Na segunda-feira, 4/3, às 8h da manhã, voltei ao videocast com Mário Marques, Quintino e Henrique Serra, para comentar a pesquisa da Prefab Future para a Prefeitura do Rio de Janeiro. O DIÁRIO DO RIO publicou o resultado.
O Prefeito Eduardo Paes lidera com folga, quando comparado com os candidatos que estão na memória do povo (espontânea) e com os nomes apresentados numa cartela (estimulada). A coisa pega quando a dúvida é sobre a avaliação do governo dele. Quarenta e dois por cento dos entrevistados aprovam, mas 47% desaprovam. Há, portanto, um espaço largo para o trabalho de candidato que tenha algo melhor a dizer e provar que é capaz de fazer pela cidade.
Colocado o quadro, enxerga-se, portanto, um caminho tranquilo para Paes rumo à reeleição se, somente se, não surgir um adversário ainda não percebido pela população e também ausente da cartela de candidatos apresentados aos entrevistados pela Prefab. Existirá? Há, entre os políticos locais, alguém com perfil de oposição capaz de empolgar os eleitores?
Durante anos como estrategista da família Clinton, Dick Morris, no livro “Jogos de Poder“, que inspirou o meu “Que raios de eleição é essa”, alerta os estrategistas de todo o mundo que quem queira fazer política precisa entender que outros já fizeram antes e deve tentar aprender com a história. Assim faço eu.
Em 2016, Eduardo Paes deixou que corressem livres as campanhas de Indio da Costa e Osório e os dois trabalharam o tempo todo com a possibilidade de serem aceitos por Eduardo como substitutos de Pedro Paulo, que enfrentava uma agressão grave à imagem pessoal. Eduardo deixou a campanha e a imaginação dos dois correrem. Indio e Osório dividiram com Pedro Paulo os eleitores do prefeito e nenhum deles foi ao segundo turno, dando ao Eduardo Paes o melhor resultado: Marcelo Freixo e Marcelo Crivella. Perdendo a eleição com Pedro Paulo, Eduardo Paes não teria sobre si a herança do próprio governo, que estava coberta de dificuldades. Crivella venceu e o projeto político do Eduardo Paes também.
Em 2020, Eduardo Paes usou o resultado que obteve em 2016. Ele tentou usá-lo em 2018, mas o tsunami Bolsonaro não permitiu. Crivella foi, tanto em 18 como em 20, o adversário dos sonhos do Eduardo pela rejeição histórica que carrega somada com a imagem arranhada por não ter dado solução aos problemas que encontrou.
No meio do caminho na campanha de 2020, surgiu Marta Rocha, uma novidade, que a estratégia da campanha do Eduardo Paes vestiu com as vestes do Brizola. Jair Bolsonaro assustou-se com a possibilidade de ter o PDT de Ciro Gomes na Prefeitura do Rio e criou ânimo para empurrar Crivella para o segundo turno e abandoná-lo lá. Sorte do Eduardo e ele venceu.
Com uma boa estratégia de comunicação, Eduardo deixou com Crivella os problemas que o próprio Crivella encontrou quando assumiu a prefeitura e passou a dar intensa visibilidade aos que ele consegue resolver, para apagar os que não consegue.
Como será em 2024, numa cidade que, até aqui, só tem uma voz na oposição, a do vereador Pedro Duarte, do Partido Novo, que faz um trabalho irretocável, mas que, ao que se percebe, gosta mais de ser oposição do que governo e tem no Eduardo Paes o mais estimulante elemento de trabalho? Quem se aventura? Será que alguém no Partido Novo conseguirá se apropriar do trabalho do Pedro? Será que Pedro permanecerá no Novo, havendo uma janela aberta na sala do PSDB, origem dele?
Para tornar completo o trabalho da Prefab, quem quiser se aventurar no debate sobre a campanha e eleição no Rio precisará de resposta para várias perguntas que uma pesquisa de intenção de votos, numa distância de mais de um ano do dia da eleição, não consegue oferecer.
Eu prefiro o Crivella.