Eram 20h30 quando a Paraíso do Tuiuti apontava no setor 1 para começar sua apresentação. Após pegar uma forte chuva ainda na concentração, a escola entrou com garra e com seus componentes animados.
A comissão de frente comandada por Claudia Motta e Edifranc Alves veio com um grande corpo de bailarinos muito bem coreografados que cumpriram sua função: apresentar a escola. O Casal de Mestre-Sala e Porta Bandeira Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane na sequência também mostrou química, com passos marcados e encontrados.
A escola cantou bem ao longo de toda a Sapucaí, principalmente nos versos “Glória aos humildes pescadores” e “Salve o Almirante Negro”. O intérprete Pixulé se mostrou animado em seu primeiro ano à frente da Tuiuti e sua volta ao grupo especial depois de 10 anos: “Está sendo um momento maravilhoso, estou feliz para caramba. Olha o Paraiso vindo aí, obrigado pelo carinho de todos do carnaval, a torcida, a comunidade. O quilombo do samba vai mostrar seu trabalho.”
Passavam das 22h quando o Salgueiro conseguiu, enfim, começar seu ensaio. Devido a alguns problemas técnicos no carro de som, a escola iniciou sob uma forte chuva que em nada abalou os desfilantes.
O samba e evolução foram as grandes marcas do ensaio. A torcida da noite cantou forte o refrão “Ya temí xoa, aê-êa” junto dos componentes. Para o intérprete Emerson Dias o samba tem uma importância a mais: “É um dos sambas mais esperados de 2024, e temos que mostrar porque ele é um dos mais esperados. É uma mensagem muito pertinente que o Salgueiro vai passar na avenida, não só aos povos originários, mas aos seres humanos”
A comissão de frente de Patrick Carvalho trouxe indígenas que ao final de sua apresentação deixavam uma mensagem: não nos matem. Já o Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira Sidcley Santos e Marcella Alves mostraram porque são um dos melhores casais do grupo especial. Numa apresentação limpa, a coreografia não pareceria ser coreografia de tão orgânica que era.
O carnavalesco Edson Pereira ressaltou a importância do enredo: “Hoje faz exatamente um ano do estado de emergência dos Povos Yanomami. Precisamos lembrar que isso aqui tudo é uma festa, mas não é somente sobre isso. A gente precisa entender o quão importante são os povos originários. O que estamos fazendo não é só enredo, é um manifesto, não só para o país, mas para o mundo entender a importância de tudo isso.”
Domingo que vem, dia 28/01 Portela e Unidos da Tijuca se apresentam na Sapucaí a partir das 19h e a entrada é gratuita.
Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.