A retomada das atividades presenciais tem sido uma tendência crescente entre as principais empresas do Rio e, agora, se expandindo para grandes corporações nacionais. Um exemplo disso é a mineradora Vale, que, a partir de 2025, estabelecerá como obrigatória a presença de seus funcionários no escritório ao menos três vezes por semana. A medida foi comunicada recentemente pela nova diretoria da empresa, que justificou a decisão como um “resultado de uma avaliação permanente e da busca por excelência”.
Durante a pandemia, a Vale adotou o home office como medida de adaptação, e esse regime foi mantido mesmo após o fim das restrições sanitárias. Porém, com a mudança de postura da empresa, a sede da mineradora na Torre Oscar Niemeyer, na Praia de Botafogo, voltará a ser o local central de trabalho para seus colaboradores.
Há poucos meses, a gigante Amazon comunicou aos seus colaboradores que, a partir de 2 de janeiro de 2025, todos os trabalhadores da empresa também passarão a trabalhar cinco dias por semana presencialmente. A posição da companhia norte-americana, assim como a da Vale, é a mesma de diversas outras grandes empresas pelo mundo, entre elas: UPS, Boeing, J.P. Morgan, Goldman Sachs, Google, Tesla, Xe Disney, que já acabaram com o home office como modelo de trabalho.
Retorno Gradual
No decurso de 2024, muitas instituições já anunciaram a volta ao presencial, inclusive as empresas de tecnologia e internet, como é o caso da Amazon – que se adaptaram rapidamente à lógica do coronavírus, mas já retornaram ao normal. Especialistas, no entanto, mostram que esse retorno tem gerado a esperada resistência em muitos trabalhadores. “Ninguém quer controle, ninguém quer abrir mão do que considera um benefício. Mas quem paga o salário quer produtividade e entrega pessoal. É óbvio que ninguém quer devolver prêmio de loteria”, explica – pedindo anonimato – a diretora de RH de uma grande empresa do setor de Óleo e Gás no Rio.
O movimento de reabertura dos escritórios não é, assim, uma particularidade da Vale, mas sim parte de uma tendência global. De acordo com a WFH Research, grupo ligado à Universidade Stanford, a média global de home office foi de 1,5 dia por semana entre 2021 e 2022. No Brasil, esse número era ligeiramente maior, com 1,7 dias de trabalho remoto. No entanto, uma nova pesquisa realizada em 2023 apontou uma diminuição significativa desse tempo. Globalmente, a média caiu para 0,9 dias semanais, e o Brasil seguiu a mesma direção, com uma queda de quase 50% no tempo dedicado ao teletrabalho.
Esse movimento foi reforçado por uma pesquisa da Infojobs, realizada em janeiro de 2023, que analisou 7.010 vagas de emprego. Os dados apontaram que 94,8% dos trabalhos eram presenciais, 2,7% eram totalmente remotos e apenas 2,48% eram híbridos. A tendência é clara: as empresas estão cada vez mais priorizando o retorno dos funcionários aos escritórios, refletindo uma mudança de paradigma no mercado de trabalho pós-pandemia.
Saga do Diário do Rio contra o home office. Episódio 382888, temporada 992 – Caso Vale.