Queimados, é um dos treze municípios da Baixada Fluminense que inicialmente fazia parte do município de Nova Iguaçu, tentou se emancipar em 1988 pela primeira vez, mas somente em 1990 emancipou-se, de fato.
A origem de seu nome, nos remetem há algumas versões. Uma delas faz referência aos corpos de leprosos queimados, aos montes, que morriam em um leprosário que existia, onde hoje se situa a Estrada do Lazareto, uma das principais vias do município. Outra versão, conta que o nome da cidade provém dos escravizados fugidos das fazendas, que eram mortos e tinham seus corpos queimados pelos seus senhores na região.
Na versão com que possuí maior relato bibliográfico, menciona visita a região em 29 de março de 1858, da família imperial, a bordo do primeiro trem da Estrada de Ferro D. Pedro II, que seguia em missão especial para inaugurar o trecho de 48 km compreendido entre a Estação do Campo até Queimados. A população do lugarejo, que assistiu a solenidade, sentiu-se honrada pela visita do Imperador. Ao chegar na região, sua Majestade visualizou uma grande queimada que estava sendo feita dos laranjais nos morros, e chamou o lugar de “Morro dos Queimados”.
Com a expansão da economia cafeeira, em meados do século XVIII, a Estrada de Ferro D. Pedro II, trouxe mais prosperidade à região. O projeto inicial desta ferrovia previa a extensão dos trilhos até a Freguesia de Nossa Senhora de Belém e Menino Deus, atual Jacutinga, que chegou a construir um prédio para sediar a estação. Porém, milhares de operários chineses, construtores da estrada, foram vitimados tanto pela malária quanto pela epidemia de cólera, que arrasou toda a Colônia, em 1855. Como a morte dos chineses iria retardar o assentamento dos trilhos, rapidamente foi construída a Estação de Queimados.
Segundo a história, a origem do nome do município deve-se a este acontecimento, uma vez que os chineses tinham por costume queimar os seus mortos. Este costume criou entre os populares, que tinham que passar pelo local onde os chineses haviam sido queimados, a seguinte forma de indicar o caminho: “vou pela estrada dos queimados”, o que acabou por nomear a localidade.
Quanto a possibilidade de D. Pedro II ter nomeado a cidade, o colega e professor Nilson Henrique, lembra de um mapa datado de 1851, de propriedade do engenheiro Camilo Maria de Menezes – portanto, sete anos antes da visita de D. Pedro II – que dá conta de pontos assinalados com os nomes: Pouso dos Queimados, Rio dos Queimados e Caminho dos Queimados. Sendo assim, o Imperador não poderia ter criado um nome que já existia.
É bom lembrar também, que os nomes que foram dados para quase todas as estações seguiam a lógica de homenagear os engenheiros que participaram de sua construção, fazendeiros que cediam parte de suas terras para a passagem dos trilhos e, até mesmo, antigas fazendas que eram cortadas pelas locomotivas, tinham seus nomes imortalizados: Morro Agudo (fazenda de propriedade do COMENDADOR Francisco José SOARES), Jeronymo José de MESQUITA (fazendeiro e 1º Barão de Mesquita), Engenheiro PEDREIRA, Engenheiro Charles AUSTIN, Engenheiro Neiva (nome substituído por Nilópolis em 1921).
Já a Estação Queimados antes de 1920, chama-se: Ottoni. Homenagem ao engenheiro e pai das estradas de ferro. Então, a força da história oral, memória popular e o orgulho do povo de viver em uma região nomeada pelo Imperador, fez a lenda que o nome Queimados, foi dado por D. Pedro II.
Muito interessante. e enriquecedor. Conhecer um pouco da história das cidades, é oportunizar o acesso a cultura regionalizada.
A história das regiões do Rio de Janeiro nos leva a entender não só a origem dos nomes, mas os hábitos e a cultura da época.
Este caldeirão histórico, justamente no centro geográfico dos acontecimentos da época monárquica, podem explicar muito sobre o Brasil que vivemos atualmente, além de demonstrar as oscilações econômicas e antropológico sociais destas regiões, pelas mudanças da matriz de atividades industriais, comerciais, agrícolas e de serviços no Brasil.
Redescobrir-se a cada uma dessas ondas evolutivas é ponto de honra da responsabilidade administrativa de prefeitos e governadores, que realmente se importam com a história e o destino do que administram.
Parabéns pelo texto muito explicativo
Excelente texto. Parabéns ao autor. É sempre motivo de grande alegria poder viajar pela História do meu município e perceber que a Baixada Fluminense é lugar de muitas riquezas.