Desde 2021, os cariocas não recebem mais o aviso de que o final do ano está chegando com o tradicional jingle “Já é Natal na Leader”. Conhecido e cantado por todos por mais de 20 anos, o anúncio marcou a temporada de festas e tornou-se um ícone do mercado publicitário. A tradição foi interrompida devido à série de cortes de gastos que a Leader vem praticando desde que enfrentou uma grave crise financeira que culminou no pedido de falência da rede varejista.
Em 2020, a marca negociou um plano de recuperação judicial com seus credores, buscando solucionar uma dívida colossal. Dois anos depois, a Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE-RJ) firmou um acordo para implementar um plano de amortização da dívida ativa da Leader, totalizando 810 milhões de reais, a ser pago ao longo de 180 meses. Apesar desse esforço, pouca coisa mudou desde então. Praticamente todas as lojas na Região Metropolitana fecharam suas portas — apenas seis seguem abertas. As poucas que restam estão sucateadas e enfrentam dificuldades financeiras, como a filial do Centro, a maior delas, localizada em uma imensa loja na Rua Uruguaiana. A empresa deve milhões de reais em IPTU, condomínio e aluguéis atrasados. Só na rua Uruguaiana, 55, deve mais de 6 milhões de reais.
Recentemente, a Leader foi vendida aos empresários Renato Vaz Heringer e seu sócio e CFO Márcio Margreife Lima. A empresa alugou uma nova sede no luxuoso Edifício Sulamérica, na Rua da Quitanda 86, sob os auspícios do controlador da fintech Mauá Bank. A nova administração prometeu equacionar problemas com proprietários, fornecedores e empregados, e até alugou uma nova loja — em Bonsucesso.
A notícia recente é que a Leader conseguiu negociar um acordo para pagar suas dívidas com a administradora de sua recuperação judicial, a Inova, que vinha se queixando na Justiça por falta de pagamento desde fevereiro. Esse acordo, no valor de R$ 1,6 milhão, é um passo importante para o estabelecimento, pois quita um débito essencial para a continuidade do processo de recuperação.
Vale destacar que há cerca de um mês, o Sindicato dos Comerciários do Rio acionou a justiça e o Ministério Público do Trabalho pelo descumprimento, por parte da marca, do prazo para pagamento da primeira parcela das verbas rescisórias acordadas judicialmente. O pagamento deveria ter sido realizado no dia 12 de outubro, mas até o início de novembro a dívida permanecia pendente..