Somos acostumados a dizer que o Rio de Janeiro não é para os fracos. Muita coisa acontece aqui e nós, que moramos na cidade, sobrevivemos. E isso vem de longe. De tempos. No inicio dos anos 1700, a cidade foi sequestrada. A libertação só veio quando a população pagou o (próprio) resgate.
Em setembro de 1711, uma expedição francesa sob o comando do famoso corsário René DuGuay-Trouin sequestrou a cidade do Rio de Janeiro. À época, vivam cerca de doze mil habitantes por aqui. O pedido de resgate foi dois milhões de libras francesas – o que era muita grana na época.
Os franceses partiram para o Brasil em junho de 1711. A ameaça de invasão assustou os portugueses que cá viviam. Quando chegaram ao Rio de Janeiro, os Fortes da cidade estavam praticamente desguarnecidos. Fraquinhos, fraquinhos. Com isso, o ataque de surpresa, enfrentando pouca defesa, somado aos fortes ventos que sopravam no dia 12 de setembro de 1711, permitiram que os navios do corsário René DuGuay-Trouin atravessassem sem ser alvejados pelos canhões localizados na entrada da Baía de Guanabara.
Os conflitos, então, começaram. “Quando o governador Francisco de Moraes de Castro viu que a situação estava feia, pediu ajuda para tropas portuguesas que estavam em outras partes do país”, conta o pesquisador Thiago Gomide.
Contudo, ao mesmo tempo em que bancava o corajoso e desafiava a forte tropa francesa, o governador pediu para familiares, amigos próximos e chegados que juntassem suas fortunas e fugissem do Rio de Janeiro. A população fez o mesmo. O governador, também.
A cidade praticamente vazia facilitou ainda mais a vida de Trouin, que era um dos maiores corsários do mundo à época.
Para quem não sabe, corsários eram como piratas, mas tinham autorização legal de algum reino para atacar e pilhar navios e tesouros inimigos. Vale lembrar que Portugal, que havia colonizado o Brasil, era aliado da Inglaterra, inimiga da França.
Voltando ao sequestro, rapidamente os franceses tomaram o Rio de Janeiro. Nove dias depois da invasão, no dia 21 de setembro de 1711, DuGuay-Trouin, que ameaçava tocar fogo em toda a cidade caso não recebesse o dinheiro que pedia, começou os ataques mais intensos. Após a tomada da Ilha das Cobras, canhões foram montados no local com o objetivo de bombardear tudo. Na mesma tarde, o Rio já estava todo sob o controle total de René DuGuay e sua tropa.
DuGuay-Trouin negociava com Francisco de Moraes de Castro à distância. De longe, o governador bancava o machão. Enquanto isso, os franceses destruíam o que podiam por aqui, encarando os poucos que ficaram no Rio de Janeiro.
Derrotados nas batalhas, somente no dia 28 de outubro de 1711 os portugueses decidiram pagar o resgate. Na verdade, não pagaram tudo o que os franceses pediram. Terminou com o bom e velho “nem eu, nem você”. Mesmo assim, René DuGuay-Trouin e seus comandados levaram uma bolada. Parte do resgate era composto por 600 quilos de ouro.
Quem pagou? O governador Francisco de Moraes de Castro que não foi. Ele convenceu toda a população (ricos e pobres) a entrarem no rateio para pagar os franceses e esperar que fossem embora. No dia 13 de novembro de 1711, o sequestro, enfim, terminou.
A velha sina do Rio de Janeiro: ser refém de bandidos, estejam eles no céu, no ar, no mar… como também em palácios da corte republicana. E ainda têm que pagar por aquilo que lhe foi roubado!
Não deve ser tão original assim, isso acontecia muito no Nordeste quando os cangaceiros invadiam as cidades !
Pior é o sequestro do Estado do Rio de Janeiro realizado por marcianos e venuzianos que roubaram as nossas riquezas , em especial o nosso ESPECIALÍSSIMO espaço e a nossa tranquilidade, favelizando-o e não saem daqui de jeito algum além de se reproduzirem iguais a … !