Em 2030 a Land Rover suspenderá a produção de veículos a combustão em todo o mundo, incluindo na fábrica localizada em Itatiaia, no interior do Rio. Embora esse fechamento esteja nos planos da empresa, a companhia não pretender ir embora do Brasil e um novo empreendimento, voltado para a produção de carros elétricos, pode ser criado no Rio de Janeiro.
É o que espera o diretor global de estratégia e sustentabilidade do grupo Jaguar Land Rover, François Dossa, que esteve em reunião, na última semana, com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, para detalhar esses planos.
Dossa e o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio demonstraram entusiasmo com o projeto, segundo a revista Valor. A futura fábrica fará parte da nova produção de elétricos e pode até exportá-los para os Estados Unidos.
Parte da conversa do diretor com Alckmin, de acordo com a Valor, foi sobre desejo do grupo de estimular à produção de carros 100% elétricos na próxima fase do Rota 2030 – programa federal de estímulos ao setor. A produção de elétricos em Itatiaia seria possível, segundo Dossa, com a expansão da produção, já prevendo abastecer o mercado dos EUA, onde o grupo não tem fábrica.
Polêmica
O assunto sobre carros sustentáveis ainda é polêmico na indústria e há empresas, como a Toyota, Stellantis e Volkswagen, que defendem políticas voltadas ao desenvolvimento de carros híbridos movidos a etanol no país. O híbrido tem dois motores, onde um funciona com combustível e ajuda a carregar outro, elétrico. Ambos se alternam dependendo do uso.
François Dossa é contra o uso de etanol e diz, ao Valor, que o derivado da cana é um importante aliado para a descarbonização por um período, mas é contra o desenvolvimento de novas gerações de veículos com base nesse combustível. E para ele, a eletrificação é caminho sem volta. “Quando o carro ocupou o lugar da carruagem muitos diziam que não daria certo. Agora, na eletrificação, o Brasil ainda leva a vantagem da geração de energia limpa”, diz ao Valor.
E Dossa ainda diz que a sustentabilidade no transporte vai além das emissões dos veículos e envolvem a origem da energia, design, engenharia, materiais, fábricas “e até a forma de vender o carro”. “Meu sonho é vender um carro para toda a vida, o que requer materiais cada vez mais resistentes. Isso é sustentabilidade”, comenta o diretor a revista Valor.
Diversidade
Para o executivo, uma empresa sustentável deve ter em mente a diversidade, incluindo o sistema de cotas. “É a forma de empresas conservadoras como as nossas avançarem”, afirma.
Até 2026, o grupo Jaguar Land Rover pretende elevar a participação de mulheres em cargos de chefia dos atuais 12% para 26%. Dossa aponta, ainda, o envolvimento das empresas com as comunidades. Ele próprio já participou de organizações voltadas à educação de jovens carentes no Brasil, como a Casa do Zezinho.
Land Rover em Itatiaia
Inaugurada em junho de 2016, a fábrica brasileira da Land Rover é uma estrutura pequena quando comparada às grandes montadoras. Tem cerca de 500 funcionários e se dedica a um nicho de mercado, o segmento de utilitários de luxo. A produção local foi responsável por 30% dos 3,6 mil veículos Land Rover vendidos no país em 2022.
A ideia é elevar a participação da produção local nas vendas para 50% em 2023, segundo João Oliveira, que há oito meses assumiu o comando do grupo no Brasil e América Latina.
O projeto em Itatiaia faz parte dos investimentos de marcas de luxo no Brasil quando, durante o programa automotivo Inovar-Auto, o governo brasileiro elevou o IPI em 30 pontos percentuais em carros importados por empresas sem fábricas no país. A Land Rover foi uma das últimas a chegar na onda que envolveu também Mercedes-Benz, BMW e Audi. Mercedes e Audi encerraram a produção posteriormente. Em 2022, a Audi retomou a atividade no Paraná.
Informações da revista Valor.