Fundada em 1844 e reconhecida pelo Guinness Book como a livraria mais antiga do Brasil, a Ao Livro Verde, em Campos dos Goytacazes, no Norte do Rio de Janeiro, completou 179 anos em junho, mas sem muitos motivos para comemorar. O empreendimento, localizado no número 68 da Avenida Gov. Teotônio Ferreira de Araújo, no centro da cidade, é um dos tantos pontos comerciais do estado que ainda tentam sobreviver às sequelas da pandemia da Covid-19, que culminaram na queda de vendas.
Em virtude da ameaça de fechamento desse verdadeiro patrimônio histórico e cultural brasileiro, gestores, clientes, amigos e simpatizantes da livraria criaram uma campanha nacional de abaixo assinado chamada de “SOS Ao Livro Verde”, na tentativa de salvar o local da falência, que hoje acumula uma dívida de quase R$ 2 milhões.
O documento será encaminhado ao Poder Executivo Municipal e à Câmara de Vereadores de Campos para a formação em caráter de urgência, de uma equipe técnica especializada que irá avaliar e propor alternativas que impeçam o fechamento da livraria, que também funciona como papelaria. Com acervo de mais de 3 mil títulos, hoje é o material de escritório/escolar que impulsiona as vendas.
“Nós ganhamos um legado e é importante que deixemos para as próximas gerações” afirmou Ronaldo Sobral ao jornal O Globo, atual dono que tem acompanhado com muita gratidão o movimento de solidariedade que tem se formado em todo da livraria, desde que ele anunciou o pedido de autofalência que está tramitando na 5ª Vara Cível da Comarca de Campos.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro (SJPERJ) está entre as entidades que apoiam a corrente solidária pela manutenção do espaço.
O presidente do SJPERJ, Mário Sousa, faz apelo a todos os jornalistas, intelectuais, acadêmicos, artistas, instituições entidades, ongs e associações históricas e culturais para que se juntem a essa campanha
“Ao Livro Verde sobreviveu e resistiu aos momentos mais dramáticos e desafiadores do Brasil desde o Império, como a Abolição dos Escravos, a Proclamação da República, a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, a gripe espanhola, o Estado Novo, a Guerra Fria, a Ditadura Militar, a redemocratização do país, a Constituição de 1988 e, mais recentemente, a pandemia do Corona Vírus. Essa vigorosa história de luta não pode terminar agora, no Século XXI, pela omissão da sociedade civil brasileira”, ressalta o presidente do SJPERJ.
Criada pelo português José Vaz Correa Coimbra, na antiga Rua da Quitanda, 22, a livraria foi concebida inicialmente para atender a demanda por livros importados de Portugal, numa época em que várias famílias portuguesas chegavam à cidade pelo ainda navegável rio Paraíba do Sul, a Ao Livro Verde se transformou com o tempo em espaço frequentado pela comunidade de intelectuais locais e de toda a região.