O Teatro João Caetano, no Centro do Rio de Janeiro, ganha novas cores até dezembro. O local é decorado com dois painéis do pintor Emiliano Di Cavalcanti, um dos mais importantes artistas do modernismo no Brasil, e a restauração das peças está em fase final e serão entregues no fim do ano.
As obras “Samba” e “Carnaval” são consideradas os primeiros murais modernistas brasileiros e a ação tem como objetivo restaurar as cores originais do marco artístico.
Edson Motta Júnior, professor da Escola de Belas-Artes da UFRJ e quem lidera o time de restauradores, conta, ao G1, que o trabalho vai deixar as obras com a aparência mais próxima possível do tempo da pintura, entre os anos de 1929 e 1930.
“Encontramos os painéis bastante deteriorados, com lacunas de perda de tinta durante os anos. Ao longo do tempo, os painéis sofreram muitos danos. E, aos pouquinhos, eles foram perdendo lacunas de tinta. Algumas foram restauradas e nem sempre elas foram perfeitas. E são 80, 90 anos de sujeira, pois elas estão em um centro urbano. O restauro se resumiu à consolidação da tinta e a limpeza da pintura”, disse Júnior.
Além do professor, a equipe contou com dez restauradores, quatro estagiários e a colaboração de três professores especializados em análises de obras de arte.
As pinturas estão localizadas no segundo piso do teatro e têm 5,5 metros de altura por 4,5 de largura sobre argamassa, em superfície total de 49,75 metros quadrados.
História
As pinturas foram inauguradas no começo dos anos 1930 e o trabalho foi produzido com tintas a óleo e usando uma temática popular em um tempo em que o Brasil se enxergava de outra maneira. O trabalho também valoriza o povo e as manifestações dele na arte.
“Se você olhar os painéis, não tem uma pessoa de raça branca. São pessoas miscigenadas, não brancas. Isso, em um Rio de Janeiro que pretendia ser europeu, era muito avançado montar um painel que fosse de temática popular, como é ‘Carnaval’ e ‘Samba’”, disse o professor Edson Motta ao G1.
Os recursos usados na restauração das obras são da Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro (Funarj), que mantém o Teatro João Caetano.