A Veja Rio traz uma matéria sobre o livro “Crônicas Inéditas”, com crônicas do poeta Manuel Bandeira (que sempre quis ir à Pasárgada). Nesta coletânea de crônicas de Bandeira, pode se ler crônicas sobre as ruas do Centro do Rio, da Rio Branco e até do primeiro filme falado no Rio de Janeiro.
Até sobre mosquito há crônica:
A companhia que explora o serviço telefônico no Rio, não sei se de moto-próprio ou por sugestão do Rotary Club ou da Grande Comissão de Fuss Anti-Amarílico, resolveu complicar a situação dos seus assinantes fazendo as telefonistas dizerem ‘Guerra ao mosquito!’ antes do clássico ‘Número, faz favor?’.
De sorte que agora travam-se os seguintes diálogos:
– Guerra ao mosquito! Número, faz favor?
– Guerra ao mosquito, Central sim, dois, um, nove.
– Guerra ao mosquito…
– Já matei dois!
– Número, faz favor?
O pior é quando no meio da conversa comum cortam a ligação, e o assinante pára de falar, grita alô, bate no gancho, espera, desespera e no fim de cinco minutos e de três estouros, a vozinha inalterável, polida, angélica da telefonista enfim acode:
– Guerra ao mosquito, número faz favor?
E o assinante:
– Guerra a coisa nenhuma! Guerra a você, à Light e aos imbecis que pensam acabar com a febre amarela amolando a paciência dos outros!
Sobre o primeiro filme falado em um cinema carioca:
O Palácio Teatro, a maior sala de teatro do Rio, esgotou diariamente as lotações com a exibição do primeiro ?lm falado que se levou no Rio. […] Antes da apresentação da ?ta ouviu-se um pequeno concerto de canto e um discurso do cônsul Sebastião Sampaio, ambos ?lmados e gravados pelo movietone. Por esse aparelho maravilhoso a sincronização da voz e da imagem é perfeita. Tem-se a ilusão absoluta de que o som sai da boca. Já ouvi falar o senhor Sebastião Sampaio em carne e osso. O que ouvi no cinema é bem ele e até mais ele. Não há dúvida que no futuro, professores e conferencistas falarão sobretudo para o movietone. Poderemos ouvir de qualquer cidadezinha do interior um curso de Einstein, uma ópera em Milão, uma tourada em Madri, uma luta de box em Nova York.”
Deve ser um daqueles livros deliciosos de ler…
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