Cláudio Castro, governador do Rio, publicou no Twitter, uma notícia que seria boa, não fosse a triste indicação de persistência de um problema que parece insolúvel: a falta de segurança pública no estado confirmada com ações e sucessos pontuais festejados pelos governadores sem a expectativa de uma solução permanente. Quem saiba o erro não está na adoção de estratégias que visam atacar as consequências do problema e nunca as causas?
O governador escreveu no Twitter: “Uma ação contra o roubo de cargas e veículos desencadeada pelas forças estaduais de segurança hoje (faz 3 dias) no Complexo da Maré chegou ao impressionante número de 103 veículos apreendidos, além de 11 suspeitos presos. Um fuzil, oito pistolas, uma granada e drogas também foram apreendidos”.
Só a título de exemplo, recupero dados presentes no livro “O Fim da UPP”, do Coronel PM, Frederico Caldas. Ele dá notícias de várias ações da polícia do Rio de Janeiro durante a existência das UPPs. Ações de apreensão de drogas e armas, uma delas, na Rocinha, quando o bandido Nem foi preso.
Relata o Comandante: “Ao todo foram apreendidos um verdadeiro arsenal com 129 armas de fogo, dentre as quais 71 fuzis (AR-15, M-16, AK-47, HK-G3, FAL e PARAFAL); duas metralhadoras ponto 30 (arma antiaérea); 147 explosivos, entre bombas, granadas e rojões; cerca de 23 mil munições de diversos calibres; 510 carregadores também de diversos calibres e foram recuperadas e/ou apreendidas 147 motocicletas”. Assim mesmo o programa acabou.
Nessa toada podemos viajar no tempo e nas notícias para, com facilidade, encontrar várias situações de apreensão de armas, numa rotina que melhor se adapta ao resultado obtido por quem tenta enxugar gelo. Volto a dizer: as armas nas mãos dos bandidos, me parece ser o principal problema. Como elas chegam nas mãos dos criminosos?
Em 2005, criou-se na Câmara dos Deputados, uma Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar as organizações criminosas do tráfico de armas. Os proponentes justificaram a medida do seguinte modo: “Hoje, a criminalidade enfrenta o sistema policial com um poder de fogo que, não raramente, o supera. Servindo-se de armas automáticas contrabandeadas ou surrupiadas dos arsenais militares, a criminalidade marcha a passos largos para uma autonomia assustadora, que a capacita a tocaiar viaturas policiais, a atacar delegacias, quartéis e penitenciárias com o objetivo de arrebatar presos. (…) A par do uso de armas leves em assaltos individuais ou organizados em quadrilha (os arrastões), o emprego daquelas armas mais pesadas (e mais caras), são reservadas também para os combates entre facções concorrentes pelo domínio territorial”. (…) Esta escalada do poder de fogo da criminalidade tem que ser detida”.
O deputado federal Raul Jungmann, de Pernambuco, depois Ministro da Segurança Pública, atuou como Sub-relator da CPI e apresentou mapas com o rastreamento das armas e detalhes que indicavam Nova Iguaçu como a cidade brasileira com maior receptação de armas. O que se fez com tanta informação? Arrisco dizer que nada se fez. O Rio de Janeiro esteve representado pelos deputados federais Josias Quintal, Laura Carneiro, Antônio Carlos Biscaia e Paulo Balthazar.
Ora, Brizola marcou o governo dele na segurança com os Brizolões, Moreira, com os presídios de segurança máxima, Marcello Alencar com a gratificação faroeste, Garotinho, com as delegacias legais, Sérgio Cabral com as UPPs. Sabe-se que nada disso desencorajou o crime e por isso, o projeto político desses governadores derreteu.
Bem que o governador Cláudio Castro poderia atentar para a oportunidade de encontrar uma marca para o governo dele na Segurança Pública, com uma ação efetiva, que convoque o governo federal para um trabalho sério de desarmamento de criminosos. Já há muito trabalho intelectual feito nessa direção.
Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.
Claudio Castro tem uma marca de Segurança Pública pra chamar de sua: as chacinas.
3 das 5 maiores chacinas do Estado foram no seu governo.
* Jacarezinho: maio de 2021 / 28 mortos (incluindo um policial)
* Complexo da Penha (Vila Cruzeiro): maio de 2022 / 24 mortos
*Complexo do Alemão: julho de 2022 / 17 mortos (incluindo um policial)
É uma marca potente e bemmm difícil de ser superada.
Em relação às armas, Jackson, pergunte aos seus amigos militares como elas entram no país e no Estado.
Que eu saiba, não existe payol ou fábrica da Tauros na favela produzindo com métodos fordistas as armas usadas pro crime.
Brilhante análise do Sr.Paulo Cantuária ! Todos ( inclusive as nossas autoridades ) ,sabem que a origem dos
altos índices de criminalidade tem suas raízes na enorme DESIGUALDADE existente na nossa sociedade,só não querem é resolver ou começar a resolver o problema que tanto nos agride .
