O Centro do Rio está voltando, contrariando impressões negativas de muitos que deixaram a região nos últimos anos. Com o final da pandemia, a evolução para o trabalho híbrido e os esforços da Prefeitura, somados à mobilização inédita do setor privado, o Centro volta a apontar para o futuro. Com o Programa Reviver Centro, no desenvolvimento da ocupação residencial na área central, e a Aliança Centro, movimento do setor privado, inspirado em práticas internacionais, que mobiliza dezenas de condomínios corporativos para a melhoria do ambiente urbano em cooperação com a Prefeitura, já é possível se observar resultados.
No entanto, um novo paradigma de recuperação dessa área essencial da cidade pede um novo vetor, vital para se somar às iniciativas existentes: a ocupação do Centro por uma nova atividade econômica pujante promovendo sua efetiva revitalização econômica. Um segmento em especial tem grande potencial para alavancar a economia da Cidade e formar uma nova âncora econômica do Centro: Rio Capital da Geração de Energia Limpa e da Transição Energética do país, através da formação de um “cluster” de empresas do setor.
Esse é um segmento estratégico que pode conectar passado, presente e futuro da economia da cidade. Uma indústria de energia limpa representa uma aposta num futuro de relevância nacional e internacional que alavanca ativos da cidade, com perspectiva de crescimento por décadas, dentro do esforço planetário na questão das mudanças climáticas. Muitos fatores indicam a vocação natural da cidade para os setores de energia e sustentabilidade, entre eles, a presença histórica de grandes empresas de petróleo e energia, de centros de P&D, recursos humanos com formação no setor e, não custa lembrar, o simbolismo do papel da cidade ao sediar a Conferência Rio 92 da ONU.
Como Capital da Energia Limpa e da Transição Energética, buscar-se-ia fortalecer na Cidade um ecossistema abrangente de empresas de energia, incluindo a geração por fontes renováveis, gás natural, hidrelétrica, hidrogênio verde, projetos de descarbonização, bem como mineradoras de produtos para a economia de baixo carbono como lítio, cobalto, terras raras etc.
O fortalecimento desse ecossistema envolveria o adensamento da cadeia de energia limpa e transição energética com empresas especializadas de engenharia e projetos, investimentos, consultorias, advogados, aceleradoras, startups, tecnologia e prestadores de serviço de suporte à indústria. O esforço iria além de atrair empresas e seria orientado a promover o desenvolvimento de investimentos no setor, inovações tecnológicas, projetos de capital e novas empresas, articulando os diversos atores entre si, evoluindo para um “cluster” da economia de transição para energia limpa. Com essa tendência, o Rio passaria a exercer forte poder de atração de novos atores para a cidade pelas oportunidades de negócios que seriam proporcionadas.
Um “cluster” de energia limpa no Rio envolve também a articulação estreita com centros de pesquisas situados na cidade, como os localizados na Ilha do Fundão e na PUC-Rio. Sua expansão poderia potencializar atores estratégicos no Estado como o Complexo do Açu, levando empresas de geração de energia e a instalação de um parque de fabricantes de componentes para setores como hidrogênio verde.
Reconhecendo que uma nova atividade econômica de peso tem potencial de recuperar a pujança econômica do Centro do Rio, essa tendência representa uma oportunidade excepcional de revitalização econômica do Centro, incluindo a região portuária, revertendo o esvaziamento e ocupando a capacidade ociosa de imóveis na região.
Com a presença atual das sedes de grandes empresas e organizações dos setores de petróleo e energia, o Centro do Rio já representa uma localização natural para empresas do setor. Nesse contexto, o Centro pode se posicionar como o epicentro do novo “cluster” de energia limpa, concentrando sedes das novas empresas, estabelecendo o principal mercado de créditos de carbono do país e prestadores de serviços especializados para atendimento às áreas corporativas das empresas. Projetos e operações de energia limpa estariam espalhados pelo país, mas os núcleos decisórios estariam no Centro do Rio, configurando uma nova realidade econômica e a geração de novos empregos.
Além da presença de atores vitais da indústria, o Centro possui inúmeras vantagens a oferecer para esse projeto: ampla oferta de espaços corporativos de qualidade, plena acessibilidade via metrô, ônibus e linhas de VLT que integram o eixo central da Av. Rio Branco com a região portuária e o aeroporto Santos Dumont, e a proximidade dos centros de pesquisas. A região é um dos mais belos e icônicos centros de capitais do país, que mantém forte vitalidade, ampla oferta de comércio e serviços, e é entremeada com patrimônio histórico e cultural.
Uma transformação dessa escala não ocorrerá espontaneamente na velocidade necessária. Ela precisa ser construída a partir da liderança do setor empresarial em estreita cooperação com o poder público. Por sua dimensão, esse projeto precisa ser orientado por estudo profissional, baseado em experiências similares de sucesso, que resulte num planejamento de ações estratégicas e execução por meio de um esforço organizado voltado para esse objetivo. Com as vantagens comparativas da região, um conjunto de incentivos competitivos e a devida mobilização, ele pode ser viabilizado.
Um novo Centro do Rio, vibrante e referência na economia nacional! Parece um sonho, mas é plenamente possível e precisa ser feito antes que outras cidades o façam. O Centro do Rio não pode esperar para construir uma nova âncora econômica, fortalecer sua revitalização e contribuir para a cidade e para o país!
Orlando Lima é consultor empresarial e em sustentabilidade.
A adoção em massa do home office pra trabalhadores de escritório mudou pra sempre o centro do Rio.
Muito texto, pouca coisa entregue. Hoje 11/08 inclusive o GovFederal vai declarar na Cinelândia a largada do PAC 3.0. A pergunta que fica: O que será feito para o Rio? Dificil saber, não. Mas temos uma ideia do que pode surgir a partir do esvaziamento atual. Na mesma Cinelândia será exibido o filme “Retratos Fantasmas” onde é mostrado o atual estado do Centro de Recife. Vale a pena aos “defensores declarados” da cidade o assistir e não cometer os mesmos erros.
Não dá ideia, pois logo SP corre e vai querer fazer na frente…
Já foi dito, que texto muito grande e cansativo, mais tem gente que ainda não aprende