Marques: Quem votou em Bolsonaro em 2018 votará em Lula agora? Há controvérsias

Para Marques, o Brasil que surgirá das eleições em outubro, sendo Lula, Bolsonaro, Ciro, Moro ou qualquer outro, estará eivado em ódio e trapaça

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Jair Bolsonaro vai lançar a sua candidatura à reeleição no Maracanãzinho, em julho/ Foto: Alan Santos(PR)

Imagine você o seguinte cenário: em outubro de 2022 está confirmada a polarização entre Lula e Bolsonaro. A pergunta que se faz é: daqui a alguns meses, o eleitor que votou em Bolsonaro em 2018 contra o PT e se decepcionou profundamente com o presidente votará em Lula? Se as variáveis que fizeram Bolsonaro vencer quatro anos atrás estiverem perfeitamente visíveis ao olhar da classe média é muito provável que não. Porque pesquisa não é voto.

Em 2018, o eleitor votou contra o PT porque o partido de Lula assaltou o Brasil: desviou bilhões de dólares das estatais, viu seu líder maior ser preso com centenas de provas de propinas de empreiteiros para palestras, sítio, triplex e outras jogadas patrimonialistas; a economia estava pior com Dilma até do que nosso atual momento pandêmico e o Brasil, pela primeira vez em sua história, estava sendo passado a limpo com os heróis da Lava-Jato.

Como o PT enfrentará essas verdades absolutas? Com mentiras, claro, uma especialidade da esquerda: Lula se dirá inocente com o cancelamento de algumas ações criminais arquivadas por prescrição ou erros técnicos levados a ferro e fogo pelo STF. A economia em frangalhos de Dilma receberá o devido tratamento retórico, afinal o dólar nunca foi tão alto como agora, o preço dos combustíveis é escorchante, não dá mais para levar aquela picanha forrada para casa e muito menos empurrar a família para a Disney. Com o discurso certo e certeiro, Lula de fato pode subverter o jogo.

Entretanto, as defesas da esquerda, o progressismo escalafobético, o politicamente correto absurdo e inclassificável, tudo isso reaparecerá no momento certo, aliado aos malfeitos conhecidos. Tudo pode mudar.

E como explicar as pesquisas de intenção de voto, que põem Lula de 15 a 20 pontos na frente de Bolsonaro? Estão erradas? Possivelmente não. Mas uma coisa é você pegar o sujeito na rua, com pressa, e ele expurgar seu momento atual de raiva e decepção, deslocando seu desejo de voto ao inimigo maior de seu novo desafeto, Bolsonaro. Outra coisa é em outubro, munido de todas as informações que terá para decidir, com calma, à frente da urna, apertar o botão que mais lhe convier. Pode esquecer quem pensa que as eleições presidenciais serão molezinha para a esquerda. Será voto a voto.

Como estão os jogadores para essa partida decisiva? Lembremos que Lula tem 76 anos, não é mais aquele sindicalista ativo com gana de vencer, o raciocínio já não é tão rápido; ajuda o petista o fato de Bolsonaro não ter aprendido absolutamente nada na presidência. O discurso ainda parece o de um grêmio estudantil: faltam-lhe humildade, discernimento, coerência, lógica e serenidade para debater as questões do país. Decerto veremos um político raivoso, aos palavrões, acuado e com os mesmos argumentos de sempre: O Brasil vai virar Venezuela, o PT roubou o país, identidade de gênero etc. Porém não se pode esquecer de uma coisa. O governo Bolsonaro é melhor do que Bolsonaro. E nas eleições terá muito a mostrar.

No meio disso tudo está o ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro, Sérgio Moro, subestimado pela classe política e pelos analistas de TV, que a bem da verdade não dominam o tema. Moro, em pesquisas qualitativas, está inteiro e forte. Se ali na frente haverá um encontro de projeções do eleitorado aí já é outra história. Estamos longe, muito longe das eleições, do momento da decisão do voto. Moro é um candidato em construção.

As pesquisas quantitativas de agora são nada menos do que tema para conversa de boteco. Elas não querem dizer absolutamente nada nesse momento. São cheiros. Cheirinhos. O aroma forte ainda não foi exalado e só o sentiremos quando todo o cenário, os candidatos, os apoios e as definições de bandeiras estiverem claros.

As certezas absolutas do que acontecerá em outubro são piadas. A história nos mostra que eleições não são vencidas na véspera. Ainda mais num país como o nosso, que detém uma suposta democracia, num suposto sistema de voto eletrônico eficiente e transparente e com supostos tutores da legalidade.

O Brasil que surgirá das eleições em outubro, sendo Lula, Bolsonaro, Ciro, Moro ou qualquer outro, estará eivado em ódio e trapaça. No fim das contas, o eleitorado decidirá pelo menos pior, caso se confirme a polarização entre Lula e Bolsonaro. Se alguém furar essa bolha, tomará na cabeça um rio de lama podre.

Porque o Brasil hoje é isso: um imenso esgoto, com eleições de dois em dois anos.

Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.

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9 COMENTÁRIOS

  1. Esse pessoal faz comentários infundado. No Brasil só existe 02 (dois) partidos, um que come e outro que quer comer. Acontece que todos os 02 (dois) estão comendo. Esses candidatos que estão aí, não tem um que preste. Entretanto existe um que representa a maioria do povo brasileiro. Um candidato competente, honesto, trabalhador, que na época, em que julgou o processo do mensalão no STF, condenou os envolvidos, sem muito alarde. Chama-se o ex-Ministro JOAQUIM BARBOSA. Na época JOAQUIM BARBOSA teve 10% por cento da intenção de votos, para ser presidente. O ex-Ministro JOAQUIM BARBOSA está livre, sem partido. Apesar dele negar que tenha interesse em sair candidato, no seu coração ele mantém ainda, a vontade de sair candidato a presidente. Qualquer partido que no momento, não tenha candidato a presidente, poderá fazer o convite a ele, para que saia candidato e pronto. O povo de cor, que é maioria no Brasil, bem que poderia apoia-lo.

  2. Acho engraçado que por onde o presidente passa, no país todo, tem uma recepção que chega à dar inveja rsrs… se fosse por pesquisa, Bolsonaro não teria sido eleito em 2018 ou estou errado?!? Inclusive, pelas pesquisas, o ex governador e presidiário Witzel, não teria sido eleito ou se esqueceu dos 2% das pesquisas e quase foi eleito em primeiro turno?!?

  3. Concordo com a lúcida análise do momento atual do Brasil, assim como das principais características que vêm “cavando o fundo do poço” no qual nos lançamos a cada dois anos!

  4. Excelente artigo!!!
    Aborda todas as verdades deste governo e os anteriores. É necessário reforçar que o presente é resultado do passado. Aplausos para a operação Lava a Jato!
    julio Sergio dos Mares Guia,Msc.

  5. Falou, falou, falou e não disse nada.

    Lula ladrão, Bolsonaro inepto, Moro o salvador da pátria.

    Urnas eletrônicas fraudas (só assim pro Moro ou qualquer outro politico neoliberal ganhar votos, vide Alckmin, Aécio e afins).

    Lava Jato = heróis e paladinos do justiçamento.

    Não tá dando uma grama esse 1kg essa opinião.

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