…..”só não querem é resolver ou começar a resolver o problema que tanto nos agride .”….. kkkkkkkkkkkk
Tentei segurar o riso com tamanho trivialismo na frase
Jackson, eu poderia dar a sugestão de uma nova matéria:A Postura do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro em relação à seguranla pública, mais precisamente à convocação dos aprovados do último concurso para a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente a Polícia Civil do RJ possui 15 mil VACÂNCIAS.
Tivemos 8.000 candidatos aprovados na prova teórica de todos os cargos e que foram chamados para realizar o Teste de aptidão Física. Desses 8.000, temos 3.000 aptos em todas as etapas (Prova teórica e física, Médico, Psicotécnico) prontos para serem convocados para a ACADEPOL enquanto o restante (5.000) realizam as demais etapas. Porém, o Governo, a ALERJ, e principalmente o atual Secretário de Estado da Polícia Civil Fernando Albuquerque, não demonstram nenhum interesse em aproveitar todos os aprovados, mesmo gastando dinheiro público convocando além das vagas do edital para as demais etapas. Atualmente, a ACADEPOL começará somente com as 400 vagas iniciais na duração de 6 meses, e sem perspectiva de aumento. É um absurdo a Polícia Civil estar deficitária e largada desse jeito, e enquanto isso a mídia nada fala.
Para o ESTADO inteiro temos somente 7.928 mil policiais civis, onde deveriamos ter 24.000, conforme a lei. Em comparação, a Guarda Municipial possui um efetivo de 7.334 somente para o município do Rio de Janeiro. Dos 7.928 policiais na ativa, você tem uma grande parcela em abono de permanência, outros em funções readaptadas, em funções administrativas, e na ponta da linha, os policiais de rua, não passam de 3.000.
Peço por gentileza que dê uma olhada no instagram dos Aprovados e dê uma luz ao nosso pleito, temos comissões formadas brigando na ALERJ e com o Governo para o aumento dessas vagas e aproveitamento de TODOS os aprovados, que mesmo assim não supre o déficit e vacância presentes.
https://www.instagram.com/aprovados2022.pcerj/
Caro Jackson, todas as ações mencionadas, ouso dizer que a única com efetividade de base foram os “Brizoões”, as demais, não passaram de enxugar gelo, e isso está mais do que comprovado, sejam lá quantos chefões do tráfico você prender, matar, etc, outros tantos surgirão. Certa ocasião, se não me engano Glória Maria, entrevistava um jovem, menor, traficante, e perguntando a ele sobre medo de morrer e solução para a questão da violência e ele em sua simplicidade disse, “tia, não tem jeito não, pra nós, viver ou morrer dá no mesmo, mas se matar a gente, vem outro, nos somos que nem formiga.” Veja, é isso mesmo, não adianta prender, matar, etc. se você não tratar da causa, todas as crianças do planeta nescem exatamente iguais, não existe na bibliografia da medicina nehuma história de que algum bebê nasceu com uma arma na mão assaltando o médico, então, quem cria o criminoso é inexoravelmente a sociedade, o meio onde ele nasce, cresce e vive. Essa realidade tem que ser encarada com coragem, erramos como seres humanos e precisamos resgatar nosso erros. Não há como aceitar que ainda existam crianças sem oportunidades, sem meios de sobrevivência. Retomem as UPP’s para garantir a entrada de TODOS os serviços do Estado nas favelas, sem estigmas, por favor, criem um programa habitacional sério nesses locais, com regulamentação forte, dotem esses locais de equipamentos para atender essas pessoas, e vejam o resultado. Existem algumas excelentes experiências tais como Medellin, etc., mas mantenham os políticos de fora de tudo isso porque caso contrário não haverá dinheiro que sustente.
Concordo inteiramente com você. Acho que a ideia das UPPs também era interessante, mas trata-se de um projeto de longo prazo, assim como os brizolões. E político não quer projeto de longo prazo. Quer projeto de curto prazo para que possa apresentar números à população e tentar ser reeleito. O problema das UPPs é que elas foram feitas para os megaeventos que o Rio de Janeiro sediou (Copa e Olimpíadas) e não para durarem. Mal chegaram às Olimpíadas, porque já estavam “fazendo água” antes disso.
Obrigado por seu comentário, por seu interesse. Você demonstrar reconhecer a falta de uma política estruturada de combate ao crime no Rio de Janeiro. Você está certo.
O que mais choca é que um dos veículos é de um conhecido meu e já estava há mais de um mês dentro da favela e já era sabido pelas autoridades desde que foi roubado que o veículo estava lá. E o cara precisando do carro para trabalhar.
A verdadeira falência do estado de direito.
Falência múltipla. Obrigado por seus comentários.