Bem que disseram que a delação da Odebrecht seria a delação do fim do mundo, como aquela música do Bezerra da Silva “Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão“. Pois de acordo com a delação do diretor de Infraestrutura da Odebrecht no Rio, Leandro Andrade Azevedo, chegou a hora do Nervosinho, como era conhecido o prefeito do Rio Eduardo Paes (PMDB). Não é a semana dele mesmo, ontem foram bloqueados seus bens pelo Judiciário.
Matéria do Radar/Veja diz que anexo apresentado por Azevedo detalha como a empreiteira abasteceu o caixa 2 da campanha de Paes à reeleição, em 2012. A empresa teria desembolsado R$ 11,6 milhões e US$ 5,7 milhões, não declarados. Parte do dinheiro foi entregue em espécie no endereço da agência Prole, no Rio, e o restante, em contas no exterior indicadas pela mesma empresa de publicidade, que prestava serviços à campanha.
“O propósito para os pagamentos feitos, como detalhado no tópico inicial deste relato, era manter o acesso privilegiado da companhia a agenda de Eduardo Paes, permitindo que pudéssemos tratar diretamente com ele, sem burocracia ou qualquer dificuldade, sobre atrasos de pagamentos ou qualquer problema na execução de nossos contratos”.
Azevedo contou que os valores eram acertados por outro diretor da Odebrecht, Bendicto Junior, diretamente com o prefeito. Na etapa seguinte, cabia a Azevedo negociar as formas e a periodicidade dos repasses. Segundo ele, esses detalhes da negociata eram tratados com o homem forte de Paes, o deputado federal Pedro Paulo, esse mesmo, o que acabou de perder a eleição para prefeito do Rio.
Conforme as informações prestadas por Azevedo, Pedro Paulo, então coordenador da campanha do prefeito, deixou claro que o dinheiro deveria sair da Odebrecht para as mãos de Renato Pereira, o dono da Prole.Ao menos uma das reunião ocorreu no endereço oficial da prefeitura, em Botafogo, Zona Sul do Rio.
“Em reunião realizada no Palácio da Cidade, situado na Rua São Clemente, Botafogo, Rio de Janeiro/RJ, Pedro Paulo orientou-me a efetuar pagamentos a Renato Pereira da agência de publicidade Prole responsável pela campanha de todo o PMDB no Rio de Janeiro”.
Na ocasião, o delator teve uma surpresa. “Eu questionei a Pedro Paulo como eu combinaria os pagamentos com Renato Pereira, quando então ele me disse que Renato estava do lado de fora da sala e entraria na sequência para tratar deste assunto. Combinei com Renato que os pagamentos seriam feitos via entregas semanais/quinzenais de dinheiro na[…] na Urca”.
A grana enviada para fora do país tinha como endereços uma conta em Bahamas e outra na Suíça