Magnavita: A criminalização da opinião

Diretor de redação do Correio da Manhã, Cláudio Magnavita, defende o direito de opinião e reclama do perigoso patrulhamento

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
Foot: Anton/Pexels

Uma publicação na coluna do conceituado jornalista Guilherme Amado, do site Metrópoles, apontou que empresários defendiam “um golpe” no caso da eleição do presidente do PT. Rigorosa na apuração, a coluna procurou ouvir as duas partes. Erra a matéria na chamada sensacionalista ao sugerir que os empresários estavam em conluio contra o regime democrático. Pelo contrário, estavam exatamente exercendo o direito democrático de opinião em um grupo fechado, o qual aquela coluna diz ter acompanhado durante semanas.

Existe até hoje no Brasil uma espécie de “mea culpa” por ser de direita. As manifestações de opinião e posições políticas só são válidas para a esquerda. Quem está mais à direita ou ao centro sofre policiamento constante e ataques por qualquer posição mais pública.

O caso em tela revela a posição pessoal de dirigentes empresariais, e não de suas empresas ou dos seus negócios, muitos deles florescidos no governo do PT ou do PSDB. Apoiar Jair Bolsonaro ou um outro candidato mais à direita não é pecado. Ter repulsa a um governo que pilotou o maior escândalo de corrupção planetária, o da Petrobras, também não é pecado.

Como também não é pecado ser empresário, como a grande parte dos jornalistas militantes da esquerda tenta carimbar. O próprio site Metrópoles pertence ao exitoso empresário do ramo imobiliário, o ex-senador Luiz Estevão, e que investe pesado nesta mídia on-line, pagando rigorosamente em dia os melhores salários da imprensa brasileira. Graças a este empresário, que já teve engajamento político, muitos colegas estão empregados em um setor em crise.

O que o jornalista “flagrou” foi cidadãos e eleitores exercendo sua cidadania, dizendo apenas suas preferências de opinião. Isso é bem diferente de financiar ou participar de um golpe, como alguns setores produtivos fizeram em 1964, ou no impeachment da Dilma.

Este sensacionalismo que beira ao patrulhamento é perigoso quando parte do STF, ao aplicar duras penas contra parlamentares que teriam o direito constitucional de opinar. Este cerceamento da liberdade de expressão é antidemocrático. Uma das frases mais conhecidas do filósofo Voltaire é: “Posso não concordar com uma única palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-la“.

Estamos vivendo um Brasil patrulhado, onde a possibilidade do atual presidente conquistar um novo mandato nas urnas tem acirrado os ânimos. Que mais empresários exerçam a cidadania e defendam as ideias que acreditam. A democracia é a convivência das diferenças e devemos respeitar quem cria empregos e distribui renda.

Ser condenado publicamente por distribuir bandeiras do Brasil no bicentenário da nossa independência não pode ser criminalizado como ato antidemocrático. Aliás, na data, o Correio da Manhã irá encartar na sua edição uma bandeira brasileira. O Brasil tem quebra-mar acima destas picuinhas intimidadoras.

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
entrar grupo whatsapp Magnavita: A criminalização da opinião

8 COMENTÁRIOS

  1. Infelizmente opinião de um empresário pode se transformar em ação, ele tem dinheiro para isso. Precisamos investigar sempre, pois opinião não pode ser contra democracia, nunca

  2. Opinião não é querer destruir a democracia porque um candidato que está à frente das pesquisas não é o que interessa ao grupo de empresários, defender as declarações que pedem intervenção militar mostra o oportunismo pouco sério do jornalista.

  3. Artigo corajoso nos dias que vivemos. resume um conceito simples: Se a opinião é única, não existe mais processo de escolha. Por exemplo, se todos torcerem para o mesmo time, para que disputar um campeonato se os demais adversários são “os outros” e não tem a simpatia do público? O que se vê hoje é um método de simplificação sendo implantado em nossa sociedade que está aos poucos nos fazendo perder a possibilidade de questionamento e fazem com que “formadores de opinião”, “fazedores de leis” ou “juízes absolutamente imparciais” tenham o poder preditivo de comportamentos e opiniões. Por que ajuizar uma questão se existe decisão pacificada? Ou lutar por mudança na pena de um delito se já decidiram por você? E qual a necessidade de entender um fato se já interpretaram para você? Um cenário destes é muito pior do que qualquer regime de opressão social do século 20. A pergunta que resta é: O que realmente vamos escolher para melhorar o nosso passado e que seja de avanço para o futuro?

  4. Lamento, mas uma coisa é exercer o direito de expressar opinião política dentro do contexto democrático. Outra, é defender a ditadura ou um golpe de estado, é crime e não liberdade de opinião. Lamentável postura do articulista defendendo nazista golpista. Típico de uma vivandeira que ronda os bivaques.

  5. As acusações hoje são baseadas em puro ar – não existem, querem inventar crimes sobre conversa de bar. Crimes não positivados, que só existem no grito. Isso tem método. “Gópi” republicano mesmo foi o mensalão: a compra mensal de um poder da república por outro. Mas nesse “gópi” o Tribunal Federal de Recursos fica inerte.

  6. De fato, não é pecado apoiar candidatos à direita, também não é pecado ter repulsa a determinado governo, muito menos é pecado ser empresário.

    O pecado é apoiar um golpe. Seja ele azul ou vermelho… Ou marrom…

Comente

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui