No Festival do Rio, longa japonês “Love Life” explora simplicidade e profundidade de família após tragédia

Dirigido por Kôji Fukada (Harmonium e The Real Thing), o filme esteve entre os indicados ao Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza de 2022

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Dê um roteiro sobre o cotidiano a um cineasta japonês e ele lhe dará uma obra de te deixar de queixo caído e aos prantos. Não gosto de generalizar tanto, mas foi isso que o diretor Kôji Fukada fez no longa japonês “Love Life”, em cartaz no Festival do Rio que vai até o dia 16 de outubro. Mas nesse caso, o roteiro é do próprio Kôji Fukada. 

O filme traz a história do casal Taeko (Fumino Kimura) e Jiro (Kento Nagayama), que vivem uma vida feliz e tranquila de recém-casados. Os dois criam juntos o filho de Taeko, de outro casamento, o que não é bem visto pelos pais de Jiro. As coisas mudam quando uma tragédia vem à tona na família e traz de volta o pai surdo e sem-teto desaparecido da criança, fazendo com que convivam novamente. 

Apesar da “tragédia”, o filme não traz nada além de uma vida cotidiana de uma família que comete erros e acertos. Uma família formada por pessoas com profundos sentimentos, regadas a sorrisos e lágrimas totalmente compreensíveis. A narrativa do filme dá seus primeiros passos caminhando pelo sentimento da parceria, dá algumas voltas em torno do abandono e da solidão, em um certo ponto gera dúvidas e desespero e por fim deixa suas pitadas de acolhimento. 

Ao longo de duas horas, a fotografia de Hideo Yamamoto nos faz contemplar a arte de ser simples. Para quem gosta de um bom plano sequência – aquelas cenas sem nenhum tipo de corte – é um filme para se admirar. Além também dos toques de cinema independente, trazendo cenas nas quais os personagens são exibidos por meio de reflexos. 

A direção de arte, por sua vez, nos apresenta objetos desde o início que não são desperdiçados. É importante prestar atenção aos detalhes, pois a todo momento eles são recuperados para narrativa, mesmo que dependam de uma força da natureza para que não sejam esquecidos. Isso traz um simbolismo muito grande, e para quem tem apego emocional com bens, pode ser algo muito emocionante. 

Mais uma vez, sem querer generalizar, a cada vez que assisto a um drama japonês tenho mais certeza de que a simplicidade e a profundidade fazem parte intrinsecamente da cultura japonesa. Recomendo fortemente “Love Life” como um filme família, e ao mesmo tempo um filme solitário. É uma obra que vale a pena ser assistida. 

O filme fez parte da seleção oficial do Festival de Cinema de Veneza de 2022, e terá mais duas exibições no Festival do Rio. No dia 9 de outubro (domingo), às 21h15 na sala 2 do Estação NET Gávea, e no dia 12 de outubro (quarta-feira) às 16h30 na sala 1 do Estação Net Botafogo. 

A programação completa, informações e horários sobre as mostras competitivas e exibições estão disponíveis no site do Festival do Rio. O evento vai até o dia 16 de outubro com exibições espalhadas por cinemas da capital, Niterói e com sessões ao ar livre na praia.

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Jornalista, produtora e apresentadora do podcast cineaspectos. Como amante do cinema, ficou imersa em roteiros fantásticos, conheceu a beleza dos filmes de máfia e os incompreendidos dramas europeus. Sara adora desbravar a singularidade do cinema brasileiro, e acompanha de perto os principais festivais e mostras ao redor do mundo.

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