Hospital de fachada? Na Barra, o paciente paga a emergência da grife Samaritano e recebe Hospital Vitória

A jornalista Bruna Castro conta suas peripécias durante uma crise de farmacodermia e sua tentativa de receber tratamento no hospital que escolheu, o Samaritano Barra

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Gato vizinho da Lebre? O mega complexo hospitalar que tem o Samaritano Barra e o Hospital Vitória

Na Avenida Jorge Curi, no coração pulsante da Barra da Tijuca, fica o grande complexo dos Hospitais Vitória e Samaritano Barra. Uma espécie de construção envidraçada que lembra um shopping típico do bairro. Me sentindo mal, decidi, dado o bom nome e reputação do Samaritano, escolher sua emergência para um tratamento. Parando o carro bem na frente de um totem onde diz “EMERGÊNCIA”, desço do carro. Um grande pátio leva à entrada do hospital, portentosa, com roletas como as dos aeroportos modernos, e uma recepção em mármores caros e ônix. Chegando lá, sou informada que “apesar de dizer emergência ali, não é ali, e sim numa porta à direita”.

Trata-se de uma porta dupla, com resquícios de um letreiro – arrancado sem cuidado – onde se leu um dia “EMERGÊNCIA”. Meto a mão na porta. Mas está trancada. Então saio do tal pátio e ando – me arrastando – até o verdadeiro pronto socorro, que não é onde o totem diz “EMERGÊNCIA” e nem onde um dia esteve escrito a mesma coisa. Lá, um lindo balcão de ônix retroiluminado – adoro, tenho nos banheiros de casa – com diversos atendentes. Uma delas insistentemente no celular, aparentando uns 20 anos. Ri bastante. Está feliz brincando com a colega ao lado. Mas eu não, pois estou com uma farmacodermia que toma meu corpo inteiro (alergia a um medicamento). Espero ela terminar de brincar. Uma senhora idosa cambaleante recém atendida pede pra saber onde é o consultório 4. A moça que brinca no celular não sabe. Mas sabe usar o facebook. Jovens sabem dessas coisas.

Por fim, consigo me registrar. Me entregam um papel branco recortado pra eu mesma preencher com meus dados, enquanto a atendente continua feliz no celular. Preencho. Recebo uma pulseira laranja e teoricamente serei atendida rapidamente. Estou coberta de brotoejas e com a língua inchando. 30 minutos depois, não sou atendida. Meu marido reclama, diz que eu devia ter ido ao Miguel Couto em voz alta, que em emergência eles são treinados. A atendente então chama ele “discretamente” e organiza finalmente o atendimento. Sou atendida por uma excelente médica. Exatamente o que eu esperava de um bom nome como o Samaritano. Ela ouve tudo, faz uma ótima anamnese; por sorte, ela é dermatologista, e entende o problema. Chega a me explicar que vai dar uma pioradinha antes de melhorar. E me indica a internação.

No ato da internação, sou informada que vou ficar “uns minutinhos” no Hospital Vitória, vizinho de porta, enquanto me arrumam um quarto. Sou enviada para o leito 8 do Vitória. Tudo bacaninha, mas eu vim ao Samaritano – meu plano me dá este direito. Entro no leito 8 do Vitória exatamente as 14h com meu marido, que trabalha no Centro, e tem trabalho a fazer, mas combinou de me acompanhar até eu chegar no meu quarto. Às 14:30 informam que meu quarto – 225 – está pronto e que “já já” vou ser transferida. As horas passam. Muitas. Do lado de fora do leito 8 ouço os funcionários conversando, eles vêm e vão. Nada acontece. Abordo duas vezes o rapaz que fica exatamente na porta do meu leito numa mesinha com computador. Ele responde as 2 vezes que “o quarto está pronto” mas que ele “precisa ter tempo de preparar a internação”. As horas se passam, mas ele não tem tempo nunca. E vai embora. Entra o outro plantão. O novo plantão desdiz o rapaz anterior: diz que não está pronto o quarto. Eu continuo lá, com meu marido. Mais horas passam; e a paciente/cliente do Samaritano acaba ficando no Vitória. Resta saber se meu plano vai pagar a conta do Vitória ou a do Samaritano!

Os amigos vêm me visitar; perguntam por mim na recepção do Samaritano. Lá dizem que eu não estou internada no hospital. Eles então vão ao Vitória, onde eles também dizem que não estou. Uma amiga brinca comigo que quando não quiser pagar as contas ou ser encontrada devo me internar lá novamente. Penso: esse Samaritano Barra existe mesmo ou é só um hospital de fachada? Peço pra ir ao banheiro da emergência do Vitória. Os funcionários gentis me direcionam para o banheiro. Na porta diz “Banheiro para Colaboradores”. Entro – lembra que estou toda ardida e com locomoção difícil – e o banheiro é na verdade um cubículo, onde sequer minha perna cabe entre o vaso e a parede. Meu marido é da área de imóveis, ele me explica que se o banheiro fosse pra pacientes, não poderia ser tão pequeno e teria regras mínimas, então eles podem ter posto a placa que é “pra colaboradores” pra evitar fiscalização. Ah, bem. Que mundo a gente vive, e o colaborador não tem que ter espaço pra sentar direitinho? Enfim, estou mais preocupada em ir pro meu quarto no hospital que escolhi.

Quase 6 horas depois, sou finalmente levada pro meu quarto no Samaritano, onde tenho outras histórias pra contar, mas…fica pra outro dia, ainda estou toda me coçando! Todos os procedimentos de emergência – que duraram cerca de 6 horas – foram executados no Vitória, exceto o atendimento da excelente médica do Samaritano que me atendeu por 20 minutos. É como pagar uma viagem de classe executiva e receber uma viagem de econômica. Ou ser encaminhada à rodoviária, que alias tem um banheiro bem melhor que o “dos colaboradores”.

Uma sopa de erros, que não consegui expor a ninguém nos dois hospitais, pois sequer fui atendida por ninguém com condições de apresentar a justificativa de toda esta confusão. Sequer atendem o telefone. Talvez leiam jornal.

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25 COMENTÁRIOS

  1. Estive internado por 83 dias no hospital.
    Meu plano me dá direito ao Vitória mas minhas idas e vindas para os quartos alteravam entre o Vitória e Samaritano.
    O atendimento e simpatia dos atendentes sempre foi nota 10 e é certo que tem aqueles com um pouco mais de desenvoltura e isso se traduz em agilidade e eficiência.
    A única crítica que eu faria deve-se aos longos cara papos noturnos no posto da enfermagem, em todos os andares e plantões, que incomodam e atrapalham o sono principalmente dos acompanhantes mas isso parece prática da juventude moderna.
    Quanto às dependências, alimentação, qualidade médica e dos atendentes em geral, classifico como ÓTIMO.

  2. Ja vivivenciei uma situação delicada com o Vitoria.
    De fato os funcionários são incompetentes, sem generalizar telefonei 2 x.
    Precisei marcar uma ressonância com sedação, no particular pois meu plano nao tem convênio com eles e eu ia fazer através de reembolso. Eles entao falaram que so tinha para setembro mas que eu poderia ligar para o Pro Cardiaco em Botafogo que era do mesmo grupo que lá faria bem mais rapido.
    De fato liguei e tinha vaga pra semana seguinte mas com um valor bem mais alto.
    Considerei má fé, mas o meu plano resolveu pagar. Ele entrou no circuito e resolveu.
    Nao sei se com ele o Pro cardiaco fez mais barato.
    Cambada de mercenários !

  3. Vixi já passei várias situações ali pra mim a mais séria foi quando meu filho na época com 5 anos e suspeita de meningite com direito ao Samaritano, mas pediatra era somente no Vitória, tivemos a mesmo história com o quarto que tínhamos direito, ficamos dois dias internados, poia éramos meu filho, meu esposo e eu. Levamos roupas de dormir de casa e ainda meu esposo dormiu no chão, pra eu ficar numa cadeira. Depois de dois dias lá, os resultados finais constataram graças a Deus que meu filho não estava com a doença, não pensamos duas vezes pedimos a liberação mesmo sendo quase meia noite e fomos embora e nunca vimos a cor do quarto que tínhamos direito. Banho? Só num local com água gelada e olhe lá. Isso é somente um das situações que já vivenciamos em Ter direito ao Samaritano e jogaram a gente para o Vitória

  4. Amei Como fora narrados os fatos. Agora que a rede particular está horrível, isso é verdade. Sobre a mocinha no telefone é demais.
    A mesma mocinha está por toda parte, sorridente e feliz enquanto as pessoas parecem por longas horas de espera.
    E o dia do seu marido quem vai pagar?

  5. comigo foi ao contrário.. levei meu filho com apêndice de emergência no Vitória, mas a cirurgia foi no samaritano! com a excepcional cirurgiã Anita! foram 3hs de cirurgia e as 24hs seguintes no quarto do samaritano, logo após voltamos para um quarto no Vitória e no total foram 12 dias de internação! nada a contestar sobre o atendimento desde o início, período de internação e alta!

  6. Li,mas o fato de terem falado que tinha vaga,não significa que o quarto está pronto para receber outro paciente ou que o paciente anterior já liberou!!!
    O que interessa é que ela foi prontamente atendida e não teve nenhuma complicação, recebeu pulseira laranja,que significa que merece cuidados rápidos,e foi o que aconteceu!!Se ela tivesse ficado essas 6 horas pra ser medicada,aí sim!!

  7. Precisei operar Catarata. Fiz orçamento de 12.000
    Me cadastrei no SUS.
    Fiz a cirurgia com um excelente atendimento e procedimento.
    E, pasmem, não paguei nada.
    Viva o SUS.

  8. O hospital Pasteur está por. Duas horas de espera e vc busca informações e é recepcionado ora com apatia ou falta de educação.
    Acho que sofre com falta de médicos.

  9. Mi mi mi, Sra Cristina??
    É lamentável que você tenha esse entendimento sobre um relato minucioso de um paciente/cliente que além de NÃO receber o tratamento no hospital pelo qual paga um plano caro, também NÃO tenha recebido informações esclarecedoras.
    Também fui ao Samaritano e passei por uma situação bem parecida com a descrita.
    É por existir pessoas que não lutam pelos direitos coletivos que todos nosy somos prejudicados.
    Mais consciência e menos julgamento contribui para uma sociedade mais justa e respeitosa.

    • Já fui inúmeras vezes a esses hospitais,ou como paciente ou como acompanhante….a última foi no Copastar…fiquei na emergência ali no térreo até ter vaga na UTI.. não dá pra sair expulsando paciente do quarto qdo se quer….o q interessa é que o paciente tenha cuidado imediato,conforme a escala de emergência….Vitória é Samaritano são a mesma coisa…o q muda só é a aparência …sofás de couro com inox,quartos duplos…máquina de expresso no quarto,2 banheiros…uma beleza!!!Kkkkkk mas o material humano dos 2 é o mesmo…Na uti colocam os melhores técnicos de enfermagem,mas o material humano mudou muuuito nessas últimas décadas…vc vê a diferença…fazer o q?É universal!!!Qdo se está mal,mal mesmo,o q se quer é atendimento e não um design moderno!!

  10. O Hospital em questão é de renome, Samaritano, o Vitória, também é bom. O problema é o treinamento, de pessoas desqualificadas e insensíveis ao paciente. Deveria ter uma fiscalização,para verificar a conduta de seus funcionários.

  11. No Miguel Couto a senhora teria um Fast Track de boa qualidade , esses hospitais privados são pura fachada se paga muiti alto por um plano de saúde , para ter um atendimento diferenciado no qual não se encontra. Por isso que bato palmas para as grandes emergências como a do Miguel Couto e do souza aguiar o fluxo do atendimento é rápido direcionado e resolvido .com excelência e qualidade..

  12. sê bem vinda ao mundo real, onde os sonhos raramente se realizam. suas observações são os sinais inequívocos que o hospital oferece propaganda de carro novo e, quando vende, não dá mais atenção ao cliente. cresça e aprenda a procurar referências sobre hospitais sérios, que farão a diferença na hora final: seu atendimento.

  13. Das últimas 2x que precisei usar a emergência do samaritano , em botafogo, tive um péssimo atendimento. Achei os médicos fracos, muito crus. Meu médico que me acompanha pediu uma ressonância, o médico do hospital não quis fazer, também não quis entrar em contato com ele, como de costume. Desde que ele foi comprado pela Amil só desceu ladeira abaixo…

  14. Minha irmã esteve lá e teve a mesma impressão, falta de preparo e interesse dos funcionários em atender bem uma pessoa que foi procurar ajuda.

  15. É o resultado da saúde privatizada
    Continuem a apoiar a privatização pra acabar como SUS! E logo logo vamos ver a bagunça organizada em hospitais só pra quem pode pagar um.péssimo atendimento.
    VIVA O SUS!! SAÚDE PRO POVO!

  16. Bom, entendi perfeitamente seu ponto! Eu acho que falta treinamento ou os funcionários são treinados a não te dar informação. No meu caso precisei foi da maternidade particular e eu percebi isso nitidamente, a falta que a informação faz.

  17. Gente,quanto mi-mi-mi… pelo jeito é a primeira vez que vai parar num hospital!!Nunca nem tentou internar alguém?Tem q haver VAGA no hospital querida!!!

    • Brincadeira está sua resposta. Só pode ser!
      Quando se paga um plano de saúde Top, quer dizer Caro, se espera um atendimento eficiente e rápido. Se for para esperar, não precisamos pagar caro, basta ir para os hospitais publicos.

      • Estou chocada com tanta falta de discernimento!!!Se fosse uma hospitalização para alguma cirurgia eletiva ou coisa do tipo,concordo integralmente com vc teria q ser no hospital que a cliente considera o melhor do plano que paga!!
        Mas era uma emergência!!!!!Como qq hospital vai prever isso?E se aparece alguém na emergência e está em condição pior q a sua?E se todo mundo que paga o plano bater pezinho pra ser internado lá?Qual o hospital q comporta tanta gente?Em emergência a única coisa importante é a pessoa ser medicada o mais rápido possível….se tem quarto ou não a pessoa pode procurar outro hospital da lista ou se faz muuuuita questão daquele hospital,esperar…simples assim!!É ser lógico,e não ser insensível !!!

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