Localizada na Avenida Passos, a Igreja de Nossa Senhora da Lampadosa, que estava em péssimas condições, passou por uma reforma e teve sua fachada totalmente restaurada. Ela fica próxima ao Saara e à Praça Tiradentes, numa região que tem se revitalizado após a inauguração de uma mega loja Vivian Festas no prédio símbolo do corredor cultural carioca. O DIÁRIO DO RIO visitou o imóvel e pode constatar que a bonita igreja parece ter retornado a seus tempos de glória, faltando apenas uma boa pintura no seu interior.
Manoel Vieira, arquiteto, urbanista e Conselheiro Estadual de Tombamento, defendeu a conservação de locais tão importantes para o Rio de Janeiro: “o patrimônio cultural religioso do Rio é riquíssimo. Boa parte da paisagem urbana no centro é marcada por torreões e frontões do barroco tardio ao neoclássico, marcando os setecentos e os oitocentos como os principais momentos de construção desses monumentos. A recuperação da Lampadosa traz elemento distinto: ela teve sua fachada refeita entre 1929 e 1930, recebendo tratamento eclético. Junto com a do Santíssimo Sacramento, a Lampadosa é um documento rico em história e que conta parte da trajetória dessa cidade que já foi colonial, imperial, capital da República e segue sendo a capital cultural do país, que merece ter cuidados especiais do nosso povo”.
Ele destacou ainda que essa igreja originalmente era de uma irmandade de negros escravizados e que nela se realizariam também rituais de influência africana, e que foi ali que Tiradentes que assistiu a sua última missa antes de seguir para a forca. “Ou seja, trata-se de uma Igreja, portanto, que abrigou fatos memoráveis da cultura e da história brasileiras”, finalizou.
É importante destacar que se a irmandade da Lampadosa manteve sempre o espaço em boas condições, este não é o caso de outras associações religiosas, cujas igrejas estão em péssimo estado, como foi divulgado pelo DIÁRIO DO RIO. Como exemplo, pode-se citar a Igreja Nossa Senhora do Monte do Carmo e o último oratório setecentista do Centro, um monumento do século XVIII, tombado pelo Iphan e que se encontra destruído, após anos de descaso por parte de sua proprietária, a Ordem Terceira do Carmo, também dona do cemitério vertical do Caju. A irmandade do Carmo responde a um processo judicial desde 1999 por conta dos maus tratos dos bens culturais que se encontram a seu cargo, já tendo sido notificada inclusive de um grave risco de incêndio que pode afetar não só a sua própria igreja como também à vizinha e recém-restaurada Igreja do Carmo da Antiga Sé, onde foi coroado o Imperador D. Pedro II.
Não obstante, seu patrimônio continua a se deteriorar. Quem passa pela Primeiro de Março pode ver os blocos de desprendendo de sua fachada, e as plantas que já nascem no frontão da Igreja, que foi isolado por grades que se encontram ainda no local, já enferrujadas e destruídas (foto abaixo), como parece ser a norma no que tange à conhecida e histórica Ordem Terceira, que é dona de todo o edifício número 38 da rua do Carmo assim como o da Primeiro de Março número 11 e diversas lojas alugadas a bares e restaurantes.
Desta vez o Diário cumprindo bem seu papel no que toca ao cuidado com a cidade.
igreja onde Tiradentes “ouviu missa” antes de partir para uma melhor.