Há tempos temos acompanhado notícias nada abonadoras sobre o mercado de escritórios comerciais do Rio de Janeiro. Em Julho, pesquisa realizada pela Sergio Castro Imóveis, maior empresa de imóveis comerciais da cidade, havia demonstrado que quase 45% dos escritórios da cidade estavam vazios, à espera de comprador ou inquilino. Naquele mesmo mês, a pesquisa da Sergio Castro detectou aumento na negociação de lojas comerciais térreas com frente de rua, mas o mercado de salas e grupos comerciais e corporativos estava parado.
Agora quem divulgou dados diferentes e mais animadores pra este mercado foi pesquisa First Look, realizada pela consultoria internacional de imóveis comerciais JLL. Embora focada apenas nos imóveis de alto padrão, a JLL classificou o período do terceiro trimestre de 2018 como o que registrou “a melhor absorção líquida” dos últimos quatro anos.
Débora Costa, coordenadora de pesquisas da JLL afirmou que o mercado “apresenta uma retomada gradual de desenvolvimento” e revelou que, no apagar das luzes de 2018, os números serão positivos, ou seja, durante o ano, mais escritórios foram ocupados do que desocupados.
A pesquisa revelou que no terceiro trimestre o valor médio da locação de escritórios de alto padrão chegou a R$ 84/m2, ou seja, um escritório de 100 metros quadrados pode ser alugado por R$ 8.400,00 por mês. “É importante destacar que, apesar do aumento da ocupação de escritórios de alto padrão, a taxa de vacância não recuou. Isso porque os espaços entregues no período ainda estavam 100% vagos até o fechamento do trimestre”, explica Débora Costa.
Quase um quarto dos escritórios que foram alugados serão ocupados por empresas do setor de Óleo e Gás, que vem voltando a expandir-se nos últimos meses, até mesmo por força dos leilões do petróleo e do aumento do preço do barril de petróleo. Este setor é o maior ocupante de escritórios de alto padrão da cidade.
Segundo Rodolfo Rique, Coordenador Executivo da Sergio Castro, a empresa tem detectado grande crescimento na procura de imóveis corporativos de nível mais alto, mas vem encontrando ainda grande dificuldade na locação de imóveis mais antigos no Centro, assim como na locação de qualquer tipo de corporativo na Barra da Tijuca. “Nos nossos registros, a vacância de imóveis comerciais na Barra chega a 60%”. Todavia, a corretora concorda que os valores baixaram muito nos últimos anos. “Hoje os preços já se estabilizaram, mas a queda foi imensa; de uma média de R$ 130/m2 para R$80/m2”.
O setor está voltando a ficar aquecido e as empresas começam a buscar novos espaços, o que reflete no mercado de locação de escritórios de alto padrão
Eduardo Miyamoto, da JLL.
A empresa VABRAD, que tem sua matriz na Bélgica e que investe em escritórios comerciais no Rio de Janeiro desde 2011, acaba de realizar obras vultosas em dois de seus empreendimentos. O Edifício Palácio Vigia, na Rua da Quitanda, 80, um centro empresarial compacto com cerca de 5.000m2, elevador panorâmico, ar condicionado inteligente e fachada curva que chama atenção de quem circula naquela estreita rua, está recebendo os últimos ajustes, para ser recolocado no mercado.
Investindo também no mercado dos prédios mais simples, a VABRAD está terminando o retrofit do Edifício Flandres, na Rua Teófilo Otoni 123, com portaria em mármore travertino romano e imponente fachada clássica. O Flandres tem 3.000m2 e estacionamento.
Segundo Gideon Levanon, um dos diretores da Vabrad no Rio de Janeiro, ambos os empreendimentos “estão sendo colocados no mercado em perfeito estado, com o intuito de atender aquelas empresas que precisam de um edifício monousuário em perfeito estado ou mesmo que precisem ocupar um espaço bacana e moderno, sem gastar o mesmo valor que têm sido cobrado pelos edifícios mais novos e muito altos”.
Rique, da Sergio Castro Imóveis, afirma que tem recebido grande procura de prédios comerciais de Universidades e Faculdades, que têm pretendido instalar-se no Centro do Rio suprindo o que chama de “vácuo das universidades que andaram fechando as portas por depender demais do FIES”.
Outra grande tendência é o início da ocupação das torres de escritório do Porto Maravilha. Empresas como a Granado, mudaram-se para o local, assim como a L’oreal, e outras, começam a seguir este caminho, em busca de edifícios mais modernos e luxuosos, mas com o preço favorável causado pela crise pela qual passa o Rio.
Maravilha de reportagem. Parabéns.