Os encontros relacionados à cúpula do G20 no Rio costumam reverberar a necessidade de avançarmos, em todo o planeta, com políticas de arborização e reflorestamento aliadas à reversão de dinâmicas exploratórias de baixa produtividade, concentradora de renda e geradora de danos ambientais. Entre um painel e outro, na última sexta-feira (16) encontrei animados jovens negociadores climáticos, capacitados via programa da prefeitura do Rio com a Climate Hub Rio, da Universidade de Columbia. Chovia bastante, e era uma manhã com um ar até melancólico, de fazer carioca não sair de casa. Mas essa turma estava animada e com vontade de construir novas bases de desenvolvimento – contra o negacionismo, é preciso tenacidade e energia.
Sabe-se que, a grosso modo, um quinto dos jovens entre 15 e 29 anos não estuda nem trabalha. Essa juventude, desalentada e sem perspectivas, é seduzida por facções criminosas de toda ordem: serve de mão de obra barata ao varejo do tráfico de drogas ou para fazer rápidos ganhos a grupos milicianos. O Estado do Rio, e particularmente a Região Metropolitana, sofrem a cada dia com o domínio de territórios por esses grupos. Há que se ter uma saída, e a proteção ambiental e o enfrentamento aos extremos climáticos são fatores inegociáveis dessa equação. Falar em sustentabilidade é defender sobretudo inclusão social e protagonismo da juventude.
Cerca de 900 mil hectares apenas no Noroeste Fluminense estão desbastados, são áreas degradadas. Uma pecuária de baixa qualidade e produtividade ocupa boa parte dessa área e depõe contra as práticas mais defendidas mundo afora, em cenário agudo de emergência climática. Dotar esses hectares todos (que equivalem a 230 Parques Nacionais da Tijuca) de árvores consorciadas com produção de alimentos ou agricultura de baixo carbono são soluções viáveis. Um exemplo vem do governo do Malawi, país localizado na África meridional com 16 milhões de habitantes: o Programa de Restauração Florestal Juvenil do Malawi aplicou, anos atrás, US$ 2 milhões no amparo a jovens na restauração de mais de 50 mil hectares de terra.
Caminhamos, porém, na contramão, quando o assunto é suporte à produção de mudas. Por causa da pandemia do coronavívus, 30% dos viveiros de mudas de Mata Atlântica fecharam no Estado do Rio. E muitos não voltaram. Que o governo acorde e priorize, com plano, metas e estudos, uma ampla e consistente política de restauração florestal no Rio. Inseridos numa dinâmica produtiva que considere a floresta em pé como elemento central, nossos jovens terão mais qualidade de vida, saúde mental e novos sonhos. Estamos a falar também de uma agenda conectada com a segurança pública.