O Edifício Victor, prédio que fica na Rua do Riachuelo, na Lapa, além de memórias bastante antigas, tem histórias de mistérios e até certa polêmica, para contar.
Tudo começou no início da década de 1920 quando o espanhol Victor Fernandes Alonso começou a construir um hotel. A ideia era fazer um estabelecimento de luxo. Seis anos depois, em 1926, as obras terminaram e o Grande Hotel Riachuelo foi inaugurado para ser um dos mais belos e bem frequentados da antiga capital do Brasil.
Em 1931, o Hotel fechou as portas e, meses depois, a construção foi adaptada para se transformar num edifício residencial.
“O Sr. Alonso destinou um andar para cada um de seus quatro filhos e ficou com os outros dois pavimentos. Por esse motivo o Edifício Victor conta hoje com apartamentos de diversos tamanhos: do conjugado ao imóvel com quatro dormitórios. O deslocamento dentro do enorme edifício acontece a partir de dois elevadores, revestidos de grades de ferro, e de duas escadas”, explicou Rafael Bokor na página Rio – Casas & Prédios.
Em estilo art déco, apesar de deteriorado pelo tempo, o Edifício Victor conta com diversos elementos que remetem ao requinte do passado. A escadaria, os corredores, o hall e os vitrais chamam muito a atenção. Além das suásticas nos pisos.
As suásticas
“A parte polêmica e intrigante fica por conta do piso em ladrilho de dois andares que apresentam centenas de suásticas desenhadas por toda sua extensão. Não há relatos que expliquem o porquê das suásticas. Alguns dizem que o Sr. Victor queria agradar os alemães que porventura visitassem o seu Hotel. O mais provável é que os ladrilhos não tenham nenhuma relação com o nazismo”, destaca Rafael.
Os moradores, que entendem o contexto da construção do prédio, lidam bem com a questão do símbolo que foi adotado pelos nazistas, embora digam que sempre cause um estranhamento em quem visita o Victor.
“O prédio é dos anos 1920, antes da ascensão do nazismo. Gosto de pensar que não há uma motivação política, mas uma dimensão histórica que tem que ser respeitada”, disse, em entrevista ao UOL em 2015, Vanessa Leite, pesquisadora da Uerj e moradora do Edifício Victor desde 2008.
“O símbolo da suástica existe há muitos séculos e era usado em vários lugares ao redor do mundo. Ele representava Deus e era uma decoração relativamente comum aqui no Rio no início do século passado. Certeza mesmo é que esses ladrilhos sobreviveram a várias décadas por estarem num edifício residencial”, esclarece Rafael.
Próximo aos Arcos da Lapa, o Edifício Victor resiste ao tempo, apesar de alguns problemas ocasionados por má conservação e ainda causa encantamentos. E estranhamentos, também.
[…] O DIÁRIO DO RIO já contou a história deste prédio. […]