De uns tempos para cá debate-se muito um centro do Rio mais residencial, com um número maior de prédios para moradias. Algum movimento já vem acontecendo nesta direção. No entanto, pouca gente sabe que a história é antiga.
Em outras épocas era bastante comum as pessoas viverem no centro do Rio de Janeiro. Aos poucos isso foi mudando e a região ganhou um ar dominantemente comercial. Contudo, em 1910 foi construído o primeiro prédio de apartamentos luxuosos da área central de nossa cidade.
O Edifício Lafont localizava-se na esquina da Av. Central (Hoje Rio Branco) com a Rua Santa Luzia. Era o retrato do que havia de melhor da arquitetura francesa. Seu interior era uma cópia fiel das mais luxuosas “maisons” parisienses do início do século.
As unidades tinham três ou quatro quartos, salas de visita e jantar, banheiros com água quente, além de telefones. Um completo luxo para a época.
O nome Lafont se deu por conta do financiador desta obra: Marcel Bouilloux Lafont, que fundou a Aeropostale (companhia aérea que virou Air France). Ele era bilionário no início do século XX.
O banqueiro Lafont deu ao Engenheiro Richard o capital para um novo negócio imobiliário. Contamos a história de Richard aqui no DIÁRIO DO RIO e esse investimento colaborou para a construção do bairro do Grajaú.
Lafont e Richard fizeram muitos negócios na época e, de acordo com alguns relatos históricos, muito possivelmente o engenheiro foi o responsável por gerir a obra do prédio de luxuosos apartamentos.
Na década seguinte, nos anos 1920, muitos dos apartamentos do Edifício Lafont foram transformados em salas comerciais. Todavia, sem perder o luxo.
Eram comércios mais elitizados e voltados à parte da população com mais poder aquisitivos. Médicos e dentistas se instalaram no local.
Com as reformas que esta parte do centro da cidade passou neste período, o prédio acabou deixando de existir, ficando apenas nas memórias e nas ideias de um Rio de Janeiro de outras épocas, mas que pode voltar a ter mais vida residencial em sua região central.