Quem está mais próximo da política e conhece as manhas de quem opera nela sabe que eleitos ou não, os ex-secretários ligados ao Prefeito Eduardo Paes retornarão às secretarias de onde saíram, porque só deixaram o cargo porque a lei exige que os secretários se afastem para que não usem a função em proveito de suas campanhas. Eles saem, deixam os substitutos escolhidos por eles mesmos no lugar para garantir que nenhuma mesa seja trocada de lugar e disputam a eleição.
Por conta dessa lei, os governadores Eduardo Leite e João Dória estão sem mandato, porque renunciaram para serem candidatos à Presidência. A lei entende que eles poderiam usar os cargos na campanha para Presidente, mas se fossem candidatos à reeleição, esse risco não ocorreria, já que a lei diz que poderiam permanecer assim como permaneceu na presidência, o Presidente Jair Bolsonaro, em campanha pela reeleição.
Outro ponto esquisito na lei eleitoral é o cuidado que ela diz ter com a qualidade da informação que o eleitor recebe para decidir em quem votar. A lei deseja que os eleitores, quando votarem nos candidatos ao Senado, saibam quem são os dois suplentes e por isso definiu o tamanho da exposição dos nomes no material do titular. Esse foi o motivo de recolherem o material de campanha do ex-Juiz Sérgio Moro. Mas, quem disse que o tamanho das letras carrega a informação completa sobre os candidatos suplentes?
Por fim, se a campanha existe para que o eleitor avalie os candidatos e decida em quem votar, porque diabos é a pesquisa o indicador da presença dos candidatos nos debates e entrevistas na TV, se os canais são concessões do poder público e os anúncios eleitorais pagos com a dispensa do pagamento de impostos?
O ponto mais curioso de tudo isso é que a lei eleitoral é de autoria de quem tem mandato e se candidata. Por que nada disso muda? A quem interessa continuar essa hipocrisia?
Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.