Lembrar e Recontar

Honrando a memória dos seis milhões de judeus e outras milhões de vítimas dos genocídios promovidos pelos nazistas, neste 19 de abril reafirmamos nosso compromisso no combate ao negacionismo do Holocausto e ao antissemitismo

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Por Flávio Valle e Dra. Sofia Levvy

No dia 19 de abril de 1943, coincidindo então com o início de Pessach, a Páscoa Judaica, no Gueto de Varsóvia, capital da Polônia, teve início a maior resistência judaica durante o Holocausto perpetrado pelos nazistas na Alemanha e em todos os países ocupados ao longo de 12 anos de governo totalitário.

Por quase um mês, judeus parcamente armados, resistindo à deportação, enfrentaram o poderoso exército alemão, que tinha ordens para eliminar o gueto e os que ali ainda tentavam sobreviver, apesar da fome, da insalubridade e da miséria que grassavam desde 1940, quando o gueto foi criado.

Sob a liderança de Mordechai Anielewicz, jovens de diferentes grupos ideológicos se uniram por um motivo maior, numa luta desigual que foi travada pelo direito a se defender e morrer com dignidade. Durante quase um mês, o mundo assistiu ao levante sem esboçar o menor auxílio; mas noticiou o incêndio do gueto, que ficou em ruínas, e a rendição dos últimos combatentes, que foram presos e levados em trens de gado para um destino que naquela altura já não era mais ignorado: os campos de extermínio. A política genocida chamada pelos perpetradores de “Solução Final” já havia sido implementada em seis campos de extermínio um ano antes. A eliminação do gueto era mais uma etapa da indústria da morte.

Honrando a memória dos seis milhões de judeus e outras milhões de vítimas dos genocídios promovidos pelos nazistas, entre ciganos, negros, Testemunhas de Jeová, homossexuais, eslavos, maçons, comunistas, deficientes físicos e mentais, neste 19 de abril, Dia Municipal de Lembrança do Holocausto, reafirmamos nosso compromisso no combate ao negacionismo do Holocausto e ao antissemitismo. A adoção da definição de antissemitismo da International Holocaust Remembrance Alliance, à qual a cidade do Rio de Janeiro foi a primeira a aderir no ano passado, foi um importante passo nessa direção.

O combate imediato às manifestações antissemitas que vêm aumentando desde o ano passado, também reiteram nosso compromisso. E esse combate hoje tem uma causa especial: em prol da libertação de 133 reféns que continuam cativos do grupo terrorista Hamas, desde o bárbaro atentado por ele perpetrado no sábado, 7 de outubro de 2023, no sul de Israel, em meio a um Festival Internacional de Música. Susto, trauma e horror marcaram o mundo. A festa deu lugar à tristeza.

Este ano, em se aproximando mais uma celebração de Pessach, que começa na noite de 22 de abril, a resistência e a esperança se unem mais uma vez, na essência dessa comemoração pela libertação da escravidão do povo judeu, após 400 anos cativos no Egito, para o alívio da liberdade. Em época de renovação e milagres, a esperança da libertação dos reféns nos une a todos, pois a vida é o bem maior de todos.

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1 COMENTÁRIO

  1. Povo sofrido desde sempre. Tenho muito apreço pela comunidade judaica em todo o mundo, conheci adolescentes ainda receosos de seus passos, sorrisos e falas. Ainda não haviam se acostumado com a realidade de poder sair, sorrir, brincar e viver. Viver fora de um colégio de rito judaico, pela incerteza do mundo fora daquelas quatro paredes. Mas hoje, espero que eles tenham se acostumado a viver em plenitude na terra chamada Brasil.

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