Nenhum lugar do país atrai tanto os holofotes do alto luxo imobiliário quanto o bairro do Leblon. Neste pedaço de terra entre o Morro Dois Irmãos e o Jardim de Alah, cada espaço livre é um diamante para o mercado imobiliário. O endereço protagonista é uma faixa de 1200 metros que abriga os imóveis mais cobiçados da América Latina. A Delfim Moreira, via que margeia a praia, foi projetada no início do século XX, quando o Leblon ainda era um imenso areal entre a Lagoa e o mar. Mal se podia imaginar que dali cresceria um fenômeno das construtoras.
Ao todo, são 62 imóveis na avenida. Recentemente, ela ganhou mais um exemplar do alto luxo com a conclusão das obras do Tom Delfim Moreira, que ergueu seu empreendimento na última casa disponível na orla mais desejada do país. O valor de R$ 42 milhões pela cobertura duplex do prédio viralizou nas redes sociais, levantando questionamentos sobre o que torna tão valorizado viver no Leblon.
Entre os terrenos da praia, os remanescentes dos pequenos prédios das décadas de 40 e 50 continuam no radar das empresas de construção. É aí que a Safira se encaixa, assumindo a responsabilidade, em parceria com a Balassiano Engenharia, pela transformação do antigo Edifício Delfim Moreira, localizado no número 120 da orla, no mais novo residencial de alto padrão do mais cobiçado bairro do Rio. O DIÁRIO DO RIO conversou com exclusividade com a construtora Safira, uma das responsáveis pelo novo empreendimento milionário.
Construída em 1943, a modesta estrutura do Edifício Delfim Moreira, composta por apenas seis apartamentos distribuídos em três andares, anteriormente abrigava um escritório de advocacia. Desde junho, a estrutura aguarda sua demolição para dar lugar a um novo prédio que promete elevar ainda mais o padrão de luxo no bairro. A aquisição do terreno aconteceu por meio de permuta, que poderia ser avaliada em até R$ 140 milhões, segundo especialistas.
O novo empreendimento, que ainda não possui projeto finalizado, deve impressionar pela sua grandiosidade e pela atenção aos detalhes. Serão sete apartamentos espaçosos, um por andar, cada um com generosos 335 metros quadrados de área privativa. O Valor Geral de Vendas (VGV) estimado atinge a marca impressionante de R$ 260 milhões. Diferenciais como guarita blindada, piscina com raia, sauna e academia estarão localizados na área térrea do edifício, proporcionando conforto e comodidade aos futuros moradores. Além disso, um estacionamento subterrâneo será construído para atender todas as unidades. Já em relação à fachada, pode-se esperar algo mais neutro e sofisticado, sem muitos adornos no projeto. Segundo a construtora, as unidades do novo edifício poderão alcançar valores de até R$ 32 milhões, com previsão de início das obras em breve e entrega estimada em 30 meses.
A escolha estratégica do Leblon como localização não é por acaso. A Safira compara a região à importância do Central Park em Nova York, destacando a valorização e a exclusividade únicas oferecidas pelo bairro. Localizado em um ponto privilegiado da orla, as unidades terão vistas deslumbrantes para o Morro Dois Irmãos e, devido à localização do prédio adjacente, que é centro de terreno, também terão vistas parciais da Avenida Afrânio de Melo Franco.
“O Leblon é um pequeno tesouro entre o mar, as montanhas e a Lagoa Rodrigo de Freitas. A possibilidade de oferta é praticamente nula, exceto pela prática conhecida como ‘rebuilding’, na qual apartamentos antigos são comprados, demolidos e substituídos por novos. A valorização também se deve à segurança, sendo um dos bairros mais seguros do Rio de Janeiro. Além disso, conta com um comércio sofisticado e dois shoppings, o que já é um diferencial na Zona Sul”, destaca o especialista do segmento imobiliário premium e diretor da divisão ouro da Sérgio Castro Imóveis, Paulo César Ximenes.
“O metro quadrado dos imóveis na orla varia entre R$ 70 mil e R$ 90 mil”, acrescenta Ximenes.
Nova identidade do bairro
A chegada do projeto ainda é polêmica em alguns aspectos. A demolição do prédio da década de 40 é uma notícia difícil de ser encarada pelos apaixonados pela arquitetura antiga. Apesar de ser um edifício simples e sem grande importância arquitetônica para o bairro, Rafael Bokor, proprietário da página Rio Casa e Prédios Antigos, vê com tristeza mais uma demolição na área: “Em 2020, o Leblon perdeu sua última casa da orla e agora, quatro anos depois, está prestes a ver seu prédio mais antigo ser demolido. Pouco a pouco, a orla do bairro mais valorizado do Rio vai perdendo sua identidade. É uma pena para os admiradores da arquitetura antiga e para os moradores e frequentadores do bairro, que viam nessas construções com décadas de histórias um álbum de memórias.”
Vale destacar que o bairro vem atraindo o interesse de investidores do mercado corporativo. Recentemente, alguns têm apelidado o Leblon de “Faria Lima carioca”, devido à quantidade de empresas do mercado financeiro que optam por lajes corporativas de alto padrão para sediar seus escritórios. Alguns dos antigos prédios comerciais estão passando por revitalizações significativas para atrair esses investidores. Um exemplo é o Shopping Rio Design Leblon, que está planejando um retrofit em sua fachada para se tornar uma referência e receber novas empresas em sua torre comercial.