Maria Luiza Nobre: Três Óperas em uma semana no Theatro Municipal do Rio

Em entrevista, diretor Artístico do Theatro Municipal, o tenor Eric Herrero, fala sobre programação da instituição

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Foto Leonardo Ferraz/Divulgação

O Theatro Municipal do Rio de Janeiro continua sendo o palco mais importante do país, por sua tradição, história e realizações tão expressivas. A coluna conversou com o Diretor Artístico da instituição, o tenor Eric Herrero que informou sobre o destino de uma das mais perfeitas expressões humanas que é o canto, que será exaltado com a apresentação de três óperas, três títulos em apenas uma semana. Desde já a homenagem da coluna aos Corpos Estáveis do TMRJ, o Coro, a Orquestra Sinfônica e o Balé, assim como todos os envolvidos. 

– O Theatro Municipal acaba de anunciar as atrações até o final do ano. Nos chamou a atenção, além de La Traviata, o Festival Oficina da Ópera. De que se trata esse festival?
Sim, anunciamos as atrações da segunda metade de nossa temporada. Ela começou com a Gala de 90 Anos do Coro do Theatro Municipal e, agora em setembro, teremos a primeira edição de um festival pensado e criado para a formação de equipes de criação no nosso estado. Temos sentido a necessidade de orientar jovens talentos que se interessam pelo teatro lírico em diversas áreas, figurinos, cenário, maquiagem, perucaria, iluminação, além da própria direção cênica. O TM é uma das casas mais tradicionais na América do Sul na produção de óperas, ao longo de seus 114 anos e é a hora de abrir suas portas para trazer novos profissionais ao setor, dando oportunidade a estes, de desenvolverem seus projetos, ganhando experiência num setor ainda hermético, sempre sob supervisão e orientação d e experts de nosso staff.

A experiência tem sido extremamente gratificante, seja do ponto de vista do empenho de cada uma deles, seja pelos ensinamentos que estão sendo transmitidos ou ainda por ver o teatro produzindo tanta coisa ao mesmo tempo. Nesta edição, estão sendo produzidas três obras. Duas delas, brasileiras. O Caixeiro da Taverna, uma ópera de câmara de Guilherme Bernstein, O Sonho de Edgard – A Invenção da Rádio, uma opereta radiofônica de Adriano Pinheiro. Além disso, trazemos uma montagem da ópera Pagliacci, um título dos mais tradicionais do repertório italiano.
 

RÉ- Pagliacci é uma das mais emblemáticas obras da história da ópera, sem dúvida. O Caixeiro da Taverna estreou há 15 anos na Sala Cecilia Meireles. Mas, e essa obra O Sonho de Edgard, de que se trata e como entrou na programação?
Trata-se de uma opereta radiofônica baseada em Noel Rosa, A Noiva do Condutor. É uma comédia que narra a história da rádio. Como neste ano, a Rádio MEC celebra seu centenário – no ano passado celebramos no palco do TM o centenário do Rádio e sua primeira transmissão em concerto realizado na grande sala, no dia 07 de setembro em parceria com a EBC. Ainda no ano passado encontrei-me com Adriano Pinheiro que me contou a respeito de uma opereta que estava compondo cuja temática era o rádio e Edgard Roquette Pinto. Mas a celebração já havia acontecido… algum tempo depois, conversando com meu colega Thiago Regotto, ele me expressou a vontade de nova parceria para celebrar, dessa vez, o centenário da Rádio MEC. Lembrei-me do projeto de Adriano e falei a respeito dele ao Thiago, que adorou a ideia. Daí em diante, foram muitas reuniões, muitas adapta&c cedil;ões feitas pelo compositor, até chegarmos todos a um entendimento e, o que veremos no palco do TM, é uma comédia imperdível, com músicas de Noel Rosa e composições do próprio Adriano Pinheiro, executadas por um elenco muito entrosado, sob a regência de Priscila Bomfim. Está imperdível. 

MI- Falando agora em política cultural, na última semana você chegou à Presidência do CEPC/RJ, o Conselho Estadual de Política Cultural do Rio de Janeiro. Quais as expectativas em relação a esse importante fato?
Eu fiquei bem triste com a saída do meu querido amigo Zé Fernandes da Presidência, pessoa pela qual tenho a maior estima, gratidão e carinho. Ele segue uma nova etapa de vida na qual obterá grande sucesso, certamente! Trata-se de um profissional de excelência, que deixa importante legado ao colegiado. 
Fico lisonjeado e honrado com a confiança em mim depositada pela nossa Secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa, Danielle Barros, uma pessoa comprometida com a cultura do estado. 
O CEPC/RJ tem uma importante função no grande debate da política cultural, sobretudo num ano como este, com a Lei Paulo Gustavo e as Conferências de Cultura. Tenho boa expectativa na construção coletiva, plural, baseada em escuta e diálogo, como é o meu estilo. Conto com o auxílio dos meus colegas conselheiros, uma vez que todos trabalhamos pela democratização de acesso aos recursos públicos, de modo que estes cheguem à ponta, ao Fazedor de Cultura, nas mais diversas linguagens artísticas, nos mais diversos territórios.



FESTIVAL OFICINA DE ÓPERA
Uma super inovação também para a segunda semana de setembro é o Festival Oficina de Ópera com a apresentação de três óperas seguidas no prazo de uma semana! A coluna informa toda a programação abaixo.
Concertos Cênicos

O CAIXEIRO DA TAVERNA – Ópera de Câmara de Guilherme Bernstein.
A comédia de Martins Pena narra a história de personagens que vivem em torno da taverna do título. Gerente, o português Manoel quer virar sócio de Angélica, dona do estabelecimento, mas ela quer, na verdade, casar-se com ele. O problema é que ele já se casou em segredo com a jovem costureira Deolinda. A obra de Martins Pena é um retrato da sociedade carioca do século XIX. Autor de diferentes comédias de costumes, ele abordou temas como a obsessão pela ópera, o desejo de ascensão social, a preocupação com dinheiro e a vida amorosa. Ao adaptar a peça O Caixeiro da Taverna, Bernstein respeitou o texto integral do dramaturgo, incluindo falas, diálogos e todas as situações.
Regência: Guilherme Bernstein
Direção Cênica: Daniel Salgado
Ensemble OSTM
Elenco: Homero Velho, Carolina Morel, Adalgisa Rosa, Murilo Neves, Geilson Santos e Ludoviko Vianna
Duração: 55 minutos
Dia 11/9, segunda-feira às 12h (Municipal ao Meio- Dia) com ingressos a R$2,00
Dia 12/9, terça-feira às 19h
Classificação etária: livre
 
O SONHO DE EDGARD – A Invenção da Rádio Opereta Radiofônica de Adriano Pinheiro terá a estréia mundial.
O Sonho de Edgard – A Invenção do Rádio é um espetáculo no qual a vida de Edgard Roquette Pinto e o surgimento da rádio MEC no Brasil se entrelaçam. Entrevistado por Almirante, Roquette revela histórias da Rádio MEC, antiga rádio Sociedade do Rio de Janeiro e narra sua carreira como antropólogo e defensor da rádio brasileira. Dentro da obra, o elenco vive o meta-teatro, rompendo a “quarta parede” e criando uma comunicação direta com o público presente, que se identifica com as reações de uma rádio ouvinte, escutando atentamente a estreia da opereta A Noiva do Condutor. A história mostra como a rádio MEC influenciou a sociedade carioca, seus costumes, tendências e modismos, disseminando conhecimento e cultura pelo Rio de Janeiro e Brasil.
 Regência: Priscila Bomfim
Direção Cênica: Antônio Ventura
Ensemble OSTM
Elenco: Adriano Pinheiro, Murilo Neves, Carla Rizzi, Lara Cavalcanti, Calebe Faria, Fábio Belizallo e Rubens Camelo
Duração: 1h5′
Dia 13/9, quarta-feira às 12h (Municipal ao Meio- Dia) – Ingressos a R$2,00
Dia 14/9, quinta-feira às 19h
Classificação etária: livre

PAGLIACCI de Ruggero Leoncavallo  com montagem completa.
Ruggero Leoncavallo é considerado um dos maiores expoentes do verismo italiano. Ele é autor de cerca de 20 óperas e operetas, sendo um dos compositores mais importantes do gênero. Composta por dois atos, a ópera “Pagliacci”, possui libreto do próprio Leoncavallo, que se baseou em uma história real ocorrida em 1880 na Calábria, província do extremo sul da Itália. Depois de mais de 120 anos, em sua estreia em Milão, no dia 21 de maio de 1892, “Pagliacci” ainda é uma das óperas mais apresentadas no meio operístico, sendo o maior sucesso de Leoncavallo. Apesar do nome “Pagliacci” (palhaços), a ópera possui uma essência dramática, com uso intenso da voz humana e de uma instrumentação trágica, como era o gosto dos compositores do Alto Romantismo.
Direção Musical e Regência: Victor Hugo Toro
Direção Cênica: Menelick de Carvalho
Coro e Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal
Solistas: Enrique Bravo, Licio Bruno, Marianna Lima, Fernando Lorenzo, Guilherme Moreira, Calebe Faria e Gabriel Senra.
Dia 15/9, sexta-feira, às 19h
Dia 17/9, domingo, às 17h
Classificação etária: 14 anos

MÚSICA MO MUSEU

Dia 6, quarta-feira, 12h30
Fernanda Cruz, piano
Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB
Rua 1º de Março, 66 – 4º andar – Centro
Entrada Franca

Dia 10, domingo,13h
Jorge Saraiva, piano
Museu da República
Rua do Catete, 153 – Catete
Entrada Franca

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