A conhecida Rua Buenos Aires, no centro do Rio, já teve outros nomes. Alguns deles por conta dos estabelecimentos que funcionavam no local. Aliás, a Rua teve cada negócio que chama a atenção.
“Não eram raros os casos em que o nome de uma rua mudava por causa de um morador ilustre. Foi assim na atual Rua Buenos Aires, que já foi Padre Luiz Mattoso, do Teixeira, de Ascêncio Matoso e do Sebastião Ferrão”, conta o pesquisador Nireu Cavalcanti.
A Rua foi “do Hospício” – seu primeiro nome. Mas não havia um hospício na Via. A parte de trás da antiga Igreja do Hospício, que tinha uma capela e um albergue, dava para a Buenos Aires.
Na realidade, o primeiro nome da Via foi “Detrás do Hospício”, por conta da Igreja. Aos poucos, foi virando Rua do Hospício.
“No português antigo, hospício era o mesmo que albergue e hospital”, destaca Brasil Gerson no livro História das Ruas do Rio.
Como disse no começo do texto, a atual Rua Buenos Aires teve muitos estabelecimentos, no mínimo, curiosos.
Por volta de 1860, funcionava na Rua a empresa de materiais fecais de Mesquita & Moreira. Eles limpavam as latrinas e urinóis caseiros antes da instalação do sistema de esgoto da cidade. A sujeira recolhida era jogada no mar da praia de Santa Luzia ou do Flamengo.
Um ano antes, em 1859, foi aberta na Rua a Mútua, estabelecimento que vendia seguro de vida para escravos.
Em 1880, inaugurou-se na rua a primeira organização de professores do Brasil: o Grêmio dos Professores.
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Já no ano 1905, foi fundada na Rua a Liga Metropolitana de Futebol, que seguiu funcionando no local. Era uma espécie de Ferj da época, que contava com America, Bangu, Botafogo, Fluminense e outros. Acho que os regulamentos dessa organização eram mais fáceis de entender.
No anos 1915, a Rua passou a ser chamada de Buenos Aires, em homenagem à capital da Argentina. Contudo, em 1935, ganhou um forte “apelido”: Rua Jornalística. Na Via se encontravam importantes periódicos da época. Entre eles, o A Manhã, O Popular e A tarde.
Para fechar os estabelecimentos curiosos, existiu na Rua Buenos Aires uma associação de padeiros anarquistas. No local, os trabalhadores organizavam greves e ações do grupo. Curioso, não é? No mínimo.