Marroni Alves: Carnaval não se vence no barracão e título também se perde na Sapucaí

Carnavais campeões já passaram pela Marquês de Sapucaí, tiveram gritos de campeã, mas só ficaram na história.

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Quem acompanha Carnaval há anos, sabe que há uma tremenda expectativa sob algumas escolas de samba. Pesa o fator bandeira, torcida, clamor popular de suas comunidades e a rivalidade, que considero eu, maior que a esportiva.


A última campeã do Carnaval, a Unidos do Viradouro, desponta como favorita ao bicampeonato inédito. O samba é bonito, doce, leve e cantado por Zé Paulo, fica uma maravilha de viver apertando o bis.


A Grande Rio, parece que com a dupla Bora e Haddad, encontrou seu ritmo e pegada. Com as benções de Joãozinho da Gomeia, seguirá na pegada das religiões matrizes africanas e trará às sete chaves de Exu. Um dos melhores enredos, sambas, bateria e carnavalescos que o grupo especial tem.


Portela, Mangueira, Salgueiro, Beija-Flor, Mocidade e Vila Isabel com seus pesados pavilhões são sempre esperadas e criam expectativas de surpresas ao público e jurados. São citadas em meio aos palpites entre as favoritas ao título. Tem muito quesito bom, forte, mas estão errando em outros há alguns carnavais. 


Na outra ponta tem a Tuiuti com Paulo Barros falando de África, a volta do acesso que deu o oxigênio que a rainha de Ramos, Imperatriz Leopoldinense precisava, a Unidos da Tijuca que tem um dos melhores sambas deste ano e a São Clemente que tenta fazer história, batendo recorde de permanência no Grupo Especial. 
A preto e amarelo da Zona Sul, irá homenagear o humorista Paulo Gustavo, mas o fator bandeira, infelizmente conta e a concorrência não está fácil. Detalhe é que a São Clemente, já deveria ter retornado em desfiles das campeãs em carnavais anteriores. 

Mas não é bom subestimar escolas de samba pelo peso da bandeira ou pelo resultado do Carnaval anterior.

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Desfile protesto da Paraíso do Tuiuti foi o grande campeão do Carnaval de 2018, mas quem levou o título foi a Beija-Flor. Foto: Uol

Carnavais campeões já passaram pela Marquês de Sapucaí, tiveram gritos de campeã e de fato foram as campeãs do público e do sofá, mas só ficaram na história. 

Só para lembrar: alguém consegue explicar o não título de 2007 do Salgueiro com “Candaces”?; E a Tuiuti (2018)? Também lembro da Unidos da Tijuca com “O Sonho da criação” (2004); Portela com “Gosto que me enrosco” (1995); A Mocidade com “Villa-Lobos” (1999); e a Beija-Flor com “A Saga de Agotimê” (2001).
E a Viradouro com Orfeu (1998) e o refrão “tristeza não tem fim / felicidade sim / Sou Viradouro, sou paixão”. Apoteótico, mas terminou em quinto lugar. Isso só para levantar campeãs que passaram e não levaram.


Mas já tivemos campeãs que levantaram o caneco, mas não mereceram. Pra citar dois recentes, lembro o “Acelera, Tijuca” de 2014 e 2011 com a Beija-Flor cantando o “rei Roberto Carlos”, esse título só ganha do Boni (2017). 

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Portela 2005, protagonista de um dos maiores vexames da história do Carnaval. Abre-alas mutilado e velha guarda impedida de desfilar. Foto: Jornal O Globo


E a Sapucaí também nos trás surpresas. Em 2006, quem diria que a Vila Isabel venceria um ano após ter vindo do Acesso cantando “Soy Loco por ti América”? Que a Portela não cairia e sim sua filha, a Tradição em 2005, que injustamente não voltou nas campeãs em 2001, com a homenagem a Silvio Santos. 

E o rebaixamento injusto da Estácio de Sá em 2016 e em 2020? Ah, em 2020 tinha escola muito pior para descer junto com a União da Ilha. Outra que foi rebaixada injustamente foi o Império da Tijuca com seu “Vai Tremer / O chão vai tremer” de 2014. Depois desse rebaixamento, não duvido de mais nada!


Assim como no futebol, treino é treino e jogo é jogo. Favoritismo não faz campeã de Carnaval. Na Avenida, também se perde Carnaval que estava “ganho” no barracão. 

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Cidadão Baixada. Filho, neto e bisneto de pernambucanos é caxiense, portelense, tricolor, professor de História e Jornalista. É pesquisador na área da pessoa com deficiência, voluntário do Lions Clube Xérem e no Pré-Vestibular Comunitário da Educafro.

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