Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.
Em 2009, quando deixei o “Jornal do Brasil” e migrei para o marketing em agências de publicidade, apertei imediatamente a mão do Twitter. Naquele momento, era a então rede social de Jack Dorsey o que tinha. Dorsey, eu me lembro bem, foi o primeiro a lançar luz sobre o Instagram. Ele postava em sua conta no Twitter suas fotos postadas na desconhecida rede de fotos criada pelo americano Kevin Systrom e pelo brasileiro Mike Krieger. Dorsey moscou, dormiu no ponto, não comprou o Insta e acabou atropelado por Mark Zuckerberg. Mas o Twitter segue aí, nichado, relevante e estrategicamente importante. Em 2021, o Twitter fez 15 anos. A agência LabPop, que eu criei em 2010, completa este mês 11 anos. Nesse tempo de entendimento entre a nossa agência e o Twitter, não há dúvida: o Twitter segue sendo o cara.
Veja: não se pode mais chamar o Twitter de rede social. O Twitter hoje é uma rede de opinião. Uma rede qualificada, de audiência restrita, onde estão todos os jornalistas, todos os políticos e uma estratosfera de formadores de opinião. Muitos deixaram o Twitter pelo caminho entre 2014 e 2018 por uma suposta falta de engajamento. Porém, um Tweet relevante no Twitter pode corresponder a centenas de posts no Facebook falando para as mesmas pessoas. O Twitter recuperou seu prestígio nesse corredor.
Óbvio: do ponto de vista de campanha eleitoral, não é o Twitter o catalisador de votos. Nesse sentido, o Facebook e agora muito o Instagram são as redes a se dedicar. Mas o Twitter é posicionamento. É imagem. É um manancial de ideias e proposições. Que atingem um público ávido por opinião. Um sedimentador de status.
Desde 2012, quando o Facebook tomou o lugar do Orkut na internet – e consequentemente nas eleições – que o eleitorado passou a se guiar pelas opiniões dos amigos. Foi o começo do fim dos colunistas da imprensa, que até então dominavam as narrativas. A partir daquele ano, o que o Zezinho das Candongas falava tinha muito mais peso do que a Miriam Leitão. A imprensa entrou, a partir daí, num furacão de questionamentos. Um fenômeno do qual nunca mais conseguiu se desvencilhar.
Hoje a imprensa sofre com um bombardeio de contestações. Não há sequer uma notícia ou uma opinião que não seja triturada nas redes sociais. Acabamos por entrar num liquidificador de fake news, que partem de todos os lugares. Lembro que nas redações recebíamos recomendações de publicar determinadas matérias para levantar alguém ou algo. Eram as “Recos”, que agora me parecem mais de 50% da pauta. Muitas delas são, também, fake news.
Se formos analisar o volume de informações que percorrem o tráfego da internet, veremos que o Twitter é a rede na qual uma informação falsa é rapidamente desconstruída pelos próprios usuários. Justamente pelo fato de concentrar ali jornalistas e formadores de opinião. O Twitter é, portanto, um centro de informações confiável. O mais confiável.
Um estudo conduzido pelo próprio Twitter em 2021 mostrou que 81% dos jovens nascidos entre a segunda metade dos anos 90 e o início dos anos 2000 disseram se informar por lá, quatro vezes mais do que por outras redes.
Tanto na LabPop quanto na Prefab Future temos um sistema de monitoramento de imagem na internet. Tanto no Facebook quanto no Instagram há dispositivos que limitam o rastreamento e a mensuração de opiniões. No Twitter, não. Em 10 minutos conseguimos medir um estrago na imagem, o crescimento de uma candidatura, o nascimento de uma estrela ou o cancelamento de outra. É, portanto, uma rede friendly para análises comportamentais.
Em 2022, o ano do ódio, seremos impactados por milhões de mensagens destrutivas, raiva, negatividade, denúncias, uma sopa de veneno. Mas o Twitter estará ali, como uma espécie de árbitro para o pior do pior da internet.