inusitada que não revelarei nesta coluna, para você ter de ir até lá para descobrir.

Olha, mas vá com tempo. A boa aqui é dar uma de turista na própria cidade, sem qualquer preocupação com a hora de voltar para casa. Vai na minha que você vai na boa.

Serviço
Quinta
Rua Luciano Gallet, 150, Vargem Grande.
Tel.: (21) 2428-1396
Sábados, domingos e feriados das 13h às 18h.

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Robert Halfoun é jornalista, publicitário e amante da boa mesa. Depois de anos na Editora Abril, relançou com grande sucesso a Revista Domingo, no Jornal do Brasil, onde também atuou como Diretor Executivo. Então, dirigiu a Revista Gula, na época de sua maior circulação, até que, há oito anos, lançou a plataforma Sabor.club, com revista, site e o clube de assinaturas Sabor Clube. É também autor do livro Histórias da Gastronomia Brasileira, lançado em parceria com Ricardo “alô alô” Amaral.

3 COMENTÁRIOS

  1. Carioca, veteraníssimo na profissão, ainda na ativa em Santa Catarina, parabenizo pelo excelente texto. Sobre gastronomia, sem dúvida, dos melhores que li em 60 anos de Comunicação. E Robert seria filho do outrora conhecido Eli, da equipe famosa do jornal “Última Hora”? Parabéns e parabéns.

  2. Boa Tarde Roberto .
    Muitíssimo obrigada por sua matéria sobre o Restaurante Quinta. .
    Meus clientes me avisaram através das redes sociais sobre sua postagem me parabenizando .
    Parabenizo vc ..
    Muito agradecida.
    Numa próxima vinda por favor me dê o prazer de poder agradecê-lo
    pessoalmente .
    Fica desde já o Meu Muito OBRIGADA ?
    Abraços
    Fátima

